terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Capítulo 20

Demi
O outono passou rapidamente e quando surgiu a primeira neve em dezembro, meu coração tinha começado a curar, mas eu sabia que nunca ia esquecer Joe. Ou Madison. Eu ainda sentia falta deles terrivelmente, mas meu orgulho não me deixaria entrar em contato com ele. Ele fez sua escolha. Em alguns aspectos, era o mesmo padrão com que eu tinha crescido. Meu pai escolheu o trabalho em vez de mim e minha mãe demasiadas vezes para contar. Apenas que com o trabalho de Joe, a traição era muito mais devastadora.
Ao longo das últimas semanas, eu de alguma forma tinha caído na rotina de namorar ativamente com Peter. Talvez fosse porque ele era fácil de estar ao redor e aliviava a sensação de estar sozinha, ou talvez porque deixava a minha mãe tão ridiculamente feliz, mas seja qual for a razão, eu já estava saindo com ele várias vezes por semana. Ele tinha me levado para passear a cavalo e sair para almoços casuais e jantares extravagantes. Ele até chegou a jantar um domingo no clube por insistência de minha mãe.
Passei o feriado de Natal em Aspen com os meus pais, esquiando, comendo muito e visitando o spa. Foi um bom feriado, mas é claro, até lá, do outro lado do país, eu não conseguia manter meus pensamentos longe de Joe e Madison.
Especialmente depois que ele me enviou um cupcake com uma nota que afirmava que ele não me tinha esquecido e que sentia minha falta. Passei os primeiros dias em Aspen colada ao meu celular, certa de que ele ia ligar. Mas a chamada nunca veio.
Talvez os feriados e queda de neve o tinham feito sentimental, isso era tudo.
No entanto, eu me encontrei deitada na cama acordada à noite, me perguntando se eu deveria ter enviado a Mad um presente de natal, ou se eles tinham feito uma ceia de Natal. Por alguma razão, eu me sentia deprimida de pensar que os dois estariam sentados à mesa da cozinha fazendo uma pequena refeição com ovos mexidos e asas de frango. Eu me perguntei se eles gostariam de lagosta, que foi o que os meus pais e eu comemos. Não importava. Eu precisava tirá-los da minha cabeça. Quando voltasse de Aspen, eu iria jogar me de volta à minha rotina normal, inclusive vendo Peter novamente.
No meu primeiro sábado depois de Aspen, Peter havia providenciado para nós vermos uma matinê de O Quebra-Nozes e ele ia me pegar a qualquer minuto.
Eu estava vestida com uma camisa cor de vinho, uma calça cinza e minhas botas até os joelhos, deixando o meu cabelo solto em torno de meus ombros. Eu observava da janela da frente para a chegada do carro de Peter. Costumava ir ao encontro dele na calçada, pois preferia não ficar sozinha com ele no meu apartamento. Embora eu gostasse de passar tempo com ele, de jeito nenhum estava pronta para me aproximar do lado físico de novo, com ele ou com qualquer um.
Mas, até agora, Peter tinha sido muito paciente, contentando-se com beijos rápidos de boa noite em seu carro quando ele me deixava.
Eu deslizei no seu Lexus, e ele se inclinou sobre o console e me deu um beijo rápido no rosto.
— Você está bonita. Como foi em Aspen?
— Foi bom. Muito tempo nas pistas com o meu pai e muito tempo no spa com minha mãe.
Não acrescentei mais. Senti-me um pouco estranha ao falar com Peter sobre os meus pais desde que ele trabalhava para o meu pai, mas ele não pressionou para mais detalhes. Ele estava vestido com uma camisa de malha grossa, e eu não podia deixar de dar uma risadinha. Não era o tipo de coisa que um homem escolheria e tinha que ser um presente de Natal de sua mãe. Eu me recostei na cadeira e tentei relaxar, apenas aproveitar o dia. Eu ainda não tinha me acostumado ao cheiro de novo de seu carro. Sobrecarregava meus sentidos, como se estivesse bombeando-o através das aberturas de ventilação.
Nós dirigimos em silêncio em direção ao teatro, e eu me vi bocejando. As noites sem dormir durante as últimas semanas tinham me alcançado.
— Você se importa se nós pararmos para um café antes do show?
Ele olhou para o relógio em seu braço. — Se fizermos isso rápido, tudo bem.
Alguns minutos mais tarde, eu indiquei o sinal verde do café se aproximando na próxima saída.
Peter saiu da estrada e foi para o estacionamento, navegando para a pista drive-thru, que estava com congestionamento de candidatos à café.
Eu contei os carros à nossa frente. Sete.
— Droga.
Peter abrandou e soltou um suspiro.
Tirei o cinto de segurança. — Eu vou correr lá dentro. Vai ser mais rápido.
— Demi, já estamos na fila. — Ele olhou no espelho retrovisor. — E tenho a saída bloqueada agora.
— Não se preocupe, vamos fazer uma corrida. Você espera aqui e eu entro.
— Uma corrida, hein? — Ele sorriu.
Concordei, e pulei para fora do carro. — Sim. E eu vou ganhar. Volto já.
Uma vez dentro, percebi que havia apenas duas pessoas na minha frente no balcão. Ia ser rápido. Eu contemplei meu pedido, lembrando que Peter gostava de chocolate quente com chantilly, quando o som de um riso rico masculino encontrou meus ouvidos do outro lado da sala. Havia algo notavelmente familiar e o pânico subiu no meu estômago. Eu relutantemente me virei e vi Joe sentado em uma pequena mesa redonda em frente a uma mulher.
Eu gostaria de poder me esconder, que o chão se abrisse e me engolisse toda, mas é claro que isso não iria acontecer. Ele ainda não tinha reparado em mim. Havia ainda uma chance de eu sair sem ser vista, mas não pude resistir a mais um olhar.
Joe era exatamente como eu me lembrava, todo músculo rígido e características masculinas, uma sombra do crescimento de sua barba se espalhando em sua mandíbula. Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos sobre a mesa, ouvindo atentamente a mulher. Eu só podia ver o perfil dela, mas ela parecia familiar e minha mente trabalhou para reconhece-la. Era uma das babás que ele usava? Algo sobre o cabelo ruivo dela pendurado pelas costas fez minha mente trabalhar em horas extras. Não importava. Eu precisava sair daqui.
Dei um passo para trás e bati bem no centro de uma torre de canecas de renas, desmoronando a coisa toda.
Joe e escolheu aquele exato momento para olhar para cima. Seus olhos se fixaram nos meus e sua testa franziu.
— Demi? — Ele estava de pé e se dirigindo para mim antes que eu pudesse tentar escapar. — O que você está fazendo aqui?
— Joe. — eu murmurei incoerentemente, encontrando seu olhar preocupado.
— Sim, é Joe. — Ele pressionou a palma da mão em meu rosto. — Você está bem? Me parece um pouco pálida.
Meus olhos correram para o outro lado da sala para ver a ruiva em sua mesa.
Ela virou-se para nos observar e eu soube imediatamente quem era. Meus joelhos tremeram e uma onda de náusea me atravessou. Joe estava em um encontro com a garota de seu primeiro filme pornô. Desiree, eu acho. Lembrei-me de respirar, mas pouco bem me fez. Minha cabeça estava nadando com esta descoberta. Ela foi a razão pela qual ele escolheu seu trabalho ao invés de mim? Há quanto tempo eles estavam se vendo fora do trabalho?
Joe olhou para a mulher e soltou um pedido de desculpas cortado.
— Desculpe. Deixe-me apresentar-lhe a Sara. — Ele fez sinal para ela se aproximar.
Sara? Parece que Desiree era seu nome artístico.
Quando ela se levantou da mesa, sua mão se moveu para sua barriga inchada e uma onda de pânico me atingiu. Ela estava grávida de vários meses. Minhas pernas ficaram fracas e eu desabei.
Quando voltei a mim, estava deitada no chão. Joe estava segurando a minha cabeça em seu colo, varrendo os dedos na minha testa. Meus olhos nebulosos encontraram os seus que estavam preocupados.
— Docinho? — Ele questionou.
Mexi-me para me sentar, mas suas grandes mãos sobre meus ombros me seguraram no lugar.
— Fique aqui. Você desmaiou e caiu no chão. Bateu com a cabeça no chão antes de eu poder te pegar.
Ele esfregou a parte de trás da minha cabeça, massageando o caroço inchado sob o meu cabelo.
— Ai! — Estremeci com o contato.
— Isso é o que eu pensava.
Quando me lembrei do que tinha me enviado para o chão em primeiro lugar, “ver Sara grávida”, um soluço se soltou na parte traseira de minha garganta e eu me esforcei para me libertar das garras de Joe. Eu não queria ele me segurando, tentando me consolar agora. Já para não falar que eu podia ver que estava causando uma grande comoção no café, esparramada pelo chão do jeito que estava. Joe acenou para longe uma barista que veio na nossa direção com uma expressão de preocupação.
— Eu cuido dela.
— Joe, me levante.
Ele abriu a boca para argumentar, mas a determinação nos meus olhos o convenceu. Ele me ajudou a levantar do chão e sentou-me numa cadeira de couro em frente à lareira. Limpei as lágrimas frescas de ambas as bochechas, mas o esforço foi inútil. As lágrimas se recusaram a parar.
Sara estava parada ao seu lado, e eu ouvi Joe pedir-lhe para ir buscar alguns lenços para mim. Ela saiu correndo para o banheiro.
Peter entrou na loja de café. — Demi, vamos lá, estamos atrasados... — Ele parou na minha frente, olhando para o meu rosto cheio de lágrimas. — Demi?
Merda. Eu tinha esquecido completamente de Peter. Peguei os lenços de Sara e os pressionei no meu rosto. Tanta coisa para colocar rímel hoje. Joe se ajoelhou ao lado da minha cadeira, pegando os lenços de mim para ajudar a enxugar as minhas lágrimas.
— Demi...? O que há de errado? E quem é esse cara? — Peter perguntou.
— Sinto muito Peter. — eu consegui falar. — Este é Joe.
Os olhos de Peter foram para Joe ajoelhado, e um olhar de incredulidade alcançou seu rosto.
É esse cara?
Peter não sabia muito sobre Joe, só que ele era o cara com quem eu tinha saído antes dele, e que ele era a razão de eu não querer ter um relacionamento agora por causa da maneira ruim que as coisas tinham terminado entre nós. Eu podia ver a surpresa de Peter por eu ter namorado um cara como Joe, todo desalinhado, jeans desgastados, botas de trabalho e um pulôver de manga comprida justa que enfatizava seu peito musculoso, o oposto de Peter com gel de cabelo, blazers e sapatos italianos mocassins de couro. Assoei meu nariz, sabendo que parecia uma bagunça e não me importando. Me sentia como se tivesse sido atingida por um trem.
Joe olhou entre Peter e eu — Vou levá-la para casa. — ele informou a nós dois.
Eu guinchei um protesto, e Peter deu um passo mais perto. Mas Joe levantou-se, elevando-se sobre nós dois. Ele se virou para Sara, colocou uma mão em sua barriga, e se inclinou em direção a ela para sussurrar algo em seu ouvido.
Uma dor esfaqueou o meu peito.
Peter colocou a mão no meu ombro, mas se voltou para abordar Joe.
— Você não tem nenhum direito sobre ela. Primeiro de tudo, nós temos um compromisso. Segundo, eu tenho certeza que você é a razão de ela estar chorando agora.
Sara beijou o rosto de Joe e se dirigiu para a porta. Eu não a culpei por desaparecer. Isso soou muito inteligente da parte dela.
— Nós não temos que ir, Peter. — A última coisa que eu queria fazer neste momento era assistir a um balé que incluía uma doce história de amor.
— Eu... ah... não lhe disse antes Demi, mas eu ganhei estes bilhetes do meu tio. Estamos nos unindo a ele e sua esposa na peça.
Ele me enganou para sair com sua família em uma confraternização esquisita?
De jeito nenhum eu iria encontrar sua tia e tio agora, ou nunca.
— Eu só quero ir para casa. — murmurei.
Ambos olharam para mim.
— Vou te levar para casa. — Joe repetiu.
Peter suspirou. — Tudo bem. Eu tenho que ir ou vou chegar atrasado. Tem certeza de que está tudo bem com ele te levando para casa?
Não era como se eu tivesse muita escolha. Peter estava praticamente me abandonando longe de casa.
— Está tudo bem. Apenas vá, Peter.
Ele se inclinou e beijou o topo da minha cabeça.
— Eu te ligo mais tarde.
‘Não se incomode’, eu murmurei para mim mesma.
Nunca tinha estado dentro da camionete de Joe antes. O carro estava precisando de uma boa limpeza, e havia garrafas de água espalhadas pelo chão e um livro de colorir da Cinderela no banco entre nós. Cheirava a uma mistura de seu sutil perfume e o aroma picante de um homem depois de um dia duro de trabalho.
Ele não disse nada enquanto dirigia. Só olhou para a frente e apoiou uma mão em cima do volante.
Quando ele virou para o meu bairro, percebi que não tinha lhe dado o meu endereço, nem ele tinha pedido direções. Estacionou ao lado do meu carro e desligou a ignição.
Ficamos em silêncio por alguns momentos. Felizmente, meus pequenos soluços tinham se acalmado.
— Obrigado por me trazer para casa. — Eu empurrei contra a porta da camionete e desci com cuidado, percebendo que o chão estava mais longe do que eu pensava.
Ele me encontrou ao lado da camionete e pegou a minha mão, me parando.
— Espere. Me deixe explicar.
Eu não sei o que deu em mim, se era o encerramento que eu precisava, ou a minha própria curiosidade mórbida sobre sua namorada grávida, mas eu assenti.
Passei meus braços em volta de mim, me preparando para sua explicação.
— Não aqui. Me convide para subir, Dê.
Assenti em consentimento e o levei para dentro. Joguei minha bolsa e as chaves sobre a mesa de entrada e fiz meu caminho para o sofá, sem saber quanto tempo mais as minhas pernas trêmulas iriam suportar o meu peso. Eu sentei e imediatamente me enrolei em uma bola. Esperava que  Joe e estivesse logo atrás de mim, mas estranhamente, o ouvi remexendo dentro da minha cozinha. Levantei a cabeça e o vi andar em minha direção carregando um copo de suco de laranja, uma caixa de lenços de papel e uma caixa de analgésico. Estendeu o copo de suco para mim ao mesmo tempo que abriu o frasco de comprimidos. Só quando eu engoli a dose é que ele se sentou ao meu lado. Sua notícia tinha que ser ainda pior do que eu imaginava, já que ele estava sendo tão gentil comigo. Talvez Sara estivesse grávida de gêmeos, ou eles estivessem noivos. Droga, por que eu não tinha verificado a mão esquerda? Não que isso importasse, eu me lembrei.
Eu tomei uma respiração profunda. — Então, para quando é o bebê?
Seu rosto se contorceu em confusão. — De quem? Sara?
Obviamente. Eu assenti.
— Ah, final de abril, eu acho.
— Bem, eu sinto muito pela minha reação... isso me pegou de surpresa.
Pedi desculpas pelo meu ataque de ansiedade em público, mas não ia oferecer os meus parabéns nem abrir o champanhe.
Joe analisou minhas características com um ar cansado e esfregou a mão sobre a parte de trás do seu pescoço.
— Porra, docinho, o bebê não é meu.

XOXO Neia '-'

Entao que acharam?? Vou alongar o fim da fic ate ao fim de semana porque ainda nao tenho nada da proxima pronta...sabado talvez haja a apresentação das personagens, nao sei neh?? Com o inicio da escola de novo é chato mesmo..kiss fiquem bem e divulguem o meu blog pls!!! 




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