quarta-feira, 25 de março de 2015

SINAL DE VIDA!


Genteeee do meu coração, mil/milhões de desculpas pelo tempo que a fic tem estado parada. Tentei várias vezes vir aqui e tentar postar nem que fosse um mini cap.,mas o meu tempo não chega infelizmente :(( peço mesmo muitas desculpas!
Mas então, agora estou de férias das aulas e já tenho um tempinho que poço dedicar (finalmente :D) ao blog e à fic.
A minha pergunta para vocês é:

  • continuar a fic "No Limite da Atração";
  • fazer uma nova fic e deixar por terminar a atual;
  • fazer uma mini fic, enquanto termino a "No Limite da Atração"....
Pessoas, me dêem uma dica aí ou uma outra solução....fiz este blog para todos os Jemi Fãs (como eu) e adorava ter o vosso apoio para continuar :)

Espero pelos vossos comentários, ou então tomarei eu uma decisão...




XOXO Neia <3

sábado, 11 de outubro de 2014

No Limite da Atração – Capitulo 4


Joe
Eu disse a verdade à Sra. Collins. Eu não tinha tempo para monitoria nem aconselhamento. Em junho, eu ia fazer dezoito anos e me formar em lares adotivos. Isso significava que eu precisaria de uma casa para mim, e pagar aluguer implicava ter um emprego. Mas a Sra. Collins jogou comigo como um agiota. Visitas supervisionadas ocasionais aos meus irmãos não eram o suficiente. Ela balançou isso na minha frente como uma porcaria de agulha para um viciado em heroína.
Meu turno no Malt and Burger começava às cinco da tarde. Olhei para o relógio pendurado sobre a mesa da bibliotecária. Que parte de "encontre o cara que você vai monitorar logo depois da aula na biblioteca pública" o sabe- tudo não entendeu? A Sra. Collins pode ter dito quem ia ser meu monitor, mas parei de ouvir depois de alguns minutos. A mulher falava demais.
Eu me concentrei nas portas duplas. Mais cinco minutos e eu poderia, feliz, considerar essa sessão um fracasso, um fato que eu adoraria jogar na cara da Sra. Collins.
Uma porta se abriu e o ar gelado entrou, provocando arrepios nos meus braços. Ah, que diabos. Eu me recostei na cadeira e cruzei os braços sobre o peito. Demi Lovato entrou apressada na biblioteca.
Os olhos dela vasculharam o ambiente enquanto as mãos com luvas esfregaram os braços. Como se o frio pudesse penetrar naquele casaco de couro marrom afrescalhado. Um sorriso leve como um raio de sol repousava no rosto dela. Parece que a Sra. Collins tinha deixado nós dois no escuro. No instante em que ela me viu, o sorriso desbotou e os olhos verdes explodiram com nuvens de tempestade.
Bem- vinda a essa merda de clube.
Por baixo da mesa, eu chutei a cadeira em frente.
- Você esta atrasada.
Ela colocou a mochila sobre a mesa e se jogou na cadeira para sentar.
- Tive que ir a secretaria para descobrir as datas das provas. Eu poderia ter conseguido essa informação hoje de manhã, mas um idiota me atrapalhou.
Ponto para Demi, mas eu sorri para ela como se estivesse no controle.
- Você podia ter ficado. Eu não te mandei embora.
- E deixar você me perturbar mais? Não, obrigada. - Ela tirou a jaqueta, mas manteve as luvas de tricô. Ela cheirava a frio e couro. A blusa de algodão azul caía sobre o top bege, expondo a parte de cima do decote.
Garotas como ela gostavam de provocar os caras. Mal sabia ela que eu não me importava de olhar.
Ao me pegar encarando, ela arrumou a blusa e o decote desapareceu de vista. Cara, isso foi engraçado. Ela me olhou, talvez esperando um pedido de desculpas. Era melhor esperar sentada.
- Em quais matérias você esta fraco? Todas? - Os olhos verdes dançavam.
Parecia que Demi também gostava de falar merda.
OK, eu sacaneei a garota de manhã sem motivo. Ela merecia certa vantagem.
- Nenhuma. A Sra. Collins esta só dando uma de mandona nesse caso.
Demi abriu a mochila e tirou um caderno. Uma sombra cruzou seu rosto quando as luvas escorregaram, e ela imediatamente puxou as mangas longas para cima das mãos.
- Com que matéria você quer começar? Temos aula de cálculo e física juntos, então podemos começar por aí. É preciso ser um idiota completo para precisar de ajuda com tecnologia empresarial. - Ela fez uma pausa.
- Você não estava na minha turma de espanhol no último período?
Abaixei a cabeça e meu cabelo caiu nos olhos. Para uma menina que não percebia que eu existia, ela sabia muito sobre mim.
- É. - E neste período também. Ela entrava assim que a campainha tocava e pegava o primeiro assento disponível sem olhar muito para os lados.
- ¿Qué tan bien hablas español?- perguntou ela.
Se falo bem espanhol? Dá pro gasto. Eu me afastei da mesa.
- Preciso ir.
- O que? - A testa dela se encolheu sem acreditar.
- Diferente de você, eu não tenho pais que bancam tudo. Tenho um mprego, princesa, e se não sair agora vou me atrasar. A gente se vê por ai.
Pegando meus livros e minha jaqueta, deixei a mesa e imediatamente sai da biblioteca. O ar frio de janeiro me deu uma tapa na cara. O gelo cobria vários pontos da calçada.
- Ei!
Olhei por cima do ombro. Demi veio atrás de mim, com a jaqueta de couro em um braço e a mochila nas costas.
- Coloque a porcaria da jaqueta. Está frio aqui fora. - Não parei para falar com ela, mas diminuí o passo, curioso para saber por que ela me seguiu.
Ela me alcançou rapidamente e manteve o passo ao meu lado.
- Aonde você pensa que vai?
- Eu já disse: pro trabalho. Achei que você fosse inteligente. – Eu nunca tinha conhecido ninguém que fosse tão legal de provocar.
- Certo. Então, quando vamos fazer a nossa sessão?
Larguei meus livros sobre a lata- velha que eu chamava de carro, fazendo a ferrugem se espalhar pelo chão.
- Não vamos. Vou te fazer uma proposta. Você diz pra Sra. Collins que estamos nos encontrando quantos dias você quiser depois da aula, recebe as horas de voluntariado que precisa pro seu clubinho e eu confirmo a sua versão. Não vou ter que me encontrar com você, e você não vai ter que olhar pra mim. Eu continuo com a minha vida ferrada e você vai pra casa brincar de se arrumar com as amigas. Combinado?
Demi recuou e se afastou como se eu tivesse batido nela. Ela perdeu o equilíbrio quando atingiu um pedaço de gelo. Minha mão direita se esticou e agarrou o pulso dela antes que o corpo batesse no chão.
Fiquei segurando até ela se firmar se apoiando no porta- malas do meu carro. Suas bochechas brancas ficaram vermelhas, de vergonha ou de frio. De qualquer maneira, achei engraçado. Mas, antes que eu tivesse a chance de zoar, os olhos dela se arregalaram e ela encarou o pulso que eu segurava.
A manga longa azul estava acima do cotovelo, e segui o olhar dela até a pele exposta. Ela tentou arrancar o braço da minha mão, mas apertei com mais força e engoli o nojo. Em todas as casas de filme de terror em que eu já tinha morado, nunca tinha visto uma mutilação como aquela.
Cicatrizes ressaltadas, brancas e vermelho- claras, ziguezagueavam pelo braço dela.
- Que merda e essa?
Arranquei os olhos das cicatrizes e busquei o rosto dela para encontrar respostas. Ela respirou rápido algumas vezes antes de puxar de novo e conseguir escapar do meu aperto.
- Nada.
- Isso não é nada. - E esse nada deve ser doído pra cacete quando aconteceu.
Demi esticou a manga, passando pelo pulso e chegando à ponta dos dedos. Ela parecia um cadáver. O sangue sumiu do rosto, e o corpo vibrava com tremores silenciosos.
- Me deixa em paz.
Ela virou e voltou tropeçando para a biblioteca.







XOXO Neia *-*
Um milhão de desculpas gente! Não pensei ficar tanto tempo sem postar, mas começaram as aulas, escola nova, turma nova, professores novos...enfim tudo muito novo. Como tenho um horário muito cheio fica difícil vir postar, mas vou tentar de agora em diante pelo menos postar um todos os fins de semana.
Aqui está o capitulo e espero que gostem :) espero também que esteja tudo bem com vocês.
Até ao próximo cap. meus amores e comentem ;) xauuuuuuu!!!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

No Limite da Atração – Capitulo 3


Demi
Se ao menos eu pudesse usar luvas o tempo todo, me sentiria mais segura, mas o maldito código de vestimenta da escola não me permitia.
Por isso, meu armário era composto de qualquer coisa com mangas longas quanto mais longas, melhor.
Agarrei a ponta das mangas e puxei sobre os dedos, fazendo a blusa de algodão azul ficar pendurada no ombro direito. No meu primeiro ano, eu teria surtado se as pessoas encarassem minha pele branca e as sardas laranjas. Agora, eu preferia que as pessoas olhassem para o meu ombro nu em vez de perceberem as cicatrizes nos meus braços.
- Ela te disse quem é? Aposto que é o Jackson Coleman. Ouvi dizer que ele vai mal em matemática e, se não melhorar as notas, vai perder a bolsa na faculdade. Meu Deus, espero que seja. Ele é tão gato. – Minha melhor amiga, Lila McCormick, respirou pela primeira vez desde que eu tinha dado a ela um resumo da minha sessão de terapia e do emprego de monitoria que a Sra. Collins criou espontaneamente. Com a boca que se mexia sem parar e as roupas apertadas, Lila era a versão da Eastwick High da Glinda, a Bruxa Boa. Ela flutuava na sua própria bolha maravilhosa, espalhando alegria e felicidade.
Conforme Lila arrastava a bandeja pela fila do almoço, o cheiro de pizza e batata frita fez minha boca se encher de água, mas o enjoo no meu estômago me impediu de comprar comida. Meu coração trovejava, e abracei o caderno de desenho com mais força. Eu não acreditava que estava mesmo no refeitório. Lila e eu éramos melhores amigas desde a pré- escola, e a única coisa que ela me pediu de Natal foi que eu largasse a biblioteca e voltasse ao meu velho lugar na nossa mesa de almoço.
Pode ter parecido um pedido simples, mas não era. A última vez que almocei no refeitório foi no começo de maio, no segundo ano: um dia antes de meu mundo todo se despedaçar. Naquela época, ninguém me encarava nem sussurrava.
- Quem é gato? - Natalie furou a fila, colocando sua bandeja entre mim e Lila. Um grupo de caras atrás de nós rosnou contra a ousadia. Como sempre, ela ignorou. Natalie era a segunda das duas pessoas que se recusavam a me tratar como uma paria escolar por causa das fofocas que corriam sobre mim na escola.
Lila fez um rabo de cavalo com o cabelo dourado liso antes de pagar ao caixa.
- Jackson Coleman. A Demi vai ser monitora de um cara sortudo e estou achando que pode ser ele. Quem você gostaria de adicionar à nossa lista de caras gatos mas burros?
Segui as duas até a mesa do almoço enquanto os olhos da Natalie vasculhavam o refeitório, buscando a combinação certa.
- Nicholas Green. Ele é mais burro que uma porta, mas daria uma boa sobremesa. Se você for monitora dele, Demi, acha que pode me apresentar?
- Apresentar quem pra quem? - perguntou Grace. Natalie e Lila sentaram e eu hesitei.
O sorriso da Grace sumiu quando ela me viu. Ela era o principal motivo por eu não querer voltar ao refeitório. Éramos melhores amigas antes do incidente e, acho, até depois. Ela me visitou todos os dias no hospital e em casa durante o verão, mas, quando começou nosso terceiro ano e meu status social entrou em queda livre, nossa amizade seguiu o mesmo caminho- em público. Em particular, ela dizia me amar como irmã. Todas as outras pessoas na escola me tratavam como se eu não existisse.
- A Natalie para o Nicholas Green. - Lila deu uma tapinha no assento entre ela e Natalie. Tentando me esconder, me joguei na cadeira, deslizei as pernas para frente e coloquei o caderno de desenho na ponta da mesa.
As outras garotas sussurraram entre si quando me viram. Uma delas deu uma risadinha. Desde a época em que voltei à escola, eu nunca tive uma chance social. Os boatos sobre minha ausência desde o último mês do meu segundo ano variavam de gravidez a reabilitação e tentativa de suicídio. Minhas luvas se tornaram a lenha, e minha perda de memória, os fósforos. Quando retornei no outono, os boatos explodiram em um incêndio incontrolável.
Lila continuou a explicação.
- A Demi vai ser monitora de um gato burro. Estamos tentando descobrir quem é.
- Bom, não esconda nada, Lila. Quem é que a Demi vai monitorar? - Os olhos da Grace se alternavam entre Lila e as garotas do seu time sentadas a mesa. Quando voltamos para o terceiro ano, Grace descobriu que tinha chances de se tornar chefe de torcida- algo difícil, já que ela nunca tinha sido popular nesse grupo. Achei que as coisas entre a gente voltariam ao normal quando ela fosse eleita. Eu estava errada.
- Pergunta pra Demi. - Os dentes da Lila morderam a maçã, o olhar lixo na Grace. Nossa mesa ficou num silêncio esquisito enquanto a garota mais bonita da escola desafiava abertamente a garota mais popular da escola. Uma calmaria caiu sobre o refeitório enquanto os alunos se preparavam para assistir ao espetáculo que estava para acontecer. Eu poderia jurar que uma folha tinha passado voando pela mesa e que aquela música assobiada esquisita do faroeste tinha tocado nos alto- falantes.
Dei um chute na Lila, implorando mentalmente que ela respondesse por mim, em vez de forçar Grace a falar comigo na frente de outras pessoas. Segundos se passaram e nenhuma das duas piscou enquanto se encaravam.
Não aguentei.
- Não sei. Vou conhecer o cara hoje à tarde. - A Sra. Collins não quis me dizer de quem eu seria monitora. Ela falou alguma coisa sobre acertar alguns detalhes com ele antes de nos conhecermos.
O movimento e a conversa retornaram ao refeitório. Os músculos do rosto da Grace relaxaram e ela soltou um suspiro aliviado antes de assimilar a reação das suas amigas públicas.
- Vou brincar de adivinhar quem é o gostoso idiota. - Ela me deu uma piscadela em particular. Pela bilionésima vez, desejei que minha vida voltasse ao normal.
Quando Grace soltou um nome, o resto do grupo também decidiu brincar. Fiz um desenho dela enquanto conversavam. O novo corte de cabelo curta e loiro emoldurava com perfeição seu rosto. Ouvi os nomes que elas soltavam e as novas fofocas da escola que acompanhavam os palpites.
- Talvez a Demi seja monitora do Luke Manning - disse Lila com uma cutucada não tão suave no meu braço. - Ele é gostoso e nada inteligente.
Revirei os olhos e fiz o melhor que pude para consertar a linha escura que a cutucada tinha criado no meu desenho. Lila mantinha a falsa esperança de que Luke, meu namorado da minha vida anterior, ainda gostasse de mim. Ela apoiava essa afirmação com histórias inventadas de como ele me observava quando eu não estava prestando atenção.
- O Luke e a Deanna terminaram nas férias de inverno – disse Grace.
- A Deanna diz que ela terminou com ele. O Luke diz que ele terminou com ela. Sabe- se lá se um dia vamos descobrir a verdade.
- Em quem você acredita, Demi? - perguntou Natalie. Tenho de reconhecer.
Ela queria que eu participasse da conversa, mesmo que eu não quisesse ser incluída.
Eu me concentrei em fazer a sombra que o cabelo da Grace criava sobre a orelha. Depois de conhecer o Luke na aula de inglês do primeiro ano, namoramos durante um ano e meio. Isso me tornava a especialista em Luke da nossa mesa. Desde que a gente terminou todas as mesas com mulheres tinham uma especialista em Luke.
- Difícil dizer. Fui eu que terminei com o Luke e ele nunca falou que tinha sido ele, mas ele mudou muito desde aquela época.
- Joe Jonas - disse Natalie.
Parei de desenhar, confusa como que o Joe tinha a ver como Luke.
- O que?
- Estamos tentando adivinhar o gostosão, lembra? Joe Jonas é definitivamente gato. Eu seria monitora dele. - Lila encarou a mesa dos viciados, quase babando. Como ela podia ficar em êxtase pelo cara que tinha me ridicularizado?
O queixo da Grace caiu.
- E arriscar a posição social? De jeito nenhum.
- Eu disse que seria monitora dele, não que levaria o cara pro baile de formatura. Além do mais, pelo que ouvi dizer, muitas meninas passaram por ali e adoraram cada segundo.
Grace deu uma olhada no Joe, com os olhos subindo e descendo.
- Tem razão. Ele é gato, e dizem que ele só topa ficar por uma noite. Embora Bella Monahan tenha tentado forçar um relacionamento. Ela seguiu o cara como um cachorrinho idiota. Ele não queria nada com ela que não envolvesse o banco de trás do carro dele.
Lila adorava essa conversa suja.
- Ela perdeu o namorado, a virgindade, a reputação e o respeito próprio em menos de um mês. Foi por isso que ela mudou de escola.
Caras como Joe Jonas me tiravam do sério. Ele usava as meninas, consumia drogas e tinha me arrasado hoje de manhã. Não que eu devesse ficar surpresa, fiz algumas aulas com ele no último semestre.
Ele entrava na sala a passos largos, como se fosse dono do mundo, e dava um sorrisinho quando as garotas se derretiam na presença dele.
- Que imbecil.
Como se tivesse me ouvido do outro lado da sala, os olhos negros dele encontraram os meus. O cabelo castanho despenteado caía sobre eles, mas eu sabia que ele estava me olhando. A barba rata se moveu quando ele sorriu. Joe tinha músculos, boa aparência e confusão à volta. De alguma forma, ele fazia uma calça jeans e uma camiseta parecerem perigosas. Não que eu gostasse de drogados que usavam garotas. Ainda assim, dei mais uma olhada para ele enquanto dava um gole na minha bebida.
- Que palavras duras, Demi. Não esta falando de mim, esta? – Uma cadeira arranhou o chão. Luke a virou para poder sentar de pernas abertas entre Natalie e Grace. Que porcaria. Luke e eu mal trocamos uma palavra desde que terminamos no segundo ano. Por que todo mundo estava me pressionando para ficar social hoje?
- Não. - respondeu Lila. - Falamos de você mais cedo. A Demi estava chamando o Joe Jonas de imbecil. - Chutei a perna dela por baixo da mesa. Ela me encarou de volta.
- Jonas? – Luke Manning: um metro e noventa de altura, forte como um touro, cabelos negros, olhos azuis, capitão do time de basquete, gato e metido. Para meu desespero, ele avaliou o Joe. - O que o viciadinho fez pra merecer sua raiva?
- Nada. - Voltei para o caderno de desenho. Minhas bochechas queimaram quando uma das amigas públicas da Grace resmungou alguma coisa sobre eu ser estranha. Por que Lila, Natalie e Luke não podiam simplesmente me deixar em paz? As fofocas só pioravam quando eu saía da minha concha.
Infelizmente, Lila preferiu ignorar minhas bochechas vermelhas e meu chute de alerta.
- Ele tirou sarro da Demi hoje de manhã, mas não se preocupe, ela acabou com ele.
O lápis na minha mão se curvou com meu aperto, enquanto eu sentia vontade de arrancar os lindos cabelos da Lila. Meus professores e a Sra. Collins estavam muito errados. Interagir com meus colegas era uma droga.
Os olhos do Luke se estreitaram.
- O que ele disse pra você?
Pisei nos dedos do pé da Lila e a encarei.
- Nada.
- Ele disse que ela tinha um nome ridículo.- respondeu Lila.
Ah, meu Deus, eu queria matar minha melhor amiga.
- Quer que eu fale com ele? - Luke me encarava com um conhecido indício de possessividade. Grace e Natalie sorriram como o gato de Alice.
Eu me recusei a olhar para Lila, que quicava na cadeira. Agora eu nunca mais me livraria das fantasias dela sobre o Luke e eu voltarmos a namorar.
- Não. Ele é um cara idiota que disse uma coisa idiota. Ele provavelmente nem lembra de ter falado isso.
Luke deu uma risadinha.
- É verdade. Todo mundo naquela mesa ali é ferrado. Sabia que o Jonas mora num lar adotivo?
As garotas na minha mesa engasgaram com a nova fofoca. Olhei para o Joe outra vez. Ele parecia muito envolvido numa conversa com uma garota de cabelo preto comprido.
- É - continuou Luke. - Ouvi a Sra. Rogers e o Sr. Norris falando isso no corredor. - O sinal tocou, acabando com a atenção que Luke recebia pelas informações secretas sobre Joe Jonas.
Enquanto eu jogava fora os restos do meu almoço, Grace se infiltrou perto de mim e sussurrou:
- Isso foi demais, Demi. Se o Luke estiver apaixonado por você de novo, sua vida vai mudar. Todo mundo muda de opinião sobre as pessoas que ele namora. Talvez as coisas finalmente voltem ao normal.
Uma das amigas da Grace a chamou, e ela saiu do meu lado sem piscar.
Suspirei enquanto puxava as mangas sobre os dedos. O que eu não daria para ser normal...







XOXO Neia :)
Desculpem a demora. As minhas aulas estão prestes a começar e ando a comprar as coisas necessárias e tudo mais. Muito stress rsrsrs.
Está ai o cap. comentem e espero que gostem :)
Kisses <3

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

No Limite da Atração – Capitulo 2


Joe
O cheiro de tinta fresca e de gesso me fez pensar no meu pai, e não na escola. Ainda assim, esse cheiro me atingiu em cheio quando entrei no escritório totalmente reformado. Com livros nas mãos, andei devagar até o balcão.
- E aí, Sra. Marcos?
- Joe, porque se atrasou de novo, muchacho ? - perguntou ela enquanto reunia uns papéis.
O relógio na parede marcou nove da manhã.
- Droga, é cedo.
A Sra. Marcos desviou de sua nova mesa de cerejeira para me encontrar no balcão. Ela acabava comigo quando eu chegava atrasado, mas ainda assim eu gostava dela. Com longos cabelos castanhos, ela parecia uma versão hispânica da minha mãe.
- Você perdeu a consulta com a Sra. Collins esta manhã. Não é uma boa forma de começar o segundo período - sussurrou ela enquanto registrava meu atraso. Ela inclinou a cabeça na direção dos três adultos reunidos no canto distante da sala. Presumi que a loira de meia- idade sussurrando para o casal rico era a nova orientadora.
Dei de ombros e deixei o canto direito da minha boca se retorcer para cima.
- Ops!
A Sra. Marcos me estendeu o registro de atraso e me lançou o olhar carrancudo de sempre. Ela era a única pessoa nesta escola que não acreditava que meu futuro e eu estávamos completamente fodidos. A loira de meia- idade falou alto:
- Sr. Jonas estou feliz que tenha se lembrado da nossa consulta, mesmo estando atrasado. Tenho certeza que não se importa de aguardar um pouco enquanto termino algumas coisas. - Ela sorriu para mim como se fossemos velhos amigos e falou com tanta suavidade que, por um instante, quase sorri de volta. Em vez disso, fiz sinal com a cabeça e me sentei na fileira de cadeiras encostadas na parede do escritório. A Sra. Marcos riu.
- O que foi?
- Ela não vai aturar a sua postura. Talvez ela te convença a levar a escola a sério.
Recostei a cabeça na parede de concreto pintado e fechei os olhos, precisando de mais umas horas de sono. Faltando uma pessoa para fechar, o restaurante só me liberou depois da meia- noite, e depois Beth e Isaiah me mantiveram acordado.
- Sra. Marcos? - perguntou uma voz angelical. - Pode me dizer quais são as próximas datas para o exame nacional, por favor?
O telefone tocou.
- Espere um segundo - disse a Sra. Marcos. E o telefone silenciou.
Uma cadeira na mesma fileira da minha se mexeu, e minha boca se encheu de água com o aroma de pão de canela. Dei uma espiada e notei um cabelo vermelho, macio e cacheado. Eu a conhecia. Demi Lovato.
Não havia pão de canela a vista, mas ela certamente cheirava a um.
Fizemos várias aulas juntos. Eu não sabia muito a seu respeito, além de que era discreta, inteligente, ruiva e tinha peitos grandes. Ela usava camisetas largas de manga comprida que caiam nos ombros e tops por baixo que revelavam apenas o suficiente para atiçar as fantasias.
Como sempre, ela olhava diretamente para frente, como se eu não existisse. Droga, provavelmente eu não existia na cabeça dela. Pessoas como Demi Lovato me irritavam demais.
- Você tem um nome esquisito - murmurei. Eu não sabia por que queria provoca- la, mas tive vontade.
- Você não devia estar se drogando no banheiro?
Então ela me conhecia.
- Eles instalaram câmaras de segurança. Agora a gente faz isso no estacionamento.
- Foi mal. - O pé dela se balançava freneticamente para frente e para trás.
Ótimo, eu tinha conseguido penetrar naquela fachada perfeita.
- Demi... Demi... Demi...
O pé dela parou de balançar e os cachos vermelhos sacudiram furiosamente quando ela se virou para me encarar.
- Que original. Eu nunca ouvi isso antes.
Ela agarrou a mochila e saiu da sala. A bunda durinha rebolava enquanto ela marchava pelo corredor. Isso não foi tão divertido quanta pensei que seria. Na verdade, eu meio que me senti um babaca.
- Joe? - a Sra. Collins me chamou para o escritório.
O último orientador tinha muitos problemas de TOC. Tudo no escritório era perfeitamente arrumado. Eu costumava mudar as placas de lugar só para incomoda- lo. Não haveria essa diversão com a Sra. Collins.
Sua mesa era uma bagunça. Eu poderia enterrar um corpo ali e ninguém jamais encontraria.
Sentando diante da Sra. Collins, esperei que ela acabasse com a minha raça.
- Como foi seu Natal? - De novo ela estava com aquele olhar de cachorro pidão.
- Bom. - Isto é, se você considerar que seus pais adotivos gritando um com o outro e jogando os presentes de todo mundo na lareira é um bom Natal. Sempre sonhei em passar meu Natal em um porão imundo vendo meus dois melhores amigos se drogarem.
- Maravilha. Então as coisas estão indo bem na sua nova família adotiva. - Ela disse em tom de afirmação, mas com a intenção de ser uma pergunta.
- É. - Em comparação com as três últimas famílias que eu tive, eles eram a maravilhosa Família Sol- Lá- Si- Dó. Dessa vez, o sistema tinha me colocado com outro adolescente. Ou as pessoas encarregadas tinham poucas opções ou finalmente estavam começando a acreditar que eu não era a ameaça que imaginavam. Pessoas rotuladas como eu não tinham permissão para viver com outros menores de idade. - Olha, eu já tenho uma assistente social e ela já é um saco. Diga aos seus chefes que você não precisa perder seu tempo comigo.
- Não sou assistente social - disse ela. - Sou uma assistente social clínica.
- É a mesma coisa.
- Na verdade, não é. Estudei por muito mais tempo.
- Bom pra você.
- E isso significa que posso lhe oferecer um nível diferente de ajuda.
- Você é paga pelo Estado?- perguntei.
- Sou.
- Então não quero a sua ajuda.
Os lábios dela se retorceram em um meio sorriso, e eu quase senti uma pontinha de respeito por ela.
- Que tal irmos direto ao assunto?- perguntou ela. - De acordo com seu arquivo, você tem um histórico de violência.
Eu a encarei. Ela me encarou. Aquele arquivo era cheio de merda, mas anos atrás eu aprendi que a palavra de um adolescente não vale nada contra a palavra de um adulto.
- Este arquivo, Joe. - Ela bateu três vezes nele com o dedo. – Acho que ele não conta a história toda. Conversei com seus professores na Highland High. A imagem que eles fizeram não representa o jovem que estou vendo na minha frente.
Agarrei com força a espiral do meu caderno de cálculo até furar a palma da mão. Quem diabos essa mulher achava que era para escavar meu passado?
Ela folheou meu arquivo.
- Você foi transferido para vários lares adotivos nos últimos dois anos e meio. Esta e sua quarta escola desde a morte dos seus pais. O que eu acho interessante é que, até um ano e meio atrás, você ainda estava entre os melhores alunos da escola e ainda competia nos exportes. Essas qualidades normalmente não combinam com um caso de indisciplina.
- Talvez você precise cavar um pouco mais fundo. - Eu queria essa mulher fora da minha vida, e a melhor maneira de fazer isso era assusta- la. - Se fizesse isso, descobriria que espanquei meu primeiro pai adotivo. - Na verdade, eu dei um soco na cara dele quando o peguei batendo no filho biológico. Engraçado que ninguém da família ficou do meu lado quando os policiais chegaram. Nem mesmo o garoto que eu defendi
A Sra. Collins parou, como se estivesse esperando que eu desse a minha versão da história, mas ela estava muito enganada. Desde a morte dos meus pais, aprendi que ninguém no sistema dava a mínima. Depois que você entrava, estava ferrado.
- Seu antigo orientador na Highland falou muito bem de você. Disse que você entrou para o time de basquete da escola no primeiro ano, um dos melhores alunos, envolvido em várias atividades estudantis, popular entre os colegas. - Ela me inspecionou. - Acho que eu teria gostado desse aluno.
Eu também - mas a vida era uma droga.
- Meio tarde para entrar para o time de basquete... Já estamos no meio da temporada e tal. Você acha que o treinador aceitaria as minhas tatuagens?
- Não tenho o menor interesse em recriar sua vida antiga, mas acredito que juntos podemos criar algo novo. Um futuro melhor do que o que você terá se continuar no caminho em que está. - Ela parecia tão absurdamente sincera. Eu queria acreditar nela, mas tinha aprendido do jeito difícil, a nunca confiar em ninguém. Mantendo o rosto livre de emoções, deixei o silêncio crescer.
Ela rompeu o contato visual primeiro e sacudiu a cabeça.
- Você passou uns maus bocados, mas é cheio de possibilidades. Suas notas nos testes de aptidão são fenomenais, e seus professores veem seu potencial. Sua média precisa melhorar, assim como sua frequência. Acredito que as duas coisas estejam relacionadas. Bem, eu tenho um plano. Além de me ver uma vez por semana, você vai participar de aulas de reforço até sua média se aproximar das notas dos testes.
Eu me levantei. Já tinha perdido a primeira aula. Essa reuniãozinha divertida me fez perder a segunda. Mas, já que eu tinha tirado a bunda da cama, tinha a intenção de ir a aula em algum momento hoje.
- Não tenho tempo para isso.
Uma leve irritação tomou conta de seu tom de voz, tão sutil que quase não percebi.
- Preciso contactar sua assistente social?
Fui em direção a porta.
- Vai em frente. O que ela vai fazer? Destruir minha família? Me colocar no sistema de lares adotivos? Continue a cavar e vai ver que chegou tarde demais.
- Quando foi a última vez que você viu seus irmãos, Joe?
Minha mão congelou na maçaneta.
- E se eu pudesse lhe oferecer visitas supervisionadas mais frequentes?
Larguei a maçaneta e voltei a sentar.








XOXO Neia *-*
Desculpem a demora gentiii :/
De qualquer das maneiras, aqui tá novo cap....até à próxima gente e espero que estejam a gostar.
Comentem :)
Kisses <3

sábado, 16 de agosto de 2014

No Limite da Atração – Capitulo 1


Demi
- Meu pai é controlador, odeio minha madrasta, meu irmão morreu e minha mãe têm, digamos, problemas. Como você acha que estou?
Era assim que eu adoraria ter respondido a pergunta da Sra. Collins, mas meu pai dava importância demais as aparências para eu responder com honestidade. Em vez disso, pensei duas vezes e disse:
- Bem.
A Sra. Collins, a nova assistente social da Eastwick High, agiu como se eu não tivesse falado nada. Ela largou uma pilha de casos no canto da mesa já abarrotada e folheou vários papéis. Minha nova terapeuta gemeu quando encontrou minha pasta, com sete centímetros de espessura, e tomou um reconfortante gole de café, deixando uma marca de batom vermelho na borda da xícara. O fedor de café barato e de lápis recém- apontado pairava no ar.
Na cadeira a minha direita, meu pai olhou o relógio e, a minha esquerda, a Bruxa Má do Oeste se remexia impaciente. Eu estava perdendo a primeira aula de cálculo e meu pai estava perdendo uma reunião muito importante. E minha madrasta de Oz estava perdendo o que? Tenho certeza de que estava perdendo o cérebro.
- Vocês não adoram o mês de janeiro? - perguntou a Sra. Collins enquanto abria meu histórico. - Novo ano, novo mês, uma ficha em branco para começar do zero. - Sem esperar uma resposta, ela continuou:
- Vocês gostam das cortinas? Eu que fiz.
Em um movimento sincronizado, meu pai, minha madrasta e eu voltamos nossa atenção para as cortinas de bolinhas cor-de-rosa nas janelas que davam para o estacionamento. As cortinas pareciam coisa de roça, com uma cor que chegava a doer. Nenhum de nós respondeu, e nosso silêncio criou um embaraço pesado.
O BlackBerry do meu pai vibrou. Com um esforço exagerado, ele o puxou do bolso e rolou a tela. Ashley batucava com os dedos na barriga inchada e eu lia as diversas placas pintadas à mão penduradas na parede para me concentrar em qualquer coisa que não fosse ela.
O fracasso é seu único inimigo.
A única maneira de subir e nunca olhar para baixo.
Temos sucesso porque acreditamos.
Num ninho de mafagafos sete mafagafinhos há; quem os desmafagafizar bom desmafagafizador será.
OK, a última frase não estava na parede de ditados, mas eu acharia sensacional.
A Sra. Collins me lembrava de um enorme labrador, com os cabelos loiros e uma atitude amigável demais.
- As notas da Demi são fantásticas. Vocês devem ter muito orgulho da sua filha.
Ela me deu um sorriso sincero, mostrando todos os dentes.
Liguem o cronômetro. Minha sessão de terapia começou oficialmente. Cerca de dois anos atrás, depois do incidente, os Serviços de Proteção a Criança tinham "recomendado fortemente" a terapia e meu pai sabia que era melhor dizer "sim" a qualquer coisa "recomendada fortemente". Eu costumava ir à terapia como as pessoas normais, em um consultório separado da escola. Graças a um financiamento do estado do Kentucky e uma assistente social empolgada, eu tinha me tornado parte desse programa piloto. O único trabalho da Sra. Collins era lidar com algumas crianças da minha escola. Sorte a minha.
Meu pai se endireitou na cadeira.
- As notas de matemática foram baixas. Quero que ela refaça as provas.
- Tem um banheiro por aqui?- interrompeu Ashley. - O bebê adora sentar na minha bexiga.
Na verdade, Ashley adorava transformar tudo em assunto de Já. A Senhora Collins deu um sorriso amarelo e apontou para a porta.
- Vá até o corredor principal e vire à direita.
Pelo modo como ela manobrou para sair da cadeira, Ashley agia como se carregasse uma bola de quinhentos quilos, em vez de um bebê minúsculo. Sacudi a cabeça com desprezo, o que só fez meu pai me lançar um olhar congelante.
- Sr. Lovato - continuou a Sra. Collins depois que Ashley saiu da sala -, as notas da Demi estão bem acima da média nacional e, de acordo com o histórico, ela já se candidatou as faculdades que quis.
- Tem algumas faculdades de administração com prazos estendidos que eu gostaria que ela tentasse. Além disso, esta família não aceita "acima da média". Minha filha e muito mais do que isso.
Meu pai falava como um deus. Ele poderia ter acrescentado à frase "Que isso fique muito claro aqui".
Coloquei o cotovelo no braço da cadeira e escondi o rosto com as mãos.
- Estou vendo que isso realmente o chateia, Sr. Lovato - disse a Sra. Collins em um tom irritantemente calma. - Mas a Demi praticamente gabarita as provas de inglês...
E foi aí que eu me desliguei deles. Meu pai e a orientadora anterior tiveram essa briga no meu segundo ano, quando fiz o exame nacional como treino. Depois, de novo, no ano passado, quando fiz para valer pela primeira vez. Em algum momento, a orientadora percebeu que meu pai sempre ganhava e começou a desistir depois do primeiro round.
Minhas notas nos testes eram a menor das minhas preocupações. Conseguir dinheiro para consertar o carro do Aires era a preocupação que ocupava meu cérebro. Desde a morte do Aires, meu pai tinha ficado irredutível no assunto, insistindo que deveríamos vendê- lo.
- Demi, você está satisfeita com as suas notas? - perguntou a Sra. Collins.
Espiei através do cabelo vermelho cacheado pendurado sobre o meu rosto. A última terapeuta entendia a hierarquia da nossa família e falava com o meu pai, não comigo.
- Como?
- Você está feliz com suas notas no exame? Quer fazer as provas de novo? - Ela cruzou as mãos e as colocou sobre a minha pasta. – Você quer se candidatar a outras faculdades?
Fitei os olhos cinza cansados do meu pai. Vamos ver. Fazer as provas mais uma vez significaria meu pai me pressionando a cada segundo para estudar, o que no fim das contas significaria ter de madrugar aos sábados, passar a manhã toda fritando meu cérebro e depois me preocupar por semanas com os resultados. Quanto a me candidatar a outras faculdades?
Prefiro fazer as provas de novo.
- Na verdade, não.
As rugas de preocupação marcadas para todo o sempre ao redor dos olhos e da boca dele se aprofundaram em desaprovação. Mudei meu tom.
- Meu pai está certo. É melhor eu fazer de novo sim.
A Sra. Collins escreveu na minha ficha com uma caneta. Minha última terapeuta conhecia muito bem meus problemas com autoridade.
Não havia necessidade de reescrever o que já estava ali.
Ashley cambaleou de volta para a sala e se jogou na cadeira ao meu lado.
- Perdi alguma coisa?
Eu sinceramente tinha esquecido que ela existia. Ah, se meu pai fizesse o mesmo...
- Nada - respondeu meu pai.
A Sra. Collins finalmente parou de escrever.
- Antes de ir para a aula, pergunte a Sra. Marcos quando são as próximas provas. E, como estou fazendo o papel de orientadora, gostaria de discutir sua agenda para o período de inverno. Você ocupou seus horários livres com várias aulas de negócios. Eu gostaria de saber por que.
A resposta verdadeira - porque meu pai me obrigou – provavelmente irritaria várias pessoas na sala. Então improvisei:
- Elas vão me ajudar a me preparar para a faculdade.
Uau. Eu disse isso com todo o entusiasmo de uma criança de seis anos esperando para tomar injeção. Péssima escolha de minha parte. Meu pai se remexeu de novo na cadeira e suspirou. Pensei em dar uma resposta diferente, mas imaginei que essa resposta também seria desanimada.
A Sra. Collins examinou minha ficha.
- Você demonstrou um talento incrível para arte, principalmente pintura. Não estou sugerindo que você abandone todas as aulas de negócios, mas poderia trancar uma delas e fazer artes no lugar.
- Não. – rosnou meu pai. Ele se inclinou para frente, apontando para ela. – A Demi não vai fazer nenhuma aula de artes, está claro.
Meu pai era uma mistura de instrutor militar e Coelho Branco da Alice: sempre tinha algum lugar importante para ir e adorava mandar em todo mundo.
Tive de dar crédito a Sra. Collins; ela não piscou uma única vez antes de se render.
- Como água.
- Bem, agora podemos ir... - Ashley e seu bebê protuberante ficaram na ponta da cadeira, se preparando para levantar. - Sem querer marquei compromissos demais para hoje e vou fazer ultrassom. Pode ser que a gente descubra o sexo do bebê.
- Sra. Lovato, os estudos da Demi não são o motivo desta reunião, mas vou entender se tiver de sair. - Ela pegou uma carta oficial na gaveta superior enquanto Ashley, corada, se sentou de novo. Eu já tinha visto aquele cabeçalho várias vezes nos últimos dois anos. Os Serviços de Proteção a Criança gostavam de matar florestas.
A Sra. Collins leu a carta em silêncio enquanto eu secretamente desejava entrar em combustão espontânea. Meu pai e eu nos largamos na cadeira. Ah, as alegrias da terapia em grupo.
Enquanto a esperava terminar de ler, percebi um sapo verde de pelúcia ao lado do computador, uma foto dela com um cara possivelmente o marido e, no canto da mesa, uma faixa azul. Daquelas enfeitadas que as pessoas recebem quando ganham uma competição. Algo estranho borbulhou dentro de mim. Hummm... Esquisito.
A Sra. Collins fez dois furos na carta e a colocou na minha pasta, já lotada.
- Pronto, sou oficialmente sua terapeuta.
Quando ela não disse mais nada, voltei o olhar da faixa para ela.
Ela estava me observando.
- E uma bela faixa, não, Demi?
Meu pai engoliu em seco e lançou um olhar mortal para a Sra. Collins. OK era uma reação estranha, mas, por outro lado, ele estava irritado de estar ali. Meus olhos se voltaram de novo para a faixa. Por que parecia familiar?
- Acho que sim.
Os olhos dela se esgueiraram para as plaquetas de metal que eu distraidamente remexia ao redor do pescoço.
- Sinto muito pela perda da família. Qual ramo das Forças Armadas?
Ótimo. Meu pai ia ter um ataque do coração. Ele tinha deixado claro umas setenta e cinco vezes que as plaquetas de identificação do Aires deveriam ficar na caixa debaixo da minha cama, mas eu precisava delas hoje - nova terapeuta, os dois anos da morte do Aires ainda recentes e o primeiro dia do meu último semestre na escola. A náusea revirava meu estômago. Evitando a testa franzida de desaprovação do meu pai, fiz um esforço enorme para buscar pontas duplas no meu cabelo.
- Marinha - respondeu meu pai de forma breve. - Olha, tenho uma reunião ainda de manhã com clientes potenciais, prometi pra Ashley que iria ao médico com ela e a Demi esta perdendo aula. Quando vamos encerrar este assunto?
- Quando eu determinar. Se dificultar essas sessões, Sr. Lovato, ficarei muito feliz em ligar para a assistente social da Demi.
Eu me segurei para não rir. A Sra. Collins sabia conduzir as coisas.
Meu pai recuou, mas minha madrasta, por outro lado...
- Eu não entendo. A Demi vai fazer dezoito anos daqui a pouco. Por que o estado ainda tem autoridade sobre ela?
- Porque é isso que o estado, a assistente social dela e eu achamos que é melhor para ela. - A Sra. Collins fechou minha pasta. - A Demi vai continuar a terapia comigo até se formar, na primavera. Então o estado do Kentucky pode libera- la... e a vocês.
Ela esperou Ashley acenar com a cabeça aceitando a situação em silêncio antes de continuar.
- Como você está, Demi?
Maravilhosa. Fantástica. Melhor do que nunca.
- Bem.
- É mesmo? - Ela batucou com um dedo no próprio queixo. - Porque eu acharia que o aniversário da morte do seu irmão pudesse despertar emoções dolorosas.
A Sra. Collins me olhava enquanto eu a encarava sem expressão.
Meu pai e Ashley observavam o espetáculo desagradável. A culpa me incomodava.
Tecnicamente, ela não me fez uma pergunta; então, na teoria, eu não precisava responder, mas a necessidade de agradar a Sra. Collins foi maior. Mas por quê? Ela era mais uma terapeuta na história. Todas elas me faziam as mesmas perguntas e prometiam me ajudar, mas todas me deixavam nas mesmas condições em que me encontravam: arrasada.
- Ela chora. - A voz aguda de Ashley cortou o silêncio como se ela estivesse contando uma fofoca no cabeleireiro. – O tempo todo. Ela sentiu muita falta do Aires.
Meu pai e eu viramos a cabeça para olhar para a perua loura. Eu queria que ela continuasse, enquanto meu pai, tenho certeza, queria que ela calasse a boca. Deus me ouviu pela primeira vez. Ashley continuou:
- Todos nós sentimos falta dele. É muito triste pensar que o bebê nunca vai conhece- lo.
E, mais uma vez, bem- vindos ao espetáculo de Ashley, com o patrocínio do meu pai. A Sra. Collins escrevia muito rápido, sem dúvida registrando todas as palavras descuidadas de Ashley na minha ficha enquanto meu pai resmungava.
- Demi, você quer falar do Aires na sessão de hoje?- perguntou a Sra. Collins.
- Não. - Essa possivelmente foi a resposta mais honesta que eu dei durante toda a manhã.
- Tudo bem - disse ela. - Vamos deixar esse assunto para outro dia. E a sua mãe? Você tem algum contato com ela?
Ashley e meu pai responderam ao mesmo tempo:
- Não.
Enquanto eu soltei:
- Mais ou menos.
Eu me senti prensada pelo modo como os dois se inclinaram na minha direção. Não sei muito bem o que me levou a contar a verdade.
- Tentei ligar pra ela durante as férias. - Como ela não atendeu, fiquei sentada ao lado do telefone por dias, esperando e rezando para que minha mãe se lembrasse de que dois anos antes, meu irmão, filho dela, tinha morrido.
Meu pai passou a mão pelo rosto.
- Você sabe que não tem permissão para ter contato com a sua mãe. - A raiva na voz indicava que ele não acreditava que eu tinha dado a terapeuta essa informação irresistível. - Você tem um mandado de restrição. Demi foi pelo telefone fixo ou pelo celular?
- Pelo fixo - eu estava sufocada. - Mas eu não falei com ela. Juro.
Ele mexeu no BlackBerry e o número do advogado apareceu na tela.
Agarrei as plaquetas de identificação, com o nome e a identidade militar do Aires se encaixando na palma da minha mão.
- Por favor, pai, não - sussurrei.
Ele hesitou, e meu coração quase parou. Então, pela graça de Deus, ele largou o telefone no colo.
- Agora vamos ter que mudar o número do telefone.
Concordei com a cabeça. Era uma droga que minha mãe nunca pudesse ligar para minha casa, mas aceitei o golpe... Por ela. Entre todas as coisas que a minha mãe precisava, a prisão não era uma delas.
- Você teve contato com a sua mãe desde então?- A Sra. Collins deixou a simpatia de lado.
- Não. - Fechei os olhos e respirei fundo. Tudo em mim doía. Eu não conseguiria manter a cara de paisagem por muito tempo. Essa linha de questionamento cutucava as feridas recém- cicatrizadas da minha alma.
- Para confirmar que estamos falando a mesma língua: você sabe que, enquanto houver um mandado de restrição, o contato entre você e a sua mãe é proibido, mesmo que a iniciativa seja sua?
- Sei. - Respirei fundo de novo. O nó na minha garganta impedia a entrada do precioso oxigênio. Eu sentia saudade do Aires e, meu Deus, da minha mãe, e Ashley ia ter um bebê, e meu pai me cobrava o tempo todo, e... eu precisava de alguma coisa, qualquer coisa.
Indo contra qualquer bom senso, deixei as palavras escaparem da minha boca.
- Eu quero consertar o carro do Aires. - Talvez, e era apenas uma suposição, restaurar algo dele fizesse minha dor sumir.
- Ah, não, isso de novo... - resmungou meu pai.
- Espera. Isso o que? Demi, do que você está falando? - perguntou a Sra. Collins.
Encarei as luvas nas minhas mãos.
- O Aires encontrou um Corvette 1965 num ferro- velho. Ele passava todo o tempo livre consertando o carro e estava quase terminando antes de ir para o Afeganistão. Eu quero restaurar o carro. Pelo Aires. – Por mim. Ele não deixou nada para trás quando partiu, além do carro.
- Isso me parece um jeito saudável de lembrar o seu irmão. Qual sua opinião sobre isso, Sr. Lovato? - A Sra. Collins sabia fazer cara de cachorro pidão, um talento que eu ainda precisava dominar.
Meu pai, presente de corpo, mas com a mente sempre no trabalho, rolou a tela do BlackBerry.
- Isso custa dinheiro, e não vejo por que consertar um carro quebrado se ela tem um que funciona.
- Então me deixa arrumar um emprego - soltei. - E podemos vender o meu carro depois que o do Aires estiver funcionando.
Todos os olhares estavam voltados para ele, e agora o dele estava voltado para mim. Sem querer, eu encurralei meu pai. Ele queria dizer "não", mas isso provocaria a ira da nova terapeuta. Afinal, tínhamos que ser perfeitos na terapia. Deus nos livre de aproveitar a oportunidade para discutir nossos problemas.
- Está bem, mas ela vai ter que pagar pelo carro sozinha, e a Demi sabe as minhas regras sobre emprego. Ela tem que achar um emprego flexível que não interfira nos assuntos da escola, nos acordos que fizemos e nas notas. Então, assunto encerrado?
A Sra. Collins olhou de relance para o relógio.
- Ainda não. Demi, sua assistente social estendeu sua terapia até a formatura por causa das avaliações dos seus professores. Desde o início do terceiro ano, todos os seus professores perceberam um retrocesso nítido na sua participação em sala de aula e na interação com os colegas. - Os olhos acolhedores encararam os meus. - Todo mundo quer que você seja feliz, Demi, e eu gostaria que você me desse a oportunidade de ajudar.
Ergui uma sobrancelha. Até parece que eu tinha escolha quanta a terapia. E, quanta a minha felicidade... boa sorte.
- Claro.
A voz animada da Ashley me assustou.
- Ela tem um encontro no Dia dos Namorados.
Agora foi a vez de o meu pai e eu falarmos ao mesmo tempo.
- Tenho?
- Tem?
Os olhos da Ashley se alternavam nervosos entre mim e meu pai.
- Claro, não se lembra, Demi? Ontem à noite falamos sobre o novo carinha que você está paquerando, e eu disse que você não devia largar seus amigos na escola porque estava obcecada por um cara.
Pensei em qual parte me perturbava mais: o namorado imaginário ou o fato de ela dizer que realmente conversamos. Enquanto eu estava decidindo, meu pai se levantou e vestiu o casaco.
- Esta vendo, Sra. Collins? A Demi está bem. Só um pouco abalada pela paixão. Por mais que eu goste dessas sessões, a consulta da Ashley e daqui a vinte minutes, e não quero que a Demi perca mais aulas.
- Demi, você realmente esta interessada em ganhar dinheiro para consertar o carro do seu irmão?- perguntou a Sra. Collins enquanto acompanhava meu pai e minha madrasta até a saída.
Puxei as luvas que eu estava usando para cobrir a pele.
- Mais do que você pode imaginar.
Ela sorriu para mim antes de sair pela porta.
- Então eu tenho um emprego pra você. Espere aqui para discutirmos os detalhes.

Os três se reuniram no outro canto do escritório, sussurrando entre si. Meu pai colocou o braço na cintura da Ashley, e ela se recostou nele enquanto os dois concordavam com a cabeça ouvindo as palavras murmuradas da Sra. Collins. A conhecida pontada de ciúme e raiva me revirou por dentro. Como ele podia amá- la, mesmo ela tendo causado tanta destruição?







XOXO Neia :)
Oiee 
Como prometido é devido...ai está o 1º cap.
Espero que tenham gostado gente...próximo fim de semana há mais, ou se me apetecer, ate no meio da semana postarei outro...mas ainda não sei!
Bem, espero que esteja tudo bom com vocês e claro, comente né ;)
Até ao próximo capitulo.
Kisses amo vocês <3