domingo, 17 de novembro de 2013

Capítulo 4 (2/2)

Meus pais insistiram na sobremesa, já que era meu aniversário depois de tudo, então eu me forcei a engolir vários pedaços de queijo antes de dizer adeus aos meus pais. Depois que eles foram embora, eu fiz o meu caminho para o banheiro dentro do restaurante e analisei minha aparência no espelho de corpo inteiro. Ajustei as alças finas do vestido de cor creme e alisei o tecido sobre meus quadris. Tudo sobre a minha aparência, do brilho coral em meus lábios até meus pés envoltos por minha sandália francesa de grife de ouro assegurava que Joe iria entender que eu estava muito fora de sua liga. Satisfeita que parecia tão boa quanto conseguiria com uma ressaca, endireitei meus ombros e peguei minha bolsa. Isso não tinha nada a ver com ver Joe de novo, e tudo a ver com deixar ele ver o que nunca teria.
Quando parei em frente de 715 Evergreen Terrace, eu percebi que tinha de haver algum tipo de erro. Ele provavelmente me deu um endereço falso, desde que eu duvidava que Joe, o “estrela pornô gostoso” viveria neste bairro de classe média suburbana.
Estacionei meu carro e desliguei o motor. A casa era pequena, mas limpa e arrumada, o seu muro branco estava recém pintado. Havia uma fila de sebes aparadas na frente do pequeno quintal.
Uma caminhonete negra estava estacionada na entrada da garagem, mas fora isso, não havia como dizer se havia alguém em casa. Eu verifiquei a minha aparência no espelho retrovisor uma última vez, respirei fundo e deixei a segurança do meu carro antes que me acovardasse completamente.
Eu não fui muito longe. Um ônibus escolar tinha parado na esquina, soltando um pequeno exército de crianças. As crianças barulhentas se espalharam em diferentes direções, desfilando ao longo das casas da rua e calçadas, mas minha atenção foi momentaneamente capturada por uma menina de olhos brilhantes, um pouco menor do que todo o resto, que mancou até mim com a ajuda de um andador minúsculo. Ela reservou-me um olhar curioso, mas continuou, os olhos brilhando de determinação.
— Joey! — Ela chamou, lutando para fazer suas pernas levá-la na direção da casa, onde Joe apareceu no gramado da frente. Ele atravessou os últimos metros que os separavam e a levantou facilmente em seu colo, o andador ficando momentaneamente deixado de lado.
— Como foi a escola, minha menina? — Ele deu um beijo em seus cachos loiros antes de abaixa-la no chão.
— Foi boa. Eu colori uma imagem de uma borboleta para você hoje.
— Sério? Isso soa muito legal. Está na sua mochila?
Ela assentiu com a cabeça, seus cachos saltando quando ela o fez. A mochila rosa era quase tão grande quanto ela. Achei que ele tomaria a bolsa de seus ombros, ou ajudaria a subir a rampa que levava até a varanda, mas ele apenas olhou com orgulho quando ela lentamente se arrastou para cima, empurrando o andador para frente dela a cada passo.
A menina tinha capturado a atenção completa de Joe e ele ainda nem sequer tinha me notado.
— Joe? — Minha voz soou trêmula e desigual, mesmo aos meus próprios ouvidos.
Ele virou-se e olhou para mim, ainda esperando junto ao meu carro no meio-fio.
—Demi? – Ele ficou com suas feições confusas, com a testa franzida.
Merda. Eu não deveria ter vindo. Todo meu anterior veneno sobre querer dar-lhe uma bronca tinha evaporado ao vê-lo com a menina.
Eu vi como ele ligou os pontos em sua cabeça, e a expressão de surpresa em seu rosto desapareceu, um lento sorriso curvando seus lábios.
— Então você realmente quer continuar com isso, não é?
E o veneno estava de volta. Eu atravessei o quintal, parando em frente a ele, e apontei o dedo em seu peito.
— Eu não estou aqui para ter sexo com você, babaca. Você não achou que eu ia aparecer, por isso vim aqui só para provar que está errado.
A porta da frente se abriu e a menina espiou.
— Joey? — Sua voz estava cheia de perguntas e seus olhos se arregalaram ao ver-me assim perto de Joe. Eu afastei minha mão de seu peito e dei um passo para trás. Era difícil ficar brava com ele, quando uma menina tão doce obviamente o adorava.
— Está tudo bem, Madison. Volte pra casa. Estarei aí em breve para ajudá-la com seus alongamentos. Me dê apenas um minuto.
Ela alisou sua barriga e suspirou.
— Você pode me fazer uma sanduiche de manteiga de amendoim e geleia?
Ele riu. — Claro que faço. Vá ligar seus desenhos animados por um minuto.
— Ok! — Ela chamou alegremente, fechando a porta e desaparecendo lá dentro.
— Ela é... sua?
Ele passou a mão no seu cabelo e soltou um suspiro de frustração.
— Madison é minha irmã, mas eu tenho a custódia total. Eu tenho desde que ela tinha três anos.
— Ah. — Ele estava criando a sua irmã mais nova? Recuei um passo com o peso dessa nova informação. A forte ligação entre eles era inegável.
É escoliose? — Eu perguntei em voz baixa.
— Espinha bífida, — disse ele, com os olhos distantes.
— Oh! — Eu disse de novo. Eu sabia que era uma doença da infância incapacitante, que deixava a coluna torcida e muitas vezes afetava as pernas, mas não muito mais. – Sinto muito.
— Nós damos um jeito, — ele estalou.
— Eu posso ver isso. Olha, sinto muito. Por que não esquecemos que vim aqui? — Eu queria dar um passo para trás, desaparecer completamente, mas permaneci onde estava, lutando contra o impulso de correr.
— Por que você veio aqui? — Seu olhar ficou desperto com curiosidade, o desafio no seu tom de voz era inconfundível.
Seus olhos passaram sobre a minha pele, e enviaram um arrepio breve pela minha espinha. Amaldiçoei-me por usar este vestido maldito e por quanta pele estava mostrando. Meus seios pressionaram contra o tecido fino de algodão, lembrando-me que este vestido não combinava com sutiã, o que me deixou sentindo exposta. Eu odiava como sua mera presença me deixava fora de equilíbrio e cambaleando.
— Pelo menos uma pequena parte sua estava curiosa. Você não teria aparecido se fosse de outra forma. — Ele tocou meu ombro, seu polegar roçando ao longo da carne exposta ao lado da alça do meu vestido.
Meus olhos fecharam brevemente pela intensidade de suas carícias, e eu inutilmente abri e fechei a boca, incapaz de responder. Sim inferno, eu estava curiosa. Eu estava curiosa para saber como sua boca se sentiria contra a minha pele e seus lábios cobrindo os meus.
Ele baixou a mão, aparentemente inconsciente do efeito de calcinha derretida que estava tendo em mim.
— Só para você saber, eu não estava tentando te constranger, ou tirar proveito. Eu estava tentando preservar alguma da sua dignidade. Sua amiga estava praticamente leiloando você, e seu outro amigo estava pronto para sacar o seu pau e te tomar ali mesmo. Você deveria me agradecer.
Agradecer? Sim, certo. Mas eu acho que o coloquei em uma situação embaraçosa, também.
— Bem, eu só vim aqui para dizer que não importa. Que eu não estou interessada.
— Sério? Foi por isso que você dirigiu todo o caminho até aqui? — Uma de suas sobrancelhas se arqueou para cima em descrença.
Minhas bochechas ficaram avermelhas. Eu deveria saber que a curiosidade tinha mais do que um pouco a ver com isso... Bem, eu teria feito qualquer coisa para ficar longe dos planos de minha mãe de fazer compras para nós hoje a tarde.
— Nós dois sabemos que há mais do que isso. Uma pequena parte de você quer isso, mas eu posso ser paciente. Tenho todo o tempo do mundo.
Ele estava certo sobre eu querer, mas não ia dizer-lhe isso. Sua arrogância estava agora realmente começando a me dar nos nervos.
— Supere-se. Vai ser um dia frio no inferno quando eu vier pedir-lhe para fazer sexo comigo.
Ele riu da minha súbita explosão, o som cheio e gutural. — Diga o que quiser, docinho.— Ele olhou de volta para a casa onde eu sabia que sua irmã estava esperando por ele.
Ao ouvi-lo falar sobre ajudá-la com seus alongamentos, minha mente retornou para a escola de enfermagem, e tentei lembrar o que eu sabia sobre problemas com a coluna vertebral.
— Ela faz fisioterapia?
— Não mais. Eu não podia me dar ao luxo de mantê-lo, então o terapeuta que eu tinha me ensinou uns exercícios que eu poderia fazer com ela em casa.
— Oh. — Eu parecia continuar a dizer isso, cada vez mais sem palavras. Ao longo dos últimos minutos ele tinha se transformado de um ultrasexy bad-boy e estrela pornô para um humano amoroso e cuidadoso. Ele claramente amava sua irmã e se preocupava com a sua condição. Eu não sabia o que fazer com esta nova informação. — Eu tenho que ir. Além disso, você tem um sanduiche para fazer. — Mantive meu rosto impassível, tentando como o diabo não deixá-lo ver o quão eu estava ficando confusa.
— Sim, Ok. — Ele enfiou as mãos nos bolsos, flexionando seus braços com o movimento, um sorriso de satisfação ainda em seus lábios.
Eu me virei e fui para o meu carro, a sua risada deslizando sobre a minha pele, pelo que eu assumi que seria a última vez. Como eu estava errada.




XOXO Neia *.*

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