Meus pais insistiram na sobremesa, já que era
meu aniversário depois de tudo, então eu me forcei a engolir vários
pedaços de queijo antes de dizer adeus aos meus pais. Depois que eles foram
embora, eu fiz o meu caminho para o banheiro dentro do restaurante e analisei
minha aparência no espelho de corpo inteiro. Ajustei as alças finas do vestido
de cor creme e alisei o tecido sobre meus quadris. Tudo sobre a minha
aparência, do brilho coral em meus lábios até meus pés envoltos por
minha sandália francesa de grife de ouro assegurava que Joe iria entender que eu
estava muito fora de sua liga. Satisfeita que parecia tão boa
quanto conseguiria com uma ressaca, endireitei meus ombros e peguei minha
bolsa. Isso não tinha nada a ver com ver Joe de novo, e tudo a ver com deixar ele
ver o que nunca teria.
Quando parei em frente de 715 Evergreen Terrace, eu
percebi que tinha de haver algum tipo de erro. Ele provavelmente me deu um
endereço falso, desde que eu duvidava que Joe, o “estrela pornô gostoso” viveria
neste bairro de classe média suburbana.
Estacionei meu carro e desliguei o motor. A casa era pequena,
mas limpa e arrumada, o seu muro branco estava recém pintado. Havia uma fila de
sebes aparadas na frente do pequeno quintal.
Uma caminhonete negra estava estacionada na entrada da
garagem, mas fora isso, não havia como dizer se havia alguém em casa. Eu verifiquei a minha
aparência no espelho retrovisor uma última vez, respirei fundo e deixei
a segurança do meu carro antes que me acovardasse completamente.
Eu não fui muito longe. Um ônibus escolar tinha parado na esquina, soltando
um pequeno exército de crianças. As crianças barulhentas se espalharam em diferentes
direções, desfilando ao longo das casas da rua e calçadas, mas minha atenção foi
momentaneamente capturada por uma menina de olhos brilhantes, um pouco menor do
que todo o resto, que mancou até mim com a ajuda de um andador minúsculo. Ela
reservou-me um olhar curioso, mas continuou, os olhos brilhando de determinação.
— Joey! — Ela chamou, lutando para fazer suas pernas levá-la na
direção da casa, onde Joe apareceu no gramado da frente. Ele atravessou os últimos
metros que os separavam e a levantou facilmente em seu colo, o andador ficando momentaneamente
deixado de lado.
— Como foi a escola, minha menina? — Ele deu um beijo em
seus cachos loiros antes de abaixa-la no chão.
— Foi boa. Eu colori uma imagem de uma borboleta para você
hoje.
— Sério? Isso soa muito legal. Está na sua
mochila?
Ela assentiu com a cabeça, seus cachos saltando quando ela
o fez. A mochila rosa era quase tão grande quanto ela. Achei que ele
tomaria a bolsa de seus ombros, ou ajudaria a subir a rampa que levava até a varanda,
mas ele apenas olhou com orgulho quando ela lentamente se arrastou para cima,
empurrando o andador para frente dela a cada passo.
A menina tinha capturado a atenção completa
de Joe e ele ainda nem sequer tinha me notado.
— Joe? — Minha voz soou trêmula e desigual, mesmo aos meus
próprios ouvidos.
Ele virou-se e olhou para mim, ainda esperando junto ao
meu carro no meio-fio.
—Demi? – Ele ficou com suas feições
confusas, com a testa franzida.
Merda. Eu não deveria ter vindo. Todo meu anterior
veneno sobre querer dar-lhe uma bronca tinha evaporado ao vê-lo com a menina.
Eu vi como ele ligou os pontos em sua cabeça, e a expressão de
surpresa em seu rosto desapareceu, um lento sorriso curvando seus lábios.
— Então você realmente quer continuar
com isso, não é?
E o veneno estava de volta. Eu atravessei o quintal,
parando em frente a ele, e apontei o dedo em seu peito.
— Eu não estou aqui para ter sexo com
você, babaca. Você não achou que eu ia aparecer, por isso vim aqui só para
provar que está errado.
A porta da frente se abriu e a menina espiou.
— Joey? — Sua voz estava cheia de perguntas e seus olhos
se arregalaram ao ver-me assim perto de Joe. Eu afastei minha mão de seu
peito e dei um passo para trás. Era difícil ficar
brava com ele, quando uma menina tão doce obviamente o adorava.
— Está tudo bem, Madison. Volte pra
casa. Estarei aí em breve para ajudá-la com seus alongamentos. Me dê
apenas um minuto.
Ela alisou sua barriga e suspirou.
— Você pode me fazer uma sanduiche de manteiga de amendoim
e geleia?
Ele riu. — Claro que faço. Vá ligar seus desenhos animados por
um minuto.
— Ok! — Ela chamou alegremente, fechando a porta e
desaparecendo lá dentro.
— Ela é... sua?
Ele passou a mão no seu cabelo e soltou um suspiro
de frustração.
— Madison é minha irmã, mas eu tenho a custódia total.
Eu tenho desde que ela tinha três anos.
— Ah. — Ele estava criando a sua irmã mais nova?
Recuei um passo com o peso dessa nova informação. A forte ligação entre
eles era inegável.
— É escoliose? — Eu perguntei em voz baixa.
— Espinha bífida, — disse ele, com os olhos
distantes.
— Oh! — Eu disse de novo. Eu sabia que era uma doença da
infância incapacitante, que deixava a coluna torcida e muitas vezes afetava as
pernas, mas não muito mais. – Sinto muito.
— Nós damos um jeito, — ele estalou.
— Eu posso ver isso. Olha, sinto muito. Por que não
esquecemos que vim aqui? — Eu queria dar um passo para trás,
desaparecer completamente, mas permaneci onde estava, lutando contra o impulso de
correr.
— Por que você veio aqui? — Seu olhar ficou desperto com
curiosidade, o desafio no seu tom de voz era inconfundível.
Seus olhos passaram sobre a minha pele, e enviaram um
arrepio breve pela minha espinha. Amaldiçoei-me por usar este vestido maldito e
por quanta pele estava mostrando. Meus seios pressionaram contra o tecido fino
de algodão, lembrando-me que este vestido não combinava com sutiã, o que me
deixou sentindo exposta. Eu odiava como sua mera presença me deixava fora de
equilíbrio e cambaleando.
— Pelo menos uma pequena parte sua estava curiosa. Você não teria aparecido
se fosse de outra forma. — Ele tocou meu ombro, seu polegar roçando ao longo da
carne exposta ao lado da alça do meu vestido.
Meus olhos fecharam brevemente pela intensidade de suas
carícias, e eu inutilmente abri e fechei a boca, incapaz de responder. Sim
inferno, eu estava curiosa. Eu estava curiosa para saber como sua boca se
sentiria contra a minha pele e seus lábios cobrindo os meus.
Ele baixou a mão, aparentemente inconsciente do
efeito de calcinha derretida que estava tendo em mim.
— Só para você saber, eu não estava tentando te constranger,
ou tirar proveito. Eu estava tentando preservar alguma da sua dignidade. Sua
amiga estava praticamente leiloando você, e seu outro amigo estava pronto para
sacar o seu pau e te tomar ali mesmo. Você deveria me agradecer.
Agradecer? Sim, certo. Mas eu acho que o coloquei em uma
situação embaraçosa, também.
— Bem, eu só vim aqui para dizer que não importa.
Que eu não estou interessada.
— Sério? Foi por isso que você dirigiu todo o caminho até
aqui? — Uma de suas sobrancelhas se arqueou para cima em descrença.
Minhas bochechas ficaram avermelhas. Eu deveria saber que
a curiosidade tinha mais do que um pouco a ver com isso... Bem, eu teria feito
qualquer coisa para ficar longe dos planos de minha mãe de fazer
compras para nós hoje a tarde.
— Nós dois sabemos que há mais do que isso. Uma pequena
parte de você quer isso, mas eu posso ser paciente. Tenho todo o tempo do mundo.
Ele estava certo sobre eu querer, mas não ia
dizer-lhe isso. Sua arrogância estava agora realmente começando a me dar nos
nervos.
— Supere-se. Vai ser um dia frio no inferno quando eu vier
pedir-lhe para fazer sexo comigo.
Ele riu da minha súbita explosão, o som
cheio e gutural. — Diga o que quiser, docinho.— Ele olhou de volta para a casa
onde eu sabia que sua irmã estava esperando por ele.
Ao ouvi-lo falar sobre ajudá-la com seus alongamentos, minha
mente retornou para a escola de enfermagem, e tentei lembrar o que eu sabia
sobre problemas com a coluna vertebral.
— Ela faz fisioterapia?
— Não mais. Eu não podia me dar ao luxo de mantê-lo, então o terapeuta que eu tinha me
ensinou uns exercícios que eu poderia fazer com ela em casa.
— Oh. — Eu parecia continuar a dizer isso, cada vez mais
sem palavras. Ao longo dos últimos minutos ele tinha se
transformado de um ultrasexy bad-boy e estrela pornô para um humano amoroso e
cuidadoso. Ele claramente amava sua irmã e se preocupava com a sua condição. Eu não sabia o
que fazer com esta nova informação. — Eu tenho que ir. Além disso,
você tem um sanduiche para fazer. — Mantive meu rosto impassível,
tentando como o diabo não deixá-lo ver o quão eu estava ficando confusa.
— Sim, Ok. — Ele enfiou as mãos nos bolsos, flexionando seus
braços com o movimento, um sorriso de satisfação ainda em seus lábios.
Eu me virei e fui para o meu carro, a sua risada
deslizando sobre a minha pele, pelo que eu assumi que seria a última vez.
Como eu estava errada.
Muito bom!!!
ResponderEliminarPosta mais!!!
Vou postar agora um
Eliminarxoxo neia