segunda-feira, 25 de agosto de 2014

No Limite da Atração – Capitulo 2


Joe
O cheiro de tinta fresca e de gesso me fez pensar no meu pai, e não na escola. Ainda assim, esse cheiro me atingiu em cheio quando entrei no escritório totalmente reformado. Com livros nas mãos, andei devagar até o balcão.
- E aí, Sra. Marcos?
- Joe, porque se atrasou de novo, muchacho ? - perguntou ela enquanto reunia uns papéis.
O relógio na parede marcou nove da manhã.
- Droga, é cedo.
A Sra. Marcos desviou de sua nova mesa de cerejeira para me encontrar no balcão. Ela acabava comigo quando eu chegava atrasado, mas ainda assim eu gostava dela. Com longos cabelos castanhos, ela parecia uma versão hispânica da minha mãe.
- Você perdeu a consulta com a Sra. Collins esta manhã. Não é uma boa forma de começar o segundo período - sussurrou ela enquanto registrava meu atraso. Ela inclinou a cabeça na direção dos três adultos reunidos no canto distante da sala. Presumi que a loira de meia- idade sussurrando para o casal rico era a nova orientadora.
Dei de ombros e deixei o canto direito da minha boca se retorcer para cima.
- Ops!
A Sra. Marcos me estendeu o registro de atraso e me lançou o olhar carrancudo de sempre. Ela era a única pessoa nesta escola que não acreditava que meu futuro e eu estávamos completamente fodidos. A loira de meia- idade falou alto:
- Sr. Jonas estou feliz que tenha se lembrado da nossa consulta, mesmo estando atrasado. Tenho certeza que não se importa de aguardar um pouco enquanto termino algumas coisas. - Ela sorriu para mim como se fossemos velhos amigos e falou com tanta suavidade que, por um instante, quase sorri de volta. Em vez disso, fiz sinal com a cabeça e me sentei na fileira de cadeiras encostadas na parede do escritório. A Sra. Marcos riu.
- O que foi?
- Ela não vai aturar a sua postura. Talvez ela te convença a levar a escola a sério.
Recostei a cabeça na parede de concreto pintado e fechei os olhos, precisando de mais umas horas de sono. Faltando uma pessoa para fechar, o restaurante só me liberou depois da meia- noite, e depois Beth e Isaiah me mantiveram acordado.
- Sra. Marcos? - perguntou uma voz angelical. - Pode me dizer quais são as próximas datas para o exame nacional, por favor?
O telefone tocou.
- Espere um segundo - disse a Sra. Marcos. E o telefone silenciou.
Uma cadeira na mesma fileira da minha se mexeu, e minha boca se encheu de água com o aroma de pão de canela. Dei uma espiada e notei um cabelo vermelho, macio e cacheado. Eu a conhecia. Demi Lovato.
Não havia pão de canela a vista, mas ela certamente cheirava a um.
Fizemos várias aulas juntos. Eu não sabia muito a seu respeito, além de que era discreta, inteligente, ruiva e tinha peitos grandes. Ela usava camisetas largas de manga comprida que caiam nos ombros e tops por baixo que revelavam apenas o suficiente para atiçar as fantasias.
Como sempre, ela olhava diretamente para frente, como se eu não existisse. Droga, provavelmente eu não existia na cabeça dela. Pessoas como Demi Lovato me irritavam demais.
- Você tem um nome esquisito - murmurei. Eu não sabia por que queria provoca- la, mas tive vontade.
- Você não devia estar se drogando no banheiro?
Então ela me conhecia.
- Eles instalaram câmaras de segurança. Agora a gente faz isso no estacionamento.
- Foi mal. - O pé dela se balançava freneticamente para frente e para trás.
Ótimo, eu tinha conseguido penetrar naquela fachada perfeita.
- Demi... Demi... Demi...
O pé dela parou de balançar e os cachos vermelhos sacudiram furiosamente quando ela se virou para me encarar.
- Que original. Eu nunca ouvi isso antes.
Ela agarrou a mochila e saiu da sala. A bunda durinha rebolava enquanto ela marchava pelo corredor. Isso não foi tão divertido quanta pensei que seria. Na verdade, eu meio que me senti um babaca.
- Joe? - a Sra. Collins me chamou para o escritório.
O último orientador tinha muitos problemas de TOC. Tudo no escritório era perfeitamente arrumado. Eu costumava mudar as placas de lugar só para incomoda- lo. Não haveria essa diversão com a Sra. Collins.
Sua mesa era uma bagunça. Eu poderia enterrar um corpo ali e ninguém jamais encontraria.
Sentando diante da Sra. Collins, esperei que ela acabasse com a minha raça.
- Como foi seu Natal? - De novo ela estava com aquele olhar de cachorro pidão.
- Bom. - Isto é, se você considerar que seus pais adotivos gritando um com o outro e jogando os presentes de todo mundo na lareira é um bom Natal. Sempre sonhei em passar meu Natal em um porão imundo vendo meus dois melhores amigos se drogarem.
- Maravilha. Então as coisas estão indo bem na sua nova família adotiva. - Ela disse em tom de afirmação, mas com a intenção de ser uma pergunta.
- É. - Em comparação com as três últimas famílias que eu tive, eles eram a maravilhosa Família Sol- Lá- Si- Dó. Dessa vez, o sistema tinha me colocado com outro adolescente. Ou as pessoas encarregadas tinham poucas opções ou finalmente estavam começando a acreditar que eu não era a ameaça que imaginavam. Pessoas rotuladas como eu não tinham permissão para viver com outros menores de idade. - Olha, eu já tenho uma assistente social e ela já é um saco. Diga aos seus chefes que você não precisa perder seu tempo comigo.
- Não sou assistente social - disse ela. - Sou uma assistente social clínica.
- É a mesma coisa.
- Na verdade, não é. Estudei por muito mais tempo.
- Bom pra você.
- E isso significa que posso lhe oferecer um nível diferente de ajuda.
- Você é paga pelo Estado?- perguntei.
- Sou.
- Então não quero a sua ajuda.
Os lábios dela se retorceram em um meio sorriso, e eu quase senti uma pontinha de respeito por ela.
- Que tal irmos direto ao assunto?- perguntou ela. - De acordo com seu arquivo, você tem um histórico de violência.
Eu a encarei. Ela me encarou. Aquele arquivo era cheio de merda, mas anos atrás eu aprendi que a palavra de um adolescente não vale nada contra a palavra de um adulto.
- Este arquivo, Joe. - Ela bateu três vezes nele com o dedo. – Acho que ele não conta a história toda. Conversei com seus professores na Highland High. A imagem que eles fizeram não representa o jovem que estou vendo na minha frente.
Agarrei com força a espiral do meu caderno de cálculo até furar a palma da mão. Quem diabos essa mulher achava que era para escavar meu passado?
Ela folheou meu arquivo.
- Você foi transferido para vários lares adotivos nos últimos dois anos e meio. Esta e sua quarta escola desde a morte dos seus pais. O que eu acho interessante é que, até um ano e meio atrás, você ainda estava entre os melhores alunos da escola e ainda competia nos exportes. Essas qualidades normalmente não combinam com um caso de indisciplina.
- Talvez você precise cavar um pouco mais fundo. - Eu queria essa mulher fora da minha vida, e a melhor maneira de fazer isso era assusta- la. - Se fizesse isso, descobriria que espanquei meu primeiro pai adotivo. - Na verdade, eu dei um soco na cara dele quando o peguei batendo no filho biológico. Engraçado que ninguém da família ficou do meu lado quando os policiais chegaram. Nem mesmo o garoto que eu defendi
A Sra. Collins parou, como se estivesse esperando que eu desse a minha versão da história, mas ela estava muito enganada. Desde a morte dos meus pais, aprendi que ninguém no sistema dava a mínima. Depois que você entrava, estava ferrado.
- Seu antigo orientador na Highland falou muito bem de você. Disse que você entrou para o time de basquete da escola no primeiro ano, um dos melhores alunos, envolvido em várias atividades estudantis, popular entre os colegas. - Ela me inspecionou. - Acho que eu teria gostado desse aluno.
Eu também - mas a vida era uma droga.
- Meio tarde para entrar para o time de basquete... Já estamos no meio da temporada e tal. Você acha que o treinador aceitaria as minhas tatuagens?
- Não tenho o menor interesse em recriar sua vida antiga, mas acredito que juntos podemos criar algo novo. Um futuro melhor do que o que você terá se continuar no caminho em que está. - Ela parecia tão absurdamente sincera. Eu queria acreditar nela, mas tinha aprendido do jeito difícil, a nunca confiar em ninguém. Mantendo o rosto livre de emoções, deixei o silêncio crescer.
Ela rompeu o contato visual primeiro e sacudiu a cabeça.
- Você passou uns maus bocados, mas é cheio de possibilidades. Suas notas nos testes de aptidão são fenomenais, e seus professores veem seu potencial. Sua média precisa melhorar, assim como sua frequência. Acredito que as duas coisas estejam relacionadas. Bem, eu tenho um plano. Além de me ver uma vez por semana, você vai participar de aulas de reforço até sua média se aproximar das notas dos testes.
Eu me levantei. Já tinha perdido a primeira aula. Essa reuniãozinha divertida me fez perder a segunda. Mas, já que eu tinha tirado a bunda da cama, tinha a intenção de ir a aula em algum momento hoje.
- Não tenho tempo para isso.
Uma leve irritação tomou conta de seu tom de voz, tão sutil que quase não percebi.
- Preciso contactar sua assistente social?
Fui em direção a porta.
- Vai em frente. O que ela vai fazer? Destruir minha família? Me colocar no sistema de lares adotivos? Continue a cavar e vai ver que chegou tarde demais.
- Quando foi a última vez que você viu seus irmãos, Joe?
Minha mão congelou na maçaneta.
- E se eu pudesse lhe oferecer visitas supervisionadas mais frequentes?
Larguei a maçaneta e voltei a sentar.








XOXO Neia *-*
Desculpem a demora gentiii :/
De qualquer das maneiras, aqui tá novo cap....até à próxima gente e espero que estejam a gostar.
Comentem :)
Kisses <3

sábado, 16 de agosto de 2014

No Limite da Atração – Capitulo 1


Demi
- Meu pai é controlador, odeio minha madrasta, meu irmão morreu e minha mãe têm, digamos, problemas. Como você acha que estou?
Era assim que eu adoraria ter respondido a pergunta da Sra. Collins, mas meu pai dava importância demais as aparências para eu responder com honestidade. Em vez disso, pensei duas vezes e disse:
- Bem.
A Sra. Collins, a nova assistente social da Eastwick High, agiu como se eu não tivesse falado nada. Ela largou uma pilha de casos no canto da mesa já abarrotada e folheou vários papéis. Minha nova terapeuta gemeu quando encontrou minha pasta, com sete centímetros de espessura, e tomou um reconfortante gole de café, deixando uma marca de batom vermelho na borda da xícara. O fedor de café barato e de lápis recém- apontado pairava no ar.
Na cadeira a minha direita, meu pai olhou o relógio e, a minha esquerda, a Bruxa Má do Oeste se remexia impaciente. Eu estava perdendo a primeira aula de cálculo e meu pai estava perdendo uma reunião muito importante. E minha madrasta de Oz estava perdendo o que? Tenho certeza de que estava perdendo o cérebro.
- Vocês não adoram o mês de janeiro? - perguntou a Sra. Collins enquanto abria meu histórico. - Novo ano, novo mês, uma ficha em branco para começar do zero. - Sem esperar uma resposta, ela continuou:
- Vocês gostam das cortinas? Eu que fiz.
Em um movimento sincronizado, meu pai, minha madrasta e eu voltamos nossa atenção para as cortinas de bolinhas cor-de-rosa nas janelas que davam para o estacionamento. As cortinas pareciam coisa de roça, com uma cor que chegava a doer. Nenhum de nós respondeu, e nosso silêncio criou um embaraço pesado.
O BlackBerry do meu pai vibrou. Com um esforço exagerado, ele o puxou do bolso e rolou a tela. Ashley batucava com os dedos na barriga inchada e eu lia as diversas placas pintadas à mão penduradas na parede para me concentrar em qualquer coisa que não fosse ela.
O fracasso é seu único inimigo.
A única maneira de subir e nunca olhar para baixo.
Temos sucesso porque acreditamos.
Num ninho de mafagafos sete mafagafinhos há; quem os desmafagafizar bom desmafagafizador será.
OK, a última frase não estava na parede de ditados, mas eu acharia sensacional.
A Sra. Collins me lembrava de um enorme labrador, com os cabelos loiros e uma atitude amigável demais.
- As notas da Demi são fantásticas. Vocês devem ter muito orgulho da sua filha.
Ela me deu um sorriso sincero, mostrando todos os dentes.
Liguem o cronômetro. Minha sessão de terapia começou oficialmente. Cerca de dois anos atrás, depois do incidente, os Serviços de Proteção a Criança tinham "recomendado fortemente" a terapia e meu pai sabia que era melhor dizer "sim" a qualquer coisa "recomendada fortemente". Eu costumava ir à terapia como as pessoas normais, em um consultório separado da escola. Graças a um financiamento do estado do Kentucky e uma assistente social empolgada, eu tinha me tornado parte desse programa piloto. O único trabalho da Sra. Collins era lidar com algumas crianças da minha escola. Sorte a minha.
Meu pai se endireitou na cadeira.
- As notas de matemática foram baixas. Quero que ela refaça as provas.
- Tem um banheiro por aqui?- interrompeu Ashley. - O bebê adora sentar na minha bexiga.
Na verdade, Ashley adorava transformar tudo em assunto de Já. A Senhora Collins deu um sorriso amarelo e apontou para a porta.
- Vá até o corredor principal e vire à direita.
Pelo modo como ela manobrou para sair da cadeira, Ashley agia como se carregasse uma bola de quinhentos quilos, em vez de um bebê minúsculo. Sacudi a cabeça com desprezo, o que só fez meu pai me lançar um olhar congelante.
- Sr. Lovato - continuou a Sra. Collins depois que Ashley saiu da sala -, as notas da Demi estão bem acima da média nacional e, de acordo com o histórico, ela já se candidatou as faculdades que quis.
- Tem algumas faculdades de administração com prazos estendidos que eu gostaria que ela tentasse. Além disso, esta família não aceita "acima da média". Minha filha e muito mais do que isso.
Meu pai falava como um deus. Ele poderia ter acrescentado à frase "Que isso fique muito claro aqui".
Coloquei o cotovelo no braço da cadeira e escondi o rosto com as mãos.
- Estou vendo que isso realmente o chateia, Sr. Lovato - disse a Sra. Collins em um tom irritantemente calma. - Mas a Demi praticamente gabarita as provas de inglês...
E foi aí que eu me desliguei deles. Meu pai e a orientadora anterior tiveram essa briga no meu segundo ano, quando fiz o exame nacional como treino. Depois, de novo, no ano passado, quando fiz para valer pela primeira vez. Em algum momento, a orientadora percebeu que meu pai sempre ganhava e começou a desistir depois do primeiro round.
Minhas notas nos testes eram a menor das minhas preocupações. Conseguir dinheiro para consertar o carro do Aires era a preocupação que ocupava meu cérebro. Desde a morte do Aires, meu pai tinha ficado irredutível no assunto, insistindo que deveríamos vendê- lo.
- Demi, você está satisfeita com as suas notas? - perguntou a Sra. Collins.
Espiei através do cabelo vermelho cacheado pendurado sobre o meu rosto. A última terapeuta entendia a hierarquia da nossa família e falava com o meu pai, não comigo.
- Como?
- Você está feliz com suas notas no exame? Quer fazer as provas de novo? - Ela cruzou as mãos e as colocou sobre a minha pasta. – Você quer se candidatar a outras faculdades?
Fitei os olhos cinza cansados do meu pai. Vamos ver. Fazer as provas mais uma vez significaria meu pai me pressionando a cada segundo para estudar, o que no fim das contas significaria ter de madrugar aos sábados, passar a manhã toda fritando meu cérebro e depois me preocupar por semanas com os resultados. Quanto a me candidatar a outras faculdades?
Prefiro fazer as provas de novo.
- Na verdade, não.
As rugas de preocupação marcadas para todo o sempre ao redor dos olhos e da boca dele se aprofundaram em desaprovação. Mudei meu tom.
- Meu pai está certo. É melhor eu fazer de novo sim.
A Sra. Collins escreveu na minha ficha com uma caneta. Minha última terapeuta conhecia muito bem meus problemas com autoridade.
Não havia necessidade de reescrever o que já estava ali.
Ashley cambaleou de volta para a sala e se jogou na cadeira ao meu lado.
- Perdi alguma coisa?
Eu sinceramente tinha esquecido que ela existia. Ah, se meu pai fizesse o mesmo...
- Nada - respondeu meu pai.
A Sra. Collins finalmente parou de escrever.
- Antes de ir para a aula, pergunte a Sra. Marcos quando são as próximas provas. E, como estou fazendo o papel de orientadora, gostaria de discutir sua agenda para o período de inverno. Você ocupou seus horários livres com várias aulas de negócios. Eu gostaria de saber por que.
A resposta verdadeira - porque meu pai me obrigou – provavelmente irritaria várias pessoas na sala. Então improvisei:
- Elas vão me ajudar a me preparar para a faculdade.
Uau. Eu disse isso com todo o entusiasmo de uma criança de seis anos esperando para tomar injeção. Péssima escolha de minha parte. Meu pai se remexeu de novo na cadeira e suspirou. Pensei em dar uma resposta diferente, mas imaginei que essa resposta também seria desanimada.
A Sra. Collins examinou minha ficha.
- Você demonstrou um talento incrível para arte, principalmente pintura. Não estou sugerindo que você abandone todas as aulas de negócios, mas poderia trancar uma delas e fazer artes no lugar.
- Não. – rosnou meu pai. Ele se inclinou para frente, apontando para ela. – A Demi não vai fazer nenhuma aula de artes, está claro.
Meu pai era uma mistura de instrutor militar e Coelho Branco da Alice: sempre tinha algum lugar importante para ir e adorava mandar em todo mundo.
Tive de dar crédito a Sra. Collins; ela não piscou uma única vez antes de se render.
- Como água.
- Bem, agora podemos ir... - Ashley e seu bebê protuberante ficaram na ponta da cadeira, se preparando para levantar. - Sem querer marquei compromissos demais para hoje e vou fazer ultrassom. Pode ser que a gente descubra o sexo do bebê.
- Sra. Lovato, os estudos da Demi não são o motivo desta reunião, mas vou entender se tiver de sair. - Ela pegou uma carta oficial na gaveta superior enquanto Ashley, corada, se sentou de novo. Eu já tinha visto aquele cabeçalho várias vezes nos últimos dois anos. Os Serviços de Proteção a Criança gostavam de matar florestas.
A Sra. Collins leu a carta em silêncio enquanto eu secretamente desejava entrar em combustão espontânea. Meu pai e eu nos largamos na cadeira. Ah, as alegrias da terapia em grupo.
Enquanto a esperava terminar de ler, percebi um sapo verde de pelúcia ao lado do computador, uma foto dela com um cara possivelmente o marido e, no canto da mesa, uma faixa azul. Daquelas enfeitadas que as pessoas recebem quando ganham uma competição. Algo estranho borbulhou dentro de mim. Hummm... Esquisito.
A Sra. Collins fez dois furos na carta e a colocou na minha pasta, já lotada.
- Pronto, sou oficialmente sua terapeuta.
Quando ela não disse mais nada, voltei o olhar da faixa para ela.
Ela estava me observando.
- E uma bela faixa, não, Demi?
Meu pai engoliu em seco e lançou um olhar mortal para a Sra. Collins. OK era uma reação estranha, mas, por outro lado, ele estava irritado de estar ali. Meus olhos se voltaram de novo para a faixa. Por que parecia familiar?
- Acho que sim.
Os olhos dela se esgueiraram para as plaquetas de metal que eu distraidamente remexia ao redor do pescoço.
- Sinto muito pela perda da família. Qual ramo das Forças Armadas?
Ótimo. Meu pai ia ter um ataque do coração. Ele tinha deixado claro umas setenta e cinco vezes que as plaquetas de identificação do Aires deveriam ficar na caixa debaixo da minha cama, mas eu precisava delas hoje - nova terapeuta, os dois anos da morte do Aires ainda recentes e o primeiro dia do meu último semestre na escola. A náusea revirava meu estômago. Evitando a testa franzida de desaprovação do meu pai, fiz um esforço enorme para buscar pontas duplas no meu cabelo.
- Marinha - respondeu meu pai de forma breve. - Olha, tenho uma reunião ainda de manhã com clientes potenciais, prometi pra Ashley que iria ao médico com ela e a Demi esta perdendo aula. Quando vamos encerrar este assunto?
- Quando eu determinar. Se dificultar essas sessões, Sr. Lovato, ficarei muito feliz em ligar para a assistente social da Demi.
Eu me segurei para não rir. A Sra. Collins sabia conduzir as coisas.
Meu pai recuou, mas minha madrasta, por outro lado...
- Eu não entendo. A Demi vai fazer dezoito anos daqui a pouco. Por que o estado ainda tem autoridade sobre ela?
- Porque é isso que o estado, a assistente social dela e eu achamos que é melhor para ela. - A Sra. Collins fechou minha pasta. - A Demi vai continuar a terapia comigo até se formar, na primavera. Então o estado do Kentucky pode libera- la... e a vocês.
Ela esperou Ashley acenar com a cabeça aceitando a situação em silêncio antes de continuar.
- Como você está, Demi?
Maravilhosa. Fantástica. Melhor do que nunca.
- Bem.
- É mesmo? - Ela batucou com um dedo no próprio queixo. - Porque eu acharia que o aniversário da morte do seu irmão pudesse despertar emoções dolorosas.
A Sra. Collins me olhava enquanto eu a encarava sem expressão.
Meu pai e Ashley observavam o espetáculo desagradável. A culpa me incomodava.
Tecnicamente, ela não me fez uma pergunta; então, na teoria, eu não precisava responder, mas a necessidade de agradar a Sra. Collins foi maior. Mas por quê? Ela era mais uma terapeuta na história. Todas elas me faziam as mesmas perguntas e prometiam me ajudar, mas todas me deixavam nas mesmas condições em que me encontravam: arrasada.
- Ela chora. - A voz aguda de Ashley cortou o silêncio como se ela estivesse contando uma fofoca no cabeleireiro. – O tempo todo. Ela sentiu muita falta do Aires.
Meu pai e eu viramos a cabeça para olhar para a perua loura. Eu queria que ela continuasse, enquanto meu pai, tenho certeza, queria que ela calasse a boca. Deus me ouviu pela primeira vez. Ashley continuou:
- Todos nós sentimos falta dele. É muito triste pensar que o bebê nunca vai conhece- lo.
E, mais uma vez, bem- vindos ao espetáculo de Ashley, com o patrocínio do meu pai. A Sra. Collins escrevia muito rápido, sem dúvida registrando todas as palavras descuidadas de Ashley na minha ficha enquanto meu pai resmungava.
- Demi, você quer falar do Aires na sessão de hoje?- perguntou a Sra. Collins.
- Não. - Essa possivelmente foi a resposta mais honesta que eu dei durante toda a manhã.
- Tudo bem - disse ela. - Vamos deixar esse assunto para outro dia. E a sua mãe? Você tem algum contato com ela?
Ashley e meu pai responderam ao mesmo tempo:
- Não.
Enquanto eu soltei:
- Mais ou menos.
Eu me senti prensada pelo modo como os dois se inclinaram na minha direção. Não sei muito bem o que me levou a contar a verdade.
- Tentei ligar pra ela durante as férias. - Como ela não atendeu, fiquei sentada ao lado do telefone por dias, esperando e rezando para que minha mãe se lembrasse de que dois anos antes, meu irmão, filho dela, tinha morrido.
Meu pai passou a mão pelo rosto.
- Você sabe que não tem permissão para ter contato com a sua mãe. - A raiva na voz indicava que ele não acreditava que eu tinha dado a terapeuta essa informação irresistível. - Você tem um mandado de restrição. Demi foi pelo telefone fixo ou pelo celular?
- Pelo fixo - eu estava sufocada. - Mas eu não falei com ela. Juro.
Ele mexeu no BlackBerry e o número do advogado apareceu na tela.
Agarrei as plaquetas de identificação, com o nome e a identidade militar do Aires se encaixando na palma da minha mão.
- Por favor, pai, não - sussurrei.
Ele hesitou, e meu coração quase parou. Então, pela graça de Deus, ele largou o telefone no colo.
- Agora vamos ter que mudar o número do telefone.
Concordei com a cabeça. Era uma droga que minha mãe nunca pudesse ligar para minha casa, mas aceitei o golpe... Por ela. Entre todas as coisas que a minha mãe precisava, a prisão não era uma delas.
- Você teve contato com a sua mãe desde então?- A Sra. Collins deixou a simpatia de lado.
- Não. - Fechei os olhos e respirei fundo. Tudo em mim doía. Eu não conseguiria manter a cara de paisagem por muito tempo. Essa linha de questionamento cutucava as feridas recém- cicatrizadas da minha alma.
- Para confirmar que estamos falando a mesma língua: você sabe que, enquanto houver um mandado de restrição, o contato entre você e a sua mãe é proibido, mesmo que a iniciativa seja sua?
- Sei. - Respirei fundo de novo. O nó na minha garganta impedia a entrada do precioso oxigênio. Eu sentia saudade do Aires e, meu Deus, da minha mãe, e Ashley ia ter um bebê, e meu pai me cobrava o tempo todo, e... eu precisava de alguma coisa, qualquer coisa.
Indo contra qualquer bom senso, deixei as palavras escaparem da minha boca.
- Eu quero consertar o carro do Aires. - Talvez, e era apenas uma suposição, restaurar algo dele fizesse minha dor sumir.
- Ah, não, isso de novo... - resmungou meu pai.
- Espera. Isso o que? Demi, do que você está falando? - perguntou a Sra. Collins.
Encarei as luvas nas minhas mãos.
- O Aires encontrou um Corvette 1965 num ferro- velho. Ele passava todo o tempo livre consertando o carro e estava quase terminando antes de ir para o Afeganistão. Eu quero restaurar o carro. Pelo Aires. – Por mim. Ele não deixou nada para trás quando partiu, além do carro.
- Isso me parece um jeito saudável de lembrar o seu irmão. Qual sua opinião sobre isso, Sr. Lovato? - A Sra. Collins sabia fazer cara de cachorro pidão, um talento que eu ainda precisava dominar.
Meu pai, presente de corpo, mas com a mente sempre no trabalho, rolou a tela do BlackBerry.
- Isso custa dinheiro, e não vejo por que consertar um carro quebrado se ela tem um que funciona.
- Então me deixa arrumar um emprego - soltei. - E podemos vender o meu carro depois que o do Aires estiver funcionando.
Todos os olhares estavam voltados para ele, e agora o dele estava voltado para mim. Sem querer, eu encurralei meu pai. Ele queria dizer "não", mas isso provocaria a ira da nova terapeuta. Afinal, tínhamos que ser perfeitos na terapia. Deus nos livre de aproveitar a oportunidade para discutir nossos problemas.
- Está bem, mas ela vai ter que pagar pelo carro sozinha, e a Demi sabe as minhas regras sobre emprego. Ela tem que achar um emprego flexível que não interfira nos assuntos da escola, nos acordos que fizemos e nas notas. Então, assunto encerrado?
A Sra. Collins olhou de relance para o relógio.
- Ainda não. Demi, sua assistente social estendeu sua terapia até a formatura por causa das avaliações dos seus professores. Desde o início do terceiro ano, todos os seus professores perceberam um retrocesso nítido na sua participação em sala de aula e na interação com os colegas. - Os olhos acolhedores encararam os meus. - Todo mundo quer que você seja feliz, Demi, e eu gostaria que você me desse a oportunidade de ajudar.
Ergui uma sobrancelha. Até parece que eu tinha escolha quanta a terapia. E, quanta a minha felicidade... boa sorte.
- Claro.
A voz animada da Ashley me assustou.
- Ela tem um encontro no Dia dos Namorados.
Agora foi a vez de o meu pai e eu falarmos ao mesmo tempo.
- Tenho?
- Tem?
Os olhos da Ashley se alternavam nervosos entre mim e meu pai.
- Claro, não se lembra, Demi? Ontem à noite falamos sobre o novo carinha que você está paquerando, e eu disse que você não devia largar seus amigos na escola porque estava obcecada por um cara.
Pensei em qual parte me perturbava mais: o namorado imaginário ou o fato de ela dizer que realmente conversamos. Enquanto eu estava decidindo, meu pai se levantou e vestiu o casaco.
- Esta vendo, Sra. Collins? A Demi está bem. Só um pouco abalada pela paixão. Por mais que eu goste dessas sessões, a consulta da Ashley e daqui a vinte minutes, e não quero que a Demi perca mais aulas.
- Demi, você realmente esta interessada em ganhar dinheiro para consertar o carro do seu irmão?- perguntou a Sra. Collins enquanto acompanhava meu pai e minha madrasta até a saída.
Puxei as luvas que eu estava usando para cobrir a pele.
- Mais do que você pode imaginar.
Ela sorriu para mim antes de sair pela porta.
- Então eu tenho um emprego pra você. Espere aqui para discutirmos os detalhes.

Os três se reuniram no outro canto do escritório, sussurrando entre si. Meu pai colocou o braço na cintura da Ashley, e ela se recostou nele enquanto os dois concordavam com a cabeça ouvindo as palavras murmuradas da Sra. Collins. A conhecida pontada de ciúme e raiva me revirou por dentro. Como ele podia amá- la, mesmo ela tendo causado tanta destruição?







XOXO Neia :)
Oiee 
Como prometido é devido...ai está o 1º cap.
Espero que tenham gostado gente...próximo fim de semana há mais, ou se me apetecer, ate no meio da semana postarei outro...mas ainda não sei!
Bem, espero que esteja tudo bom com vocês e claro, comente né ;)
Até ao próximo capitulo.
Kisses amo vocês <3


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

No Limite da Atração – Sinopse


Ninguém sabe o que aconteceu na noite em que Demi Lovato, uma das garotas mais populares da escola, se transformou em uma “esquisita” cheia de cicatrizes nos braços e alvo preferencial de fofocas. Nem a própria Demi consegue se lembrar de toda a verdade sobre aquela noite terrível. Ela só gostaria que as coisas voltassem ao normal.

Quando Joe Jonas, o cara lindo e solitário de jaqueta de couro, entra na vida de Demi, com sua atitude durona e sua surpreendente capacidade de compreendê-la, o mundo dela se modifica de maneiras que ela nunca poderia ter imaginado. Supostamente, eles não têm nada em comum. E, com os segredos que ambos escondem, ficar juntos vai se mostrar uma tarefa extremamente complicada.


Ainda assim, é impossível ignorar a atração entre eles. E Demi vai ter de se perguntar até onde é capaz de ir e o que está disposta a arriscar pelo único cara que pode ensiná-la a amar novamente. 





XOXO Neia *-*
Hey gente, tudo bom com vocês?
Bem, ai está a sinopse da nova fic que se irá chamar "No Limite da Atração"...espero que gostem e em breve posto o 1º cap.
Fiquem bem, e já sabem....comentem e divulguem :)
Quero saber o que acham desta nova fic, pelo o que é a sinopse, por isso digam algo nos comentários.
Kisses <3

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo EXTRA - Último


Arrependo-me e tê-la tratado mal naquele dia de madrugada quando acabei dormindo em frente ao seu quarto. Eu agiria de maneira completamente diferente se eu soubesse. Eu a teria beijado se soubesse que nunca mais poderia tocá-la. Eu a quero muito, mas nada podemos fazer para que alguma coisa mude para... melhor. —  pensamentos de Joe.

Sonhava com aquele garoto chamado Joe quando ouvi um baque em minha porta e sobressaltei. Olhei para Vanessa, que dormia pacificamente. Decidi ver o que havia sido aquilo.
Calcei meus chinelos e fui até a porta. Quando a abri, um garoto que estava sentado diante de minha porta caiu sobre minhas pernas, indo ao chão. Mas ele não estava apenas sentado, ele estava dormindo.
Ajoelhei-me ao seu lado e lhe dei um leve tapa na cara para acorda-lo.
— Acorde, Joe — eu disse. Porque fui logo pensar em abrir a porta?, pensei. Tentei chamá-lo novamente e ele começou a gemer.
Agarrou-se em minha perna, e quando tentei tirá-lo fui eu que caí para trás, batendo a cabeça na porta aberta. Eu arfei de dor e foi aí que ele acordou.
— O que aconteceu? — ele perguntou enquanto se sentava, totalmente acordado. — Por que estou aqui com você? — perguntou novamente, só que agora ele parecia constrangido.
— Você se “atirou” na minha porta, seu idiota. Quando vim ver o que era, você caiu em cima de mim e ainda por cima me atacou me fazendo bater a cabeça — respondi á sua pergunta ainda com a mão na cabeça, sabia que ali ficaria um galo logo, logo. E chamei Joe de idiota porque ele simplesmente me viu gemer de dor e não disse nada, nem um pedido de desculpas.
— E o que eu estava fazendo aqui, garota? — perguntou ele ainda sentado em meu chão, praticamente dentro de meu quarto, no vão da porta aberta. Ele se levantou e começou a encarar todas as coisas em sua volta. Eu, meu quarto, o corredor. Achei aquilo estranho.
— Como é que eu vou saber, foi você quem me acordou.
— Hum.
Ele me encarava como se já me conhecesse. Encarei-o enquanto ele me encarava. Quando seus olhos bateram em minha camiseta do Superman, ele disse algo estranho:
— Você é minha Lois Lane — ele sussurrou, quase inaudível.
— O quê? Qual é o seu problema? Eu nem te conhe...
Eu parei de tagarelar. Senti um déjã vu tão grande... Eu conhecia aquelas palavras. Lois Lane. Alguém já havia me chamado de Lois Lane antes, mas quem?
JOE!
JOE!
JOE!
JOE!
JOE!
JOE!
JOE!
JOE!
JOE!
JOE!
— Joe! — sussurrei seu nome quase não acreditando em quem estava parado na minha porta.
— Você se lembra — disse Joe sorridente.
— Você se lembra também?
— Sim.
Aquela cena estava tão estranha, decidi beliscá-lo.
— Eeeiiiiiiiiiiiii!
— Você não está morto.
Ele pensou por alguns segundos e avaliou a nossa situação.
— Não estava morto neste dia — fez uma pausa. — Somente daqui a duas semanas.
— Isso não é real — eu disse colocando a mão na cabeça como se estivesse doendo muito.
— Eu me lembro de estar te dizendo “adeus”. E quando eu abri os olhos vi você. Talvez isso seja o céu — ele chutou.
— Não seja idiota, eu não estou morta.
Avaliamos a situação novamente. Eu fui até meu relógio de cabeceira que marcava quase três horas da madrugada, peguei o celular e voltei para Joe, que esperava na porta aberta.
— Não é possível. Aqui diz que estamos ainda em 2013.
— Como isso é possível? — ele perguntou confuso.
— Talvez tenhamos voltado no tempo — eu disse, animada com a ideia.
— Isso importa? — ele perguntou do nada. O quê?
— Importa por que e como estamos aqui?
— Não.
— Que bom — ele disse, e depois me beijou.
Foi diferente da primeira vez. Talvez porque eu estivera beijando um fantasma, quem sabe. Esse sonho estava mais do que bom... mas o estranho disso tudo é que não parecia sonho algum. Deixei isso de lado e me concentrei na língua de Joe, que buscava a minha sem parar. Suas mãos que massageavam minha cintura e nuca estavam em um ritmo tão perfeito que eu queria gemer. Ele me apertou contra porta e ficamos conectados. O nosso beijo quente continuou até que ouvi Vanessa falar enquanto dormia.
— Aaron está em seu quarto? — perguntei esperançosa.
— Não me lembro... ahh...
— Pense rápido.
— Não, nesse dia ele estava em uma festa. Ele só apareceu no dia seguinte.
Joe e eu nem discutimos, juntamos nossas mãos e corremos até o quarto dele e de Aaron. Trancamos a porta quando entramos e comecei a tirar minhas roupas como se estivessem pegando fogo. Joe fazia o mesmo. Nossas bocas se conectaram e fomos, nus, dando passinhos para a frente até chegarmos à sua cama. Ele me deitou delicadamente e se colocou sobre mim. Suas mãos estavam em todo lugar, como se não tivéssemos tempo suficiente e o mundo fosse acabar amanhã. Sua mão deslizava em minhas pernas, minha cintura, estômago, seios, enquanto nos beijávamos com paixão. Eu passava minha mão em seus cabelos macios e perfeitos e fazia carinho em suas costas.
— Eu senti tanto a sua falta — murmurei entre beijos e toques.
— Eu quero você — ele sussurrou.
— Eu quero você.
Ele tirou uma camisinha de dentro da gaveta do armário ao lado, a abriu e vestiu. Abri ainda mais minhas pernas e ele entrou em mim devagarzinho. Seus olhos se mantinham nos meus e gememos juntos quando ele estava por fim todo dentro de mim. Beijei sua testa, seus olhos fechados, suas bochechas e sua boca, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Quando ele começou a se mover eu me senti no paraíso. Fazer amor com a pessoa que você ama é o melhor êxtase que alguém possa ter.
Ele beijava meus ombros, pescoço e meus mamilos duros.
Nossos corpos se encaixaram como uma luva, era como se ele fosse feito especialmente para mim e ninguém mais. Entramos em um ritmo que deixou eu me sentindo a mulher mais satisfeita do mundo. A maneira que ele me tocava, como ele me tomava, era o que eu sempre quis.
Eu gemia, gemia e gritava seu nome. Porque ele era meu, finalmente, de uma maneira que nunca pensávamos que seria possível. Eu o amava mais que a qualquer outra pessoa no mundo, e ele era meu.
Estava dentro de mim e me fazia ser a pessoa mais feliz da terra.
Chegamos ao êxtase juntos, ele desabou sobre mim. Estávamos ofegantes e eu tremia. Beijei sua cabeça quando ele descansava em meu peito, e caímos no sono.
O curso da história mudou e agora estávamos juntos. Como Joe tinha me prometido. Acordamos naquela manhã como um casal em lua de mel, felizes por estarmos juntos. Ficamos no quarto nos beijando e fazendo amor até a hora em que éramos obrigados a nos levantar. As duas semanas seguintes passaram como mágica e finalmente chegou o dia. O dia em que Joe morreria, afinal de contas. Ele teria que estar lá quando acontecesse. Mas não se alarme, nós temos tudo planejado.
Joe foi brigar com Brian naquela noite, eu estava em algum lugar ali perto e Lewis estava comigo. Quando ele saiu do quarto, Olívia o seguiu. Quando ela o apagou e levantou as mãos para estrangulá-lo,
Lewis e seus companheiros entraram em ação. Olivia foi presa por tentativa de assassinato e Joe sobreviveu, assim como os outros três garotos que seriam mortos em seguida.
Eu e Joe estávamos juntos em nosso quarto rindo disso e daquilo quando alguém bateu na porta e entrou. Era a última pessoa que eu esperava ver.
— Que bom. Vocês estão juntos — disse ele aliviado.
— Troy?
— Sim, Demi. Bom vê-lo bem, Joe.
— Como você...? Você se lembra. Como você se lembra quando ninguém mais se lembra?
— Ora, porque fui eu quem fez isso tudo — disse ele, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Joe e eu somente o encaramos.
— Você? Como? Como é possível?
— Querida, eu sou apenas um Ajudante.
— Ajudante? De quem? — perguntou Joe.
— Da Humanidade, é claro — Eu e Joe estávamos mais perdidos do que uma vovozinha procurando os óculos no próprio rosto. — Apenas um, em cada século, um Ajudante da Humanidade nasce. Essa única pessoa terá poderes que poderá ajudar a Humanidade.
— E essa pessoa é você? Aqui? Justo aqui em Jericho? Isso é loucura
— eu disse, boquiaberta.
— Por que você retrocedeu o tempo? — perguntou Joe.
— Nós, Ajudantes da Humanidade, sabemos quando vários desastres acontecem ao mesmo tempo. E, além disso, eu posso saber com apenas um toque em uma pessoa morta qual o futuro ela teria se estivesse viva. E o futuro de Joe foi muito grande para eu simplesmente ignorar.
— Mas isso não afeta o mundo de alguma maneira? Você afinal está desfazendo mortes— eu disse.
— Nada está definido quando a morte não é natural. Eu posso mudar o destino de algumas pessoas que foram assassinadas, tiradas de suas vidas que teriam sido ótimas.
— Como isso acontece?
— As mortes naturais não podem ser evitadas, mas os assassinatos... Bom, isso é outra história. Somente vocês dois impediram três mortes nos próximos meses, e, assim como vocês se lembram do que aconteceu, outras pessoas conhecem a verdade e com sorte farão a coisa certa.
— Você pode voltar no tempo quantas vezes quiser? — perguntei.
— Podemos retornar no tempo quantas vezes necessárias para consertar o que deve ser consertado. Por que vocês acham que os déjà vus acontecem? Algumas pessoas são fortes o bastante e têm uma leve impressão de que aquilo já aconteceu. Alguns déjà vus são tão fortes que a pessoa pode até prever o futuro, como premonições.
Joe e eu nos encaramos.
— Não precisarei dos seus cuidados em meu necrotério nos próximos meses, Demi. Estou certo de que poderei cuidar de tudo sozinho. Enquanto isso, apenas aproveitem o tempo que perderam — Troy disse, e deu uma piscadela. Quando ele estava quase saindo, eu o chamei.
— Troy?
— Sim, querida.
— Obrigada.
— Amor verdadeiro como o de vocês dois deve ser vivido — terminou, e, dito isso, ele saiu.
— Você ouviu isso, Demi? Meu futuro vai ser grande, acho que você escolheu o cara certo — disse ele sorrindo. Sentei em seu colo e o beijei.
Brian foi preso por estupro nas semanas seguintes, assim como Gabriel. Digamos que eu dei uma ajudinha aqui e ali. Apresentei Vanessa para Aaron quando fiquei sabendo por Joe que ele havia parado de beber. Foi como se os dois soubessem que já tivessem uma ligação anterior e rapidamente se entenderam.
Joe estava feliz por voltar às aulas que perdeu, e eu estava me lamentando porque teria que estudar tudo de novo. O meu laço de amizade com Vanessa estava no caminho certo e Ster não deu em cima de mim por saber que eu já estava comprometida. O professor Bradley anunciou que o trabalho de DNA de Joe seria publicado como livro.
Nós rimos, nós choramos, nós vivemos.
— Então esse é o grande rapaz de quem a minha princesa sempre fala? — perguntou meu pai sorrindo quando apresentei Joe no Natal, na maneira tradicional. Nada de fantasmas e nada de papos mórbidos.
Minha mãe o adorou, até já está fazendo planos de casamento. Essas mães só pensam nisso...
Quando deu meia-noite, no ano-novo, fizemos brindes.
— À minha Lois Lane.
— Ao meu Clark Kent.
— O que eles disseram? — perguntou meu pai confuso.
— Não tenho a menor ideia. — disse minha mãe por fim.


FIM!






XOXO Neia :)
Tá ai o último :') chegou ao fim
Mas prontos espero que todos tenham gostado :)
Agora vou -me concentra na proxima fic e daqui a uns dias virei postar a sinopse okey??
Kisses gente e ate daqui a uns dias....love you guys