sábado, 31 de maio de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo 10


—Você foi absolutamente incrível — Joe disse, enquanto estávamos sentados na cama em meu quarto. Mas antes, é claro, eu já havia verificado se Vanessa e Aaron não estavam aqui ou ali fazendo Deus sabe o que. — Desde o momento em que eu fiz aquelas coisas explodirem no quarto de Aaron você lidou muito bem a situação — confessou ele sorridente.
— Ah, qual é, Joe? Eu fui demais desde o momento em que eu pisei no quarto de Brian. Foi você que amarelou quando ele veio pra cima de mim com cara de mal — eu disse entre gargalhadas.
— Tudo bem, você venceu. Mas eu não acredito que você levou o crédito pelas coisas que eu fiz no apartamento de Brian.
— Pois é, me desculpe sobre isso — disse sentindo-me envergonhada.
— Por quê? Não se desculpe, eu achei aquilo o máximo. Na verdade, sou eu que tenho que me desculpar porque perdi o controle daquela maneira. Eu não suporto a ideia de alguém lhe fazendo mal, isso... acaba comigo — ele confessou no final, aos sussurros.
— Quer saber a verdade? — eu perguntei e ele assentiu, indo sentar-se mais próximo de mim. — Eu sei que vai soar totalmente retardado o que vou dizer, mas ahh, eu nem importo mais. Quando... você faz aquelas coisas para me proteger... eu me sinto amada... por você — sussurrei. Não me importava mais se ele não sentia o mesmo em relação mim, eu apenas queria que ele soubesse.
Joe não disse nada, apenas se ajeitou na cama e ficou de frente para mim. Ele encarou a maneira que o meu cabelo caía sobre meu rosto, olhou profundamente nos meus olho e por fim para a minha boca.
Desviou o olhar de tudo o que era meu e limpou a garganta.
— Eu beijaria você, se pudesse — isso soou como um facada em meu coração. Ele finalmente estava admitindo que sentia algo por mim?! E aquilo não importava, de qualquer maneira, porque, no final das contas, não podíamos ficar juntos.
Eu me ajoelhei diante dele e cheguei pertinho de sua boca. Ele recuou.
— Você tocou no Aaron quando estava com muita raiva então talvez isso possa acontecer de novo — e eu tentei beijá-lo mais uma vez.
— NÃO, DEMI! - gritou Joe, e saiu de minha cama e de perto de mim. Eu só o tinha visto assim uma vez. E foi quando ele estava bravo com Aaron. Enquanto ele falava, ou melhor, gritava comigo, eu levantei- me de minha cama e fui caminhando até ele, e ele sempre ia recuando. — VOCÊ ACHA QUE EU GOSTO DE ME AFASTAR DE VOCÊ? EU QUERO TOCAR EM VOCÊ, EU QUERO TE BEIJAR. MAS NÓS NÃO PODEMOS, DEMI, POR FAVOR, ENTENDA ISSO. EU TE AMO, MAS SINCERAMENTE EU NÃO POSSO FICAR COM VOCÊ TODOS OS DIAS SE VOCÊ FICAR ME ATACANDO DE MINUTO A MINUTO! - Uma pessoa normal teria parado para recuperar o fôlego, mas Joe disse tudo isso sem precisar pegar mais um pouco e ar. Ele está morto Demi, ele não respira.
— O que você disse? — parei de segui-lo e perguntei com olhos arregalados. Ele me encarou e parou para pensar em o que eu queria saber, ou melhor, em eu querer que ele repetisse. Por um momento, eu pensei que havia imaginado aquelas três palavras e sete letras, mas de repente:
— Eu te amo — saiu de sua boca, de uma maneira tão doce que eu podia até chorar.
— Você está falando sério? — perguntei aos sussurros. Dessa vez foi ele que veio até mim e disse:
— Eu te amo tanto que morreria novamente por você — eu queria dizer aquelas palavras para ele também, mas ele me interrompeu antes que eu pudesse me mexer. — Eu te prometi que sempre ficaria ao seu lado, mas você tem que me prometer que não vai tentar me tocar novamente. — Eu tentei falar, mas hesitei. Ele continuou: — Por favor, Demi. Eu não suporto quando você se aproxima e eu tenho que recuar. Eu NÃO quero recuar, eu quero que você saiba disso. Eu quero você. — As palavras sinceras e nada rudes que saíam de sua boca faziam meus joelhos tremerem e meu coração pular de alegria. Para mim, ouvir aquelas palavras eram melhor que poder tocá-lo. Então foi por isso que eu sussurrei:
— Eu prometo — ele sorriu, e eu não pude deixar de fazer a mesma coisa.
— E você está atrasada — ele anunciou. Eu estava tão perdida naquele rosto divinamente perfeito que nem juntei as pecinhas de minha vida.
— O quê?
— Você está atrasada, Demi. Para seu estágio no necrotério.
— Oh — por mais que eu sabia o que aquelas palavras poderiam significar, eu ainda estava esperando palavras profundas de amor. Mas que bobagem, a minha.
— Eu te espero aqui — Joe disse e eu não entendi, ele reparou na minha testa franzida, então esclareceu mais as coisas. — Há um serial killer por aí, e você espera que eu deixe você caminhar por este campus sozinha?
— Mas ele só mata garotos! — eu disse sorrindo, enquanto abria meu guarda-roupa e procurava algo para vestir.
— Isso não vai me impedir — então ele me deu uma piscadela e eu sorri ainda mais. Que garota não ficaria feliz em ter aquele garoto que ela ama a seguir em todos os lugares somente para deixá-la mais segura?
Quanto mais tempo com Joe eu tivesse, mais feliz eu estaria.
Eu me troquei rapidamente porque obviamente eu estava atrasada, nem havia me lembrado que tinha estágio hoje à noite. O que era difícil, porque eu tinha TODOS os dias a noite estágio no necrotério da Universidade, exceto sábados e domingos. Mas a gente pode se esquecer das coisas ligeiramente quando a pessoa que você está apaixonada diz que te ama... Eu disse pessoa? Eu quis dizei Fantasma, você está me entendendo, não é? É algo muito rápido e simples de se entender. Garota está apaixonada por um fantasma, o fantasma está apaixonado pela garota. O resultado disso tudo? Eu não sei, ainda estou tentando descobrir como tudo vai se resolver. Ou eu sou burra o suficiente em pensar que um dia tudo vai se resolver. Mas eu sou uma das pessoas que gostam de pensar que tudo acontece por uma razão, Joe apareceu a mim, portanto, EU SEI que algo bom tem que sair disso.
Joe me acompanhou até o necrotério, até ficou me esperando no lado de fora da porta transparente da sala de autópsias. Ele olhava para dentro de hora em hora para se certificar de que eu ainda estava viva e bem. O que para mim pareceu a coisa mais doce que um rapaz jamais havia feito por mim, se bem que, por outro lado, dentro daquela sala havia apenas Troy, eu e os defuntos. Então eu sabia que nada ali dentro poderia acontecer, eu conhecia demais o Sr. T para descartá-lo como o serial killer que os policiais estavam procurando. A sala de autopsia apenas possuía uma entrada e uma saída, e isso Joe estava cuidando para mim e para o Sr. T, embora ele não soubesse.
— Sr.T? — disse seu nome quando ele descobria a causa da morte de um homem de aproximadamente 30 anos.
— Hum? — ele resmungou sem olhar para mim, e decidi seguir em frente.
— O tal Gabriel que foi assassinado pelo serial killer do campus... era o Gabriel que trabalhava aqui antes de mim? — perguntei e Troy parecia que não havia me escutado, ou que não queria me responder.
Pensei que seria a segunda alternativa, ele não era surdo, afinal de contas.
— Infelizmente sim, querida — murmurou ele docemente e com um olhar triste. — Não sei quem poderia estar matando esses garotos saudáveis e inteligentes. Um desperdício para a medicina moderna — ele continuou com aquele tom de dar dó. Troy, no decorrer dos dias e meses, tinha se tornado quase uma espécie de segundo pai para mim, ou, se não fosse isso, um bom amigo no ambiente de trabalho. Eu apreciava a companhia dele tanto quanto a de Vanessa. Ele era viúvo e seu filho já era um homem feito, que vivia com esposa e filhos, então Troy passava a maior parte do tempo cuidando do necrotério e falando com os mortos, literalmente.
— Ele estava tão feliz quando saiu daqui... Lembro-me de ter pensado que este lugar não era tão agradável, vendo a reação dele...
Mais uma vez Troy ficou em silêncio, e minutos depois retomou a conversa:
— Gabriel estava feliz quando saiu porque iria passar um tempo com seus pais. Ele não os via há uns bons três anos... eles moravam longe daqui, sabe, e os pais não podiam vir nem ele podia ir.
E novamente pensei no rosto feliz de Gabriel ao atravessar as portas para ir embora. No momento em que ele estava livre para rever seus pais.
Relembrar aquela cena me doeu o coração, e, assim como Troy, eu comecei a pensar em poderia matar esses garotos tão inteligentes e felizes.
Foi nesse momento que senti uma raiva tremenda do tal seriaI killer, eu mesma queria procurá-lo e levá-lo para a delegacia. Minha ansiedade de saber a verdade era tanta que sentia que poderia fazer de tudo para desvendar esse mistério. Enquanto eu observava o Sr.T mexendo nos órgãos do homem na mesa de autópsias, disse a mim mesma e faria de tudo para descobrir o assassino daqueles garotos, o assassino do meu Joe. Como ele ousou tirar essa pessoa de mim? E eu disse “ele” porque as chances de uma mulher ser uma serial killer são mínimas, ou pelo menos é o e dizem as pesquisas. Além disso, você tem que encarar os fatos.
Eu sou uma defensora das mulheres, mas será que alguma mulher seria capaz de assassinar três garotos superfortes que malhavam quase todos os dias e enforca-los com as próprias mãos? Não são todas as mulheres que conseguiriam tal feito.
Joe me acompanhou do necrotério até meu quarto, depois de meu turno. Ele ficou atento a todas as pessoas que passavam por nós e todos os barulhos que nos cercavam. Por mais medo que eu sentisse de encontrar o assassino, única coisa em que eu pensava enquanto caminhava ao lado de Joe era encontrá-lo em flagrante e descobrir quem ele era.
A noite passava rapidamente e eu estava morta de cansaço. Amanhã seria a minha entrevista com Lewis na delegacia, e eu pretendia responder as perguntas com toda sinceridade, mas também pretendia levar alguma informação de volta para meu quarto. Nem que isso significasse que ter que roubar o dossiê do assassinato de Joe e dos outros garotos.
— Boa noite — disse Joe, quando eu já me encontrava quentinha na cama e prestes a desmaiar de tanto sono.
— Boa noite — resmunguei.
— Boa noite, Demi — disse Vanessa. A minha intenção era dar aquele boa-noite para Joe, já que eu havia dado boa-noite para Vanessa momentos antes. O que pareceu algo estúpido de dizer para um fantasma, mas eu estava tão perdida de sono que nem me dei conta disso.









XOXO Neia *-*
Mais um cap. lindos...
Como irá ser a entrevista na delegacia?? 
Comentem, sigam e divulguem
Kiss <3

terça-feira, 27 de maio de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo 9


— Ah, humm, no celular — respondi toda atrapalhada
— E cadê seu celular? — perguntou Aaron enquanto abotoava sua camisa xadrez. Aaron podia ser bonito e tudo mais com seu 1,80 metro, com seu cabelo preto perfeito caindo nos olhos e olhos escuros como se fossem pretos, mas eu NÃO queria vê-lo sem camisa.
— Está no meu bolso — respondi. Eu nem sabia se tinha bolsos naquela minha calça jeans, mas eu não iria ser pega no flagra naquela mentira, pelo menos não naquela vez. Eu tinha outra coisa em mente para tirar a atenção de mim.
— O que vocês estão fazendo aqui? Vocês não têm aula? — perguntei, levantando-me e cruzando os braços. Joe por alguma razão não havia desaparecido, ele estava ali comigo, encarando-os, como eu.
— Saímos mais cedo por causa daquele garoto morto. Daniel ou Guilherme, sei lá como era o nome dele — respondeu Aaron. A maneira como ele disse aquilo, sem o mínimo de respeito, deixou-me irritada.
— O nome dele era Gabriel, para sua informação — fiz uma pausa e continuei. — E vocês decidiram que seria melhor transar no banheiro por quêêê? — perguntei querendo uma resposta logo de cara, e foi a Vanessa quem respondeu.
— Na verdade, Demizinha, começamos no quarto, mas, quando você entrou falando sozinha, tivemos que continuar no banheiro — eu riria daquela situação, mas eu já estava irritada. Ainda mais quando Joe começou a rir.
— Eu não estava falando sozinha, eu estava no celular. E vocês continuaram transando no banheiro quando eu estava aqui? — os dois acenaram positivamente. — Argh, isso é nojento. Vocês não têm respeito, não? — Joe me lançou um olhar estranho, como se não entendesse do que eu estava falando.
— Como assim, nojento, Demi? Todo mundo faz... — perguntou Vanessa, e eu a interrompi.
— Não estou falando disso, dãã, estou dizendo que vocês poderiam ter parado quando eu entrei. Continuar em outro lugar que estivesse, sei lá, vazio — sei que isso podia parecer estranho, mas eu não gostava de estar em uma parte do quarto enquanto duas pessoas estavam mandando ver no cômodo ao lado, onde eu poderia entrar a qualquer momento. Já peguei duas pessoas no flagra uma vez e foi sinceramente um pesadelo. As pessoas poderiam pelo menos escolher um lugar que exista tranca, não é, para ter mais privacidade?!
— Vamos ter mais cuidado na próxima vez — disse Vanessa.
— E, por favor, procurem trancar o lugar em que vocês estão... Entendem? Não quero entrar de repente em meu quarto ou banheiro algum dia e ver vocês dois... sabem?! — acho que isso os fez entender o que eu estava tentando dizer todo aquele tempo, inclusive o Joe.
— Não sei por que viemos para o meu quarto, pra começo de conversa, Aaron. Você tem o quarto todo pra você desde que Joe morreu — disse Vanessa para Aaron, que assentiu. Foi estranho para Joe ouvir seu nome sair da boca de outra pessoa que não fosse eu, ainda mais com a palavra “morto” na mesma frase. Pude ver a tristeza era seus olhos claros.
Vanessa e Aaron decidiram que ainda não haviam terminado o que eles haviam começado na cama de Vanessa e no banheiro e saíram porta afora, mas antes eu consegui gritar:
— POR FAVOR, TRANQUEM AS PORTAS! — isso pelo menos fez uma pessoa rir: Joe.
—Esqueci totalmente de dizer para terem cuidado — revelei tristemente.
— Se eles trancaram a porta, como você pediu, eles estarão seguros — murmurou Joe, o que me confortou um pouco.
— Então me fale sobre o que você se lembrou ou vou ficar louca se não souber de uma vez. — Joe assentiu e eu me sentei, ele continuou em pé no mesmo lugar.
— Você me viu tendo uma discussão com Bradley uma vez. Eu não me lembro de muitas coisas, mas, às vezes, elas me voltam repentinamente. Estava discutindo com o professor Bradley por causa de um trabalho que eu havia feito. O professor Bradley acreditava em mim, me usava como exemplo nas aulas por ser um bom aluno. Mas quando ele me devolveu um trabalho com nota F, fiquei assustado, pois havia dado tudo de mim naquele trabalho. Sabia que algo estava errado, então descobri que alguém trocou o meu trabalho original por um comprado pela internet. O professor Bradley ficou muito de cara comigo, não acreditava que eu havia feito uma coisa daquelas. Disse a verdade a ele, mas ele não acreditou, disse que precisava de provas. O que eu podia fazer? Algum engraçadinho trocou o meu trabalho dedicado por uma cópia barata da internet. Descobri quem foi e decidi confrontá-lo. Não me lembro o que houve depois disso — Joe parecia arrasado depois de me dizer a verdade, O que ele disse depois fez meu coração se despedaçar em milhares de pedacinhos. — Vou ser lembrado por algo que eu jamais fiz. Bradley sempre pensará que eu não era a pessoa que ele pensou que eu era. Um fracassado que copiava os trabalhos da internet.
— Não vou deixar isso acontecer — eu disse sobressaltando-o.
Levantei-me da cama e fui até ele. Seus olhos mostravam uma tristeza inconfundível. — Qual é o nome dele? — perguntei aos sussurros. Ele demorou até me dar um nome.
— Foi o Brian — revelou-o quase que envergonhado.
— Seu melhor amigo, Brian? — perguntei surpresa e ele assentiu.
— Ele nunca foi um bom amigo, agora que parei para pensar. Ele somente queria a minha ajuda para se dar bem nas provas e nos trabalhos.
Nunca pensei que ele faria urna coisa assim para me prejudicar.
— Você acha que ele poderia te matar? — perguntei, direta. Joe não ficou surpreso com a pergunta, na verdade eu pensei que ele até mesmo a esperava.
— Eu pensei que ele era meu amigo, me pergunto o que mais ele estava disposto a fazer para me impedir de ser o que eu vim para cá para ser, ou o que ele faria para me impedir de dizer a verdade.
— Ele vai dizer a verdade — eu disse irritada. Joe franziu a testa, mas pareceu entender o que eu estava prestes a fazer. Eu fui até minha porta e a escancarei e depois fui à procura do ex-melhor amigo de Joe.
— Demi, por favor, não. Conte à policia, mas não vá sozinha até ele — pediu Joe preocupado enquanto eu caminhava até o quarto de Brian com passos apressados. Quando Joe reparou que eu não pararia de maneira alguma, ele tentou me impedir. Ele se pôs na minha frente, mas eu o atravessei.
— Por que fez isso? — sussurrei muito baixo quando o corredor se encontrava vazio.
— Ele pode ser o assassino e te matar, assim como ele me matou — murmurou ele muito perto de meu rosto. Ele estava bravo comigo, ele não queria mesmo que eu fosse até Brian. Mas eu já estava no corredor do quarto de Brian e decidi seguir em frente. — DEMI! — ele gritou e me seguiu.
A porta do quarto de Brian estava aberta, ou melhor, escancarada.
Havia uma meia dúzia de rapazes ali dentro conversando e bebendo cerveja. Quando eu entrei um deles assoviou, o que deixou Joe muito bravo e as luzes começaram a piscar. Eles notaram, um estava prestes a dizer alguma coisa quando eu disse em alto e bom tom:
— Brian, posso falar com você? — ele assentiu, mas quando vi seus coleguinhas não se mexerem, tive que acrescentar: — Em particular. — Pude ver na expressão de Brian que ele não tinha a mínima ideia sobre o que eu poderia querer falar com ele, mas pelo menos ele notou no meu tom de voz que coisa boa não era. Brian mandou os rapazes saírem em um tom educado, um deles mandou um “boa sorte” para Brian enquanto saiu porta afora e fechou a porta. Brian largou a cerveja e começou a me encarar, enquanto Joe avaliava a situação e a bagunça que era o quarto de Brian.
— O que você quer? — perguntou ele em um tom nada agradável.
— Eu quero que você fale a verdade sobre o trabalho que você roubou de Joe e disse que era seu — eu fui direta e pareci ameaçadora até para mim mesma, de tão séria que a minha voz saiu. Brian ficou petrificado e não soube o que dizer. Depois que eu dei um sorrisinho falso para aliviar a situação, ele relaxou.
— Como você sabe disso? Ninguém sabia a não ser eu e Joe — perguntou ele, interessado.
— Não interessa.
— Eu sabia que ele te achava uma coisinha linda, mas não sabia que vocês dois estavam se encontrando às escondidas.
A historinha de que se odiavam era só para o grande público? — perguntou ele entre risadinhas nervosas.
— Diga a verdade ao professor Bradley ou eu direi à polícia — mais uma vez minha voz saiu sombria, mas eu não liguei naquele momento.
Queria que ele me levasse a sério, mas a única coisa que ele fazia era sorrir daquele jeito estúpido.
— Uau, você sabe de tudo mesmo, hein?? — de repente a maneira envergonhada que ele exibia em seu rosto se tornou algo sério e assustador. Ele veio até mim tão rápido que nem vi quando seu rosto estava a centímetros do meu. — Como você sabe que eu não sou o assassino? — perguntou ele rispidamente, muito próximo ao meu rosto, de modo que eu podia sentir seu hálito nojento de cerveja. Ele me olhava de uma maneira amedrontadora; eu não sei o que tinha dado em mim, mas eu sabia que ele não era o assassino. Estava fazendo aquilo somente para me intimidar, e a única coisa que eu consegui fazer foi rir na cara dele. Joe não gostou nadinha daquilo; as luzes do quarto piscavam rapidamente.
— Acho melhor você sair daqui agora, Demi — exigiu Joe do meu lado esquerdo. Eu não o olhava, mas eu tinha a certeza que ele estava irritado e com medo em relação à segurança que eu sentia.
— Você acha que eu sou burra só porque sou loira? Nem em um milhão de anos um frangote que nem você poderia ser um serial killer! — Isso o deixou ainda mais irritado, mas a pose de assassino não estava mais lá. — Agora, eu quero que você vá até o professor Bradley e diga a verdade.
— Nunca vou fazer isso — ele disse rispidamente na minha cara.
— Você vai dizer a verdade ou eu farei você dizer a verdade — eu não era assim tão assustadora, mas quando alguém mexia com as pessoas que eu amava eu ficava uma fera. Brian prendeu seu sorrisinho no rosto quando as lâmpadas de seu quarto explodiram, todas as latinhas de cerveja voaram batendo nas paredes, algumas explodiram e outras apenas se abriram, derramando cerveja por todo o chão, a porta do banheiro se fechou sozinha num estouro, enquanto a porta da frente se escancarava.
Eu fiquei parada, no mesmo lugar que eu estava, como se tudo aquilo fosse normal para mim. Enquanto isso, Brian protegia sua cabeça com ambas as mãos, como um menino assustado.
— Quando Aaron me disse o que aconteceu com ele eu não acreditei. Você é o quê? Tipo a Carrie com poderes mentais? — perguntou Brian, agora assustado, avaliando o estrago que as cervejas haviam feito.
Eu não respondi, apenas fui até onde ele estava e agarrei seu braço esquerdo, o que o deixou ainda mais assustado do que antes. Eu era muito menor do que Brian, tinha míseros um metro e cinquenta e poucos e Brian tinha lá seus quase 1,80 metro e ainda sim era eu quem estava segurando seu braço e o ameaçando. Nós estávamos quase ultrapassando a porta aberta quando Joe me chamou.
— Demi, leve isso.
Eu me virei na direção em que Joe estava apontando, ainda segurando o pulso de Brian. Minha mão era tão pequena que eu mal conseguia segurar seu imenso braço malhado. Peguei o trabalho que apresentava um belo A+ com caneta vermelha sobre a escrivaninha e levei comigo. Brian me olhou com mais pavor quando viu que eu o havia encontrado.
— Mas como foi que você...
— Cale a boca — eu disse e segui em frente.
Eu ia caminhando com passos largos pela faculdade segurando fortemente o braço de Brian, enquanto todos os olhos passavam de mim para ele, como se eu estivesse prestes a matá-lo. Joe sorria ao meu lado, sem nada dizer. Eu queria rir com ele, mas aquela não era a hora para isso. Brian já pensava que eu era a Carrie, a estranha, e eu não queria mais nenhuma maluquice vinculada a meu nome.
— Se contar uma palavra sobre o que aconteceu em seu quarto eu vou fazer você perder a memória, inclusive tudo que aprendeu sobre medicina. Terá que aprender tudo de novo. Você quer isso? — perguntei enquanto caminhávamos rapidamente.
— N-n-n-ão. Por favor, não faça isso.
— Isso só depende de você — eu decidi usar contra Brian o que ele mais temia. Joe disse que Brian queria ser um ótimo médico e que queria ser o melhor da classe, por isso quis tirar Joe daquela competição. Joe estava prestes a dizer algo muito inteligente e engraçado para mim quando chegamos aonde eu queria: a sala dos professores.
Eu dei uma batidinha leve na porta e segui até o professor Bradley, que se encontrava sentado a urna mesa redonda, corrigindo trabalhos Olivia, Ben e outros dois professores que eu desconhecia estavam na sala.
O cômodo não era muito grande, no total havia seis mesas redondas verdes e uma mesa retangular com guloseimas e o cafezinho. O clima da sala não era completamente triste, mas havia, sim, um clima pesado.
Quando entrei apressadamente, quase todas as cabeças se viraram para mim e para Brian. Joguei o trabalho verdadeiro de Joe na frente de Bradley e com isso eu chamei a atenção de todos os presentes na sala.
— Mas que diabos...? — anunciou Bradley tirando os óculos de leitura e encarando a mim e a Brian com olhos irritados, exigindo uma explicação. Eu finalmente larguei  o pulso de Brian, que começou a massageá-lo. Olivia me fitava com um olhar confuso.
— Diga a verdade — eu disse, apontando para o trabalho na frente de Bradley, soando muito irritada. Brian fez cara feia para mim, eu cruzei os braços o encarei até que ele começou a falar. Enquanto tudo isso acontecia, Joe estava sempre ao meu lado. O que me deixou feliz.
— Tudo bem, Deus do céu — começou Brian, e todos os presentes na sala dos professores olhavam para ele confusos e ansiosos. — Joe Jonas não tirou aquela cópia da internet, eu fiz aquilo porque roubei o trabalho dele e coloquei o meu nome. Eu estava precisando de uma nota boa na sua matéria, professor Bradley, e ele estava tão bem nas notas.., então eu fiz isso. — Brian bufou depois que revelou a verdade, como se um grande peso tivesse sido tirado de suas costas. O senhor Bradley, assim como todos os outros professores, encaravam Brian com deceção. Depois que Bradley olhou de Brian para mim, ele pôs seus óculos para ler e começou a folhar o trabalho que devia ter no mínimo umas duzentas páginas.
— Eu sabia que você não era inteligente o bastante para Fazer isso. Este trabalho aqui é uma obra prima — disse Bradley levantando o trabalho sobre DNA de Joe para todos os presentes verem. Joe sorriu, eu sabia que ele estava Feliz da vida por Bradley estar elogiando o seu trabalho para todos, ainda mais por ter tirado a nota mais alta. Brian tentou se virar para sair da sala, mas eu o impedi.
— Não tão rápido — eu disse, pegando em seu pulso novamente. — Você teve alguma coisa a ver com a morte de Joe e dos outros garotos? — perguntei, e ele esbugalhou os olhos.
— É claro que não, mas por que eu... — não o deixei terminar, dei- lhe um tapa na nuca que fez seus cabelos loiros escuros se emaranharem.
Brian apenas soltou um “Eí!” e começou a passar a mão na nuca.
— Demi — pediu Olivia depois de meu tapa com um olhar de “Pare”.
— Ele é um idiota — eu disse como se fosse a coisa mais lógica na face da terra.
— Mesmo assim, deixe-o falar — ela me lançou um meio sorriso, ela concordava comigo. Isso fez com que eu me sentisse menos mal em relação ao tapa.
— É claro que não matei nem o Joe nem os outros — Brian disse. E é claro que eu pensei que ele criaria uma longa defesa em sua pessoa, mas isso somente foi tudo o que saiu de sua boca.
— Ele me ameaçou no quarto dele! Quando Joe descobriu a verdade sobre o que ele havia feito, Joe foi falar com ele, mas nunca mais voltou — eu contei aos professores, mais diretamente para Bradley e Olivia. Houve um grande silêncio na sala até que Brian decidiu abrir a boca.
— Ele veio conversar comigo sim, mas, quando ele saiu, estava vivinho da silva tá legal?!
Eu revirei os olhos e cruzei meus braços.
— Como você sabe disso, Demi? — perguntou Olivia surpresa, e eu já estava esperando que essa pergunta pudesse surgir. Então não fiquei surpresa nem apavorada por mentir.
— Joe e eu estávamos namorando. Ele me disse que Brian havia pego o trabalho dele, que iria confrontá-lo, mas depois dessa conversa ele não apareceu mais — eu disse como uma namorada atordoada pela morte de seu namorado. Tinha até lágrimas nos meus olhos, e Joe me olhava impressionado.
— Por que não contou e nos trouxe a verdade antes? — continuou Olivia com as perguntas.
— Porque achei que esse idiota aí iria criar coragem ser homem o suficiente para contar a verdade — e foi aí que eu comecei a chorar. Olivia se levantou da mesa redonda, foi até mim e me abraçou. Sussurrou coisas gentis em meu ouvido e me levou até o sofá azul escuro que eu nem havia reparado que havia no canto esquerdo da sala. Foi aí que eu percebi que Lewis estava parado na porta atrás de nós, observando toda aquela cena.
— Venha comigo, meu filho — pediu Lewis para Brian.
— Mas eu não fiz nada — insistiu Brian levando as mãos para cima, como se alguém tivesse dito para ele erguer as mãos em vista e se ajoelhar.
— É só uma conversa, filho, vamos — Brian cedeu e foi com o policial Lewis. Os professores encaravam a situação como se nunca houvessem deparado com isso antes, mas eu acho que a maioria ali nunca tinha sequer conversado com um policial.

Eu fiquei no sofá com Olivia, ela me passou um café bem quente e me envolveu com seus braços gentis. Eu não sabia dizer naquela hora a expressão maravilhosa que Joe revelava, lá no meio da sala, com os braços cruzados, seus olhos brilhando e um sorriso imenso estampado no rosto, me olhando. Pensei que ele desapareceria como todas às vezes, mas não, ele continuou ali, me esperando até que eu decidisse ir para meu quarto.





XOXO Neia ;)
Mais um cap. gente linda...Que acham que irá acontecer?? Será que é o Brian o misterioso assassino?? Façam as vossas apostas ;)
Já sabem, comentem, divulguem, sigam...enfim, o que quiserem!!!
P.S: Apesar de não responder aos comentários, eu leio eles todos...por isso mt obrigada pelo vosso apoio <3 <3

sexta-feira, 23 de maio de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo 8

— Olha só quem voltou para a terra dos vivos? — perguntou Vanessa empolgada como se tivesse acabado de ganhar na loteria.
— Eu estou vendo coisas? É mesmo a Demi, vivinha da silva? — perguntou Ster levantando-se de seu lugar no refeitório e abriu os braços para mim com um sorriso estampado no rosto. Por que essa agora de ficarem me comparando a zumbis? Eu não estava mordendo ninguém a procura de carne e sangue, eu estava apenas vivendo na minha. Eu até gostava dos filmes de zumbis como  Resident Evil e  ZombieLand,  mas eu não tinha nada a ver com eles, e isso já estava me dando nos nervos.
— Ok, sem mais palavra envolvendo zumbis ou eu bato em vocês — disse, decidida.
— E ela está de volta — Ster disse me apertando em mais um abraço, e eu deixei a irritação de lado e abri o melhor sorriso que tinha para meus amigos. Isso os deixou felizes, e a nossa refeição ficou mais agradável.
Lá estava eu novamente em meu canto no refeitório ao lado de Ster e Vanessa. Eu pensava que as coisas haviam mudado, como se os garotos tivessem de repente ficado mais maduros, ou as patricinhas tivessem adquirido mais bondade em seus corações, mas não... tudo continuava como quando os deixei. A não ser, é claro, o caso amoroso secreto entre Vanessa e Aaron.
Eu pensava que as desculpas de Aaron iriam vir em, sei lá, uma semana, ou no mês que vem, ou talvez até nunca, mas Aaron havia aparecido em nossa mesa no refeitório e sentado ao lado de Vanessa. Então ele me encarou. Foi engraçado ver Ster naquela situação, ele franzia a testa de Vanessa para Aaron e depois de Aaron para mim. Ster não estava entendendo absolutamente nada daquela situação. E nem as pessoas que estavam sentadas perto de nossa mesa; eu apenas ouvia uns cochichos e olhares em nossa direção.
— Tá legal, o que está havendo? — perguntou Ster decidido.
— Aaron me prometeu que pediria desculpas a Demi — respondeu Vanessa como se estivesse orgulhosa e tivesse feito algo que nenhum outro ser humano poderia algum dia fazer. Eu pensei sinceramente que Aaron estivesse ali na nossa mesa apenas porque havia transado com Vanessa, mas... como eu estava errada. Estava? Ster, no entanto, notou algo mais.
— Vocês dois... — ele começou, mas não conseguiu terminar, então achei melhor eu terminar por ele.
— E eles tiveram uma noite especial ontem, que não envolvia roupas.
— DEMI! — gritou Vanessa, mas ela não estava magoada, apenas um pouco envergonhada, somente um pouco.
— Ah, qual é? O Ster é da turma, ele não se importa em saber das nossas experiências sexuais. Não é, Ster? — me virei para ele, que fez um não com a cabeça. — Viu, Ster é um dos únicos caras maduros desta faculdade — e com isso eu parei meu olhar em Aaron, que me olhava desconfiado, e que finalmente decidiu dizer o que havia ido fazer em nossa mesa.
— Eu sinto muito, Demi, sério mesmo. O Joe que me tirava das roubadas em que eu entrava, mas agora que se foi eu fiquei perdido. E eu não bebo desde aquela noite, pode confiar em mim. Nunca mais vou levantar a não para uma mulher; portanto, desculpe-me — disse ele envergonhado e passou a encarar a mesa depois de terminar. Vanessa passava a mão em suas costas e sussurrava algumas coisas em seu ouvido que nem eu nem Ster podíamos ouvir. Eu podia dizer que fiquei impressionada, Aaron não parecia ser tão ruim, afinal de contas.
— Tudo bem... está quase perdoado. Mas... se fizer uma coisa sequer que faça a minha Vanessa chorar, você vai se ver comigo. Vou te fazer coisas das quais você nunca ouviu falar na sua vida. Vou fazê-lo chorar como uma criança e implorar por ajuda. — Acha que eu fui muito dura? Eu não, homens precisam de uma gelada de vez em quando. Todos na mesa olharam para mim como se eu tivesse dito que iria matar o cara, um silêncio mortal reinou até que ouvi:
— Muito bem, Demi, estou orgulhosa de você — isso não veio de ninguém da minha mesa, mas de Joe, se encontrava sentado ao meu lado. Eu nem olhei para e apenas disse:
— Está entendido, Aaron? Se tudo der certo, eu perdoo completamente.
— C-c-claro — respondeu ele de mãos dadas com Vanessa.
— Meu Deus, por onde você andou por todo esse tempo? — perguntou Ster, olhando-me com olhos esbugalhados.
— O quê? Estava apenas sendo sincera. Eu trabalho e um necrotério, pelo amor de Deus. Sei de várias ferramentas que vocês nunca ouviram falar — essa foi a minha resposta e eu não deveria ter dito tudo aquilo. Pareceu ainda mais que eu era uma louca assassina, Aaron ainda me encarava com medo, Vanessa o reconfortava e Ster... bom, os olhos que ainda estavam esbugalhados. Virei-me para o lado esquerdo e encontrei um Joe sorridente que de repente levantou polegar para mim, claramente mostrando aprovação e que eu tinha todo o controle da situação. Eu revirei os olhos e voltei para minha comida, que ainda estava intocada.
O assunto foi esquecido no ar depois de poucos minuto graças aos deuses, e as nossas conversas foram ficando um pouquinho mais agradáveis.
Eu disse um pouquinho.
— Então vocês estão oficialmente namorando? — perguntou Ster.
Não sei se o tom dele significava aprovação ou não. Vanessa não se importava com o que ele pensava, era a vida dela, afinal de contas. Mas levar uma pessoa para a nossa mesa e para o nosso grupo que alguém não aprovava era algo... ruim? Desrespeitoso? Ainda mais alguém que já havia me agredido. É, ele pediu desculpas e tal, e eu quase aceitei, mas isso não significava que eu ou o Ster iríamos esquecer do assunto assim de uma hora para outra. Eu sabia que o Ster pensava o mesmo que eu quanto ao assunto de ele machucar a Vanessa, mas acho que não tão macabramente como eu.
— Estamos — respondeu um deles superanimado, e você não vai acreditar qual dos dois. Sim, foi o Aaron que disse isso, feliz da vida, Vanessa deve ter feito um ótimo trabalho na cama ontem à noite, porque o cara não tirava os olhos dela, ele estava “amarradão” nela, como diriam certos garotos festeiros. E como eu sei disso? Eu não digo nem que a vaca tussa.
— Que ótimo — murmurou Ster nem um pouco animado, perdeu totalmente o apetite em relação à comida que e encontrava em sua frente.
— Ihhh, Ster não gostou nada disso, mas pode limpar para ele, Demi, que Aaron não é tão ruim assim. Quero dizer, quando ele está sóbrio, é um cara legal. Fui colega de quarto do cara, então eu sei que ele vai tratar bem a Vanessa... desde que não beba — esse foi o discurso do Joe em relação ao namoro dos dois. Fiquei surpresa que alguém daquela mesa os aprovasse, e esse alguém nem vivo estava.
O sinal tocou antes mesmo de eu dizer o que eu pensava sobre aquilo, mas; eu e Vanessa teríamos tempo suficiente para conversar sobre o assunto em nosso quarto compartilhado. Fui andando até minha sala de aula com Joe ao meu lado. Pela primeira vez, ele não falava nada, aquilo foi muito esquisito. Ele SEMPRE tinha algo para falar ou fofocar.
Deixei passar, eu não podia simplesmente perguntar a ele o que estava errado na frente de todo mundo sem que me chamassem de louca.
Fiquei surpresa por encontrar policiais em minha sala de aula, eram cinco ao todo. Perguntei a mim mesma o porquê de tantos deles. Eu não era a única, todos os alunos de anatomia descritiva estavam em alerta e sussurravam entre si para saber o porquê de tudo aquilo. Minha professora favorita, Olivia, conversava com um deles, e eu tinha certeza de que aquele que conversava com ela era o mesmo que havia me feito perguntas sobre o Joe no necrotério. O nome dele era Lewis, tinha muito gel no cabelo e sua barba havia crescido muito desde a última vez em que eu o vira. Além disso, ele parecia exausto, como alguém que não dormisse há dias, ou até mesmo semanas.
Caminhei com Joe, também surpreso, e sentei em meu lugar habitual. Dali eu pude reparar mais nos policiais que acompanhavam Lewis, que parecia ser o mais velho e mais exausto de todos, parecia o chefe da operação. Os outros policiais não impunham o mesmo respeito que Lewis, uma autoridade de fato. Quando ele começou a falar, todos os presentes fizeram silêncio, todas as centenas de pares de olhos olhavam para o policial Lewis. Eu o olhei, mas por alguns segundos meus olhos se voltaram para Olivia. Ela estava sentada em sua cadeira, encarando a mesa azul clara, o cabelo loiro liso e comprido caía sobre os ombros, e sua expressão era de pura tristeza. Aquilo mexeu comigo, eu sabia que naquele momento a notícia não seria boa. Joe notou meu olhar sobre Olivia, a expressão dela e a minha, e ele entendeu o que eu sentia. Ele pôs sua mão perto da minha, que descansava na mesa, como se me desse um sinal de que estava ali comigo, de que eu não estaria sozinha depois daquele aviso. Isso me acalmou.
— Como vocês bem sabem, assassinatos vêm ocorrendo. Joe Jonas há mais de dois meses, Vincent Gomez há três semanas e agora Gabriel Santiago... — Lewis tentou continuar, mas o murmúrio estava alto demais e, além disso, uma garota no fundo da sala começou a chorar. — Ele foi encontrado ontem à noite no campus da universidade assassinado do mesmo modo que Joe e Vincent. Todas as vítimas foram estranguladas e deixadas em algum lugar da universidade. Já é o terceiro caso em menos de três meses, o que nos leva a crer que temos um serial killer perto de nós, pessoal. A única coisa que peço é que tenham cuidado de agora em diante, os garotos principalmente. Tentem sempre estar acompanhados de seus amigos e não fiquem zanzando pela universidade até tarde da noite. A questão é simples: querem permanecer vivos? Nada de festas e de correr riscos, isso é sério. Algumas vidas já foram perdidas, e eu odiaria voltar aqui e encontrar outro colega de vocês morto. — Lewis falava sério, e suas palavras eram assustadoras, o que causou pânico e muita falação, mas ele ainda não havia terminado. — É claro que estamos tomando providências, esses policiais se revezarão e ficarão disponíveis 24 horas por dia. Todos vocês serão interrogados por mim, que sou o encarregado do caso. Não importa quantos mil alunos há nessa faculdade, eu farei de tudo para descobrir onde esses garotos estavam, quem eram seus amigos, que festas frequentavam, em que brigas se envolveram e tudo o que conseguir descobrir com toda a ajuda de vocês. O horário de cada aluno já foi marcado e quem não comparecer receberá uma visita especial minha. Nada de gracinhas crianças... Os horários vão ser postos no mural da sala depois da aula. Tenham um ótimo dia e se cuidem.
E foi assim. Lewis nos meteu um medo tremendo de sair até mesmo da sala de aula sem companhia. Todos nós estávamos lá, parados, petrificados com o aviso de Lewis, até mesmo Olivia que não conseguiu dar mais aula e nos dispensou mais cedo. Mas antes de sairmos, o aviso dos horários foi posto no mural. Todos silenciosos iam até o mural, procuravam seu nome, viam o horário e seguiam porta afora. O meu horário estava marcado para o dia seguinte à tarde.
Demi Lovato — 16h35m
Teria que avisar ao Sr. T que talvez chegasse tarde no necrotério.
— Bom, pelo menos eles estão fazendo algo para desvendar meu assassinato — disse Joe quando estávamos em meu quarto. Eu estava estendida em minha cama, pensando sobre tudo aquilo, enquanto Joe caminhava de um lado para o outro, impaciente.
— Não apenas o seu assassinato, mas também o de Vincent e Gabriel.
— Você acha que esse tal de Gabriel é aquele que trabalhava no necrotério antes de você? — perguntou Joe. Eu apenas franzi a testa e fiquei imaginando como ele sabia que antes de mim existia um tal de Gabriel. E eu comecei a pensar que talvez fosse ele mesmo, mas que esperava que não fosse. Ele foi tão gentil comigo naquele dia, e aparentava estar tão feliz, como se tivesse entrado em férias ou algo do tipo.
— Espero que não. Falarei com Troy sobre isso hoje à noite. Se o corpo de Gabriel tiver chegado até ele, Troy saberá e me dirá a verdade — sussurrei.
Depois de um longo tempo em silêncio, em que pensei que até Joe havia desaparecido, lembrei de uma pergunta que estava me incomodando já havia algum tempo. Levantei minha cabeça e vi que Joe estava sentado em minha cadeira da escrivaninha e me olhava com o olhar perdido.
— Quero que te perguntar uma coisa — eu disse.
— Manda.
— Promete que não vai ficar bravo?
— Sim — respondeu ele sorrindo. Sentei-me na cama e o encarei.
— Você acha que seria possível... sabe... o Aaron... t-t-ter te... ele não me deixou terminar.
— me matado? — terminou ele, que caiu na gargalhada. Eu não mexi nem um músculo, não achava aquilo nada engraçado. — Qual é, Demi? Aaron era meu colega de quarto, eu conhecia o cara como a palma da minha mão. Ele não machucaria uma mosca.
— Eu não penso assim, eu acho o que ele fez comigo algo bem sério — e de repente ele notou o quanto eu havia ficado magoada. Aaron podia ser um amigo camarada e tudo mais, com ele, mas Aaron era diferente quando ficava bêbado Joe mesmo disse isso. Então, por que não?
— Desculpe, D...
— Ele teve oportunidade, e, se ele estivesse bêbado poderia ter feito isso sim — interrompi o seu pedido desculpas e continuei com a minha teoria.
— Nisso você pode até ter razão, mas a polícia está procurando um serial killer, Demi. Você mesma ouviu Aaron dizer que ele não bebe esde o seu ataque.
— Ele pode estar mentindo — continuei decidida.
— Tudo bem. Mas, se eu não estou enganado, Vanessa estava com Aaron ontem à noite. Então ele não poderia ter matado Gabriel — disse
Joe ao seu tom normal. Ele não se vangloriou nem mostrou-se rude. E ele tinha razão, queria tanto achar alguém em quem pôr a culpa que eu não estava dando atenção aos fatos. E o fato era que Vanessa estava com Aaron no dia anterior à noite. A festa tinha começado lá pelas 22 horas e eles ficaram no quarto de Aaron a mais ou menos umas 4 horas. Vanessa notaria se ele tivesse desaparecido.
— Tudo bem — revelei depois de ter pensado na verdade. — E o que você se lembrou quando veio me pedir ajuda? Você ainda não me disse nada sobre isso.
Ele ia responder, mas nós dois ouvimos barulhos e ficamos em alerta. O som não estava vindo do corredor, mas do meu banheiro. Joe e eu nos entreolhamos desconfiados e miramos na porta do banheiro. E de repente duas pessoas saíram de lá.
— Com quem você está falando? — perguntou Vanessa aos tropeços enquanto saía do banheiro, com Aaron atrás de si.





XOXO Neia :)
Novo cap. postado, espero que gostem :D
Comentem, divulguem e sigam pff
Kiss <3








segunda-feira, 19 de maio de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo EXTRA

Joe
Demi.
Como pode um nome significar tanto? Como pode uma pessoa significar tanto para uma, pessoa como eu? Não falo isso por eu ser um idiota completo, às vezes, mas por eu ser um cara morto que ainda caminha por esta terra à procura de alguma coisa. Tentei ficar distante, fingindo que não me importava, mas é quase impossível. Eu menti para ela, menti para não ficar pior do que já está. A única coisa que eu fiz em meu desaparecimento foi vigiá-la distância, a segurança dela é tão pesada em meu peito que eu sinto que devo protegê-la mais do que uma pessoa normal faria. Eu queria admitir que a amo, mas isso só tornaria tudo mais impossível do que já é.
Meu coração não bate, mas ainda assim eu o sinto batendo dentro de mim quando estou perto dela. Eu sinto seu cheiro doce entrando em minhas narinas e sinto o desespero de não poder tocá-la. Pele contra pele, uma união entre duas pessoas que sentem o mesmo. Eu prefiro que ela me odeie a ferir aquele rosto lindo e sensível por eu não ser como ela me quer... um ser humano vivo. Eu a vejo chorar, chorar por mim, uma alma perdida entre tantas outras que andam por aí. A única coisa que eu posso fazer é ficar parado nas sombras e esperar que tudo aquilo passe e que ela volte a viver sua vida, mas vejo que ela não mais exibe aquele sorriso aberto e maravilhoso e os olhos brilhantes e felizes para ninguém, pois se sente magoada. Tudo o que eu digo a mim mesmo é que ela vai se acostumar com a minha ausência e finalmente vai conseguir seguir em frente, mas tudo piora e se desmorona diante de meus olhos. Minha ausência apenas traz mais dor e sofrimento, e tudo o que posso fazer é observar e esperar que esses sentimentos vão embora... mas não vão.
Vanessa é uma grande amiga, mas eu nunca notaria sua presença se estivesse vivo. Nunca perceberia que seu rosto gentil é como o de uma irmã amorosa que faria de tudo para ver você feliz novamente. Foi isso que ela fez para a minha Demi. Vanessa não entendeu o porquê daquela tristeza abrupta de Demi, pensou em inúmeras alternativas, mas nenhuma parecia ser ruim o bastante para deixar sua amiga triste daquela maneira. Demi não contava a verdade e eu não a culpava, não são muitos os que acreditariam que ela estava vendo o fantasma de um garoto da faculdade que morreu meses antes. O amigo delas, de quem eu não vou muito com a cara, também tentou trazer a animação de Demi de volta. Mas nada que eles faziam adiantava alguma coisa, Demi se enterrava nos livros e estudava dia e noite no necrotério. Troy até se acostumou com a presença dela lá depois das aulas, Demi saindo do necrotério lá pelas 11 horas da noite.
Depois de três semanas, eu decidi que havia cometido um erro, um erro terrível. Fiquei perdido na ideia de voltar para a vida dela e piorar ainda mais a situação. Eu a deixei, com certeza ela não me receberia de braços abertos. Fiquei voando dias a fio pensando em o que faria para que ela voltasse à sua rotina anterior e a ser a amiga simpática que Vanessa e Sterling um dia haviam conhecido. Encontrei Demi tarde da noite em sua cama, sozinha, com um livro sobre o rosto, enquanto Vanessa estava em uma festa no quarto de alguém do segundo andar. Quando limpei a garganta para anunciar a minha presença ela simplesmente levou um susto dos grandes e deixou o livro cair no chão. Quando seus olhos castanhos como avelãs vieram até mim, vi uma tristeza profunda e não podia acreditar que eu era a causa daquilo.
— O que você está fazendo aqui? Já tinha começado a pensar que você havia sido somente uma alucinação da minha cabeça — disse ela, cruzando os braços e se recostando totalmente nos travesseiros atrás de si.
Nenhum sorriso, nenhum tipo de sentimento que aquele rosto angelical gostaria de mostrar.
— Preciso de sua ajuda — murmurei com tom gentil e nada mais.
— E por que você precisaria da minha ajuda? — perguntou ela com um rancor que eu não sabia que poderia existir em uma pessoa tão linda e gentil como ela.
— Eu me lembrei de uma coisa — fiz uma pausa, olhei profundamente em seus olhos e dei três passos em direção à sua cama.
Fazendo isso, pude ver as olheiras embaixo de seus olhos perfeitos. Quero descobrir quem me matou! — disse, finalmente. Isso a surpreendeu muito, suas sobrancelhas se elevaram e sua expressão ficou menos rancorosa.
Sentei em sua cama e nossos olhos ficaram da mesma altura. — Preciso de sua ajuda — sussurrei.
— Por quê? — sussurrou ela de volta, olhando-me diretamente em meus olhos com uma dor evidente.
— Não posso simplesmente falar com os vivos, posso? — perguntei com um leve sorriso ao qual ela não correspondeu. Ela queria, isso eu sabia, mas não o fez. Ficou sentada, de braços cruzados e pensando no que eu acabara de lhe pedir. Depois de muito tempo ela apenas disse:
— Não, eu não posso. Eu te odeio — ela respondeu como uma criança emburrada. Como se eu tivesse roubado sua Barbie e agora quisesse brincar com ela novamente. Aquilo me pareceu adorável, para dizer a verdade.
— Eu te odeio mais — retruquei, cruzando meus braços também.
— EU te odeio mais — disse ela, o “eu” bem forte, e se sentou na cama, ficando perto de meu rosto.
— Podemos nos odiar, mas ainda assim preciso de sua ajuda — sussurrei seriamente e com firmeza, e ela pareceu entender.
— Tudo bem, eu te ajudo. Mas me prometa uma coisa... — ela começou decidida e parou por alguns segundos.
— O quê? — perguntei com curiosidade. Ela descruzou os braços e começou a encarar as mãos que estavam sobre suas pernas, pensando seriamente em como dizer o que estava em sua mente.
— Me prometa que... você vai aparecer todos os dias. Que você não vai me deixar sozinha — sussurrou ela em um tom que foi quase inaudível. Eu pensei naquela resposta, pensei nos dias que ela viveu sem mim e em quanto ela perdeu por minha causa. Nada daquilo haveria acontecido se eu não tivesse dado uma de gostosão e dito mentiras deslavadas. Aquelas olheiras, aquela tristeza, aquela solidão, tudo era culpa minha, e quem sou eu para recusar algo que a deixaria feliz. Mesmo eu sendo esse algo que a deixaria feliz?
— Eu prometo — murmurei de volta e ela me olhou surpresa, como se eu fosse ser capaz de dizer “não” para aquele rosto delicado e perfeito. Ela deu um sorriso que eu jamais esquecerei e que me iluminou profundamente. Quem um dia iria prever que um fantasma deixaria uma pessoa feliz? E quem um dia iria prever que um fantasma se apaixonaria por uma viva? Isso para mim parecia algo que poderia acontecer em filmes de romance para a grande tela de cinema. Mas agora aqui estou eu, conversando com uma humana viva, enquanto estou morto e usando as mesmas roupas do dia de meu assassinato, meses atrás. Eu devia estar triste, mas eu me recuso a estar triste com a minha morte quando uma pessoa como a Demi consegue trazer a tona o melhor de mim. Quem poderia ter me matado? Por que eu não me lembrava? E porque eu não lutei de volta? Sou, afinal, um homem corpulento e forte, por assim dizer.
Mas uma coisa é certa, eu tenho que proteger minha Demi enquanto ela estiver me ajudando, Deus me livre se ela encontrar o assassino e ele fizer algo contra ela. Eu morreria pela segunda vez.
Não conseguia acreditar no que Joe havia me pedido. Claro que sempre pensei em ajudar a descobrir o seu assassino e em como o assassinato aconteceu, mas Joe nunca tinha pedido assim tão abertamente a minha ajuda. Havia grande determinação em sua voz quando ele o fez, e é por isso que aceitei. Eu sofri quando ele me deixou completamente sozinha por quase um mês. Senti como se meu coração tivesse sido arrancado e nada houvesse em meu peito além de solidão e de uma tristeza aguda. Senti como se o mundo inteiro tivesse desmoronado e eu fosse a única sobrevivente. A única viva entre milhões e milhões de fantasmas. Senti uma pontada de felicidade quando Joe finalmente apareceu depois de tanto tempo caminhando por aí e aprontando por todos os cantos, mas também senti urna pontada de raiva por ele ter me deixado. Pedi a ele que fosse embora naquela hora e também que não desaparecesse para sempre. Não sei onde ele estava com a cabeça quando decidiu me deixar sozinha neste mundo.
Posso dizer, no entanto, que algo de bom veio em meio a toda a minha depressão. Em todas as provas e trabalho que fizera nas últimas semanas, eu tirei nota máxima. Estou adiantada em quase todas as matérias por já ter lido tudo o que os professores mandaram ler. Virei uma com completa CDF na ausência de Joe; não que eu antes não o fosse, mas digamos que “piorou” muito depois do desaparecimento dele.
Vanessa e Sterling se esforçaram tanto para me deixarem feliz, mas tudo o que eu via ao olhar para eles era a ausência de Joe a seu lado. Por isso me afastei, decidi que o melhor lugar para ficar era no necrotério, onde tinha somente a Troy e aos defuntos como companhia. Estando lá, eu me sentia mais perto de Joe. Ficava estudando com os barulhos que aquele lugar abrigava, os barulhos que agora sei que de fato são causados por fantasmas que não vejo. Por algum motivo, o único com quem eu conseguia me comunicar era Joe Jonas.
Troy, também conhecido como o Sr. T, me ajudou mais que qualquer outra pessoa. Ele sabia que algo estava errado comigo, mas compreendia que eu não queria falar a respeito e não me pressionava para saber a verdade nem para tentar me animar. Acho que por isso também achei o necrotério mais agradável para mim, eu podia ser eu mesma que ninguém ali presente perguntaria o porquê da minha tristeza e o porquê de toda aquela morbidez. Troy me tratava como a Demi normal de antigamente, enquanto Vanessa e Sterling lançavam olhares desconfiados a cada minuto que passavam comigo.
Quando Vanessa chegou da festa ontem á noite eu não pude mostrar para ela a minha felicidade, mas, pela manhã, estava claramente visível.
Enquanto ela estava de ressaca na cama, deitada de bruços, com o braço esquerdo para fora e um balde de segurança a seu lado, eu me aprontava com um sorriso de orelha a orelha.
— Você está completa e inteiramente assustadora — resmungou Vanessa ao abrir os olhos e me ver pra lá e pra cá parecendo feliz da vida.
Sua voz falhava e nem um músculo de seu corpo conseguia se mexer, como se ela estivesse com uma imensa dor.
— E você parece um gafanhoto morto. Não acredito que você não trocou de roupa ontem à noite, eu consigo ver a calcinha enfiada na sua bunda daqui, sabia?
— Ha-há-há, muito engraçado — soltou ela com um riso falso e voltou a fechar os olhos e a resmungar.
— Estou falando sério, até parece que você não nota — murmurei séria. Vanessa estava completamente jogada na cama e usava um vestido muito curto vermelho-vivo, por isso que conseguia ver claramente que sua calcinha preta estava enfiada na bunda e estava... do avesso! — AI, MEU DEUS! — gritei, e isso a fez levantar a cabeça e tirar a cabeleira ruiva encrespada de seu rosto. Ela apertava seus olhos com muita força. E franzia sua testa, parecia mesmo com muita dor de cabeça.
— O que é? Jesus Cristo, você vai acordar todos os pobres coitados que dormem por aí Demizinha — afirmou ela, agora me encarando ainda com a voz falhando. Quando cu não abri a minha boca para dizer o que eu acabava de descobrir, ela se sentou na cama e me encarou ainda mais. — O que aconteceu com você? O diabo não está mais no seu corpo magricelo?
— Que conversa é... Argh nunca teve nenhum diabo no meu corpo, Deus do céu.
— Humm sei. Então ficar como uma zumbi dias a fio é rotina para você? — perguntou Vanessa agora passando a mão na cabeça e fazendo uma careta que parecia ser de desconforto. Eu nem pensei em responder à sua pergunta, eu não iria dizer a razão de meus dias sombrios para uma garota de ressaca, mas... quem sabe um dia? Quando ela ne viu cruzando os braços e fazendo uma cara de mãe que pegou a filha no flagra, Vanessa olhou para os lados como se procurasse uma saída de emergência.
— Você transou ontem a noite, não foi? — perguntei firmemente, mas com um leve sorriso no canto da boca, algo que fez Vanessa ficar mais à vontade e, segundos depois, ela mesma estava sorrindo.
— Como você sabe disso?
— Ah, fala sério. Seu vestido nem está totalmente abotoado atrás e sua calcinha está do avesso. Qualquer pessoa que visse isso saberia!
— Então foi bom que foi você quem viu essa cena e não a minha mãe — disse ela se desatando a rir, mas segundos depois ela parou um pouco por causa da dor de cabeça. — Isso quer dizer que você é você mesma? Ou alguém invadiu seu corpo? Por favor, quero a Demizinha de volta e não um demônio dentro do corpo dela — Vanessa falou isso tão seriamente que pensei que ela tinha mesmo pensado nessa possibilidade.
Eu desatei a rir e me atirei na cama dela, assim nós duas rimos a beça.
Sentamo-nos na posição de indiozinho uma em frente à outra e entrelaçávamos nossas mãos a toda hora, enquanto trocávamos de histórias.
— Então quem foi o felizardo? — perguntei primeiramente.
— Ah, meu Deus, você não vai acreditar, Demizinha. Está pronta? — ela fez uma pausa e me deu um sorriso maior que qualquer outro. — Foi o Aaron.
— AH-MEU-DEUS! — disse, entre pausas, apavorada.
— Pera aí, deixa eu explicar — começou Vanessa pegando em minhas mãos. — Tudo  começou quando eu fui até ele na festa e comecei a xingá-lo pelo que ele fez com você. Fiquei “p” da vida quando ele pareceu não se importar. E foi aí que eu comecei a gritar como ele era um cretino dos grandes e um tarado que somente queria atacar as garotas indefesas. Todo mundo na festa percebeu a nossa briga e todos pararam pra escutar, foi embaraçoso pra ele. Eu pensei que ele ia chorar, Demi. Daí quando ele saiu do quarto da festa eu saí atrás dele porque eu não havia terminado de dizer o que eu tinha em mente. Apesar de eu estar dizendo aquelas coisas horríveis pra ele, Aaron não pareceu estar bravo comigo e nem nada parecido. Depois que disse a ele que era pra pedir desculpas pra você, ele começou a me explicar umas coisas da vida dele. Aaron me contou que ele faz essas besteiras quando bebe muito, que policias já vieram falar com ele por causa com que aconteceu entre vocês dois, e que depois disso ele nunca mais colocou uma gota de álcool na boca. Daí ele começou explicando que o Joe, sabe, o Joe que morreu?... Era ele quem segurava a barra quando ele bebia, e agora que Joe está morto, ele estava começando a se descontrolar. Coitadinho dele, Demi, ele vai pedir desculpas pra você. E sabe... depois nós fomos para o quarto dele, conversamos quase a noite toda, e uma coisa levou a outra, e eu tive os melhores orgasmos de toda a minha vida — disse ela sorrindo no final e revirando os olhos como se fosse transportada para outro mundo.
— Nossa... Espero que ele me peça mesmo desculpas — disse por fim. Eu não sou dessas pessoas rancorosas que guardam ódio dos outros para toda a eternidade, mas o que o Aaron fez comigo vai ser difícil de esquecer. Um pedido de desculpas, pelo menos, já seria um grande passo.
E a história dele batia com a história que Joe me contou depois do ataque que sofri. Tudo que eu podia imaginar é que Aaron falara a verdade para Vanessa; assim espero, porque ela estava muito feliz, apesar de cansada e parecendo um caco.
— E você? O que fez ontem à noite? — perguntou Vanessa curiosa.
— Sabe, a mesma coisa de sempre. Estudei até não poder mais e...
— Ah meu Deus, esquecemos que temos aula — quase gritou Vanessa enquanto se levantava da cama e começava tirar a roupa bem ali na minha frente.
— Sabe, faltam apenas vinte minutos pra aula acabar — eu a interrompi.
— Se você sabia, por que ficou aqui comigo? Você é mais CDF de toda a universidade. Pensando melhor, você é a mais CDF de todas as pessoas de todo esse planeta e de todos os planetas. Acho que você é mais CDF que todos os alienígenas juntos. Você não é um alienígena, é? — perguntou ela enquanto tirava seu vestido e colocava um pijama de ursinhos. Isso era sinal de que não iria sair do quarto o dia todo.
— Quer parar de falar essas coisas? Eu não sou nenhum. ET, nem demônio, nem diabo, nem fantasma, nem zumbi,. nem nada parecido. E eu fiquei com você porque precisava de mim e eu de você. E não fui para aula porque estou adiantada, já entreguei o trabalho de hoje há uma semana, — respondi ainda sentada na cama dela.
— Uma semana atrás? — disse ela franzindo a testa encarando o chão e de repente seu rosto de iluminou, come se tivesse descoberto a resposta de uma grande pergunta, — A-há, já sei: você é um robô!
— Por que você insiste em pensar nessas coisas? Eu sou apenas a Demi.
— Sem querer ofender, Demizinha, mas nunca na vida encontrei uma pessoa como você — confessou Vanessa enquanto voltava para se sentar a meu lado em sua cama.
— Isso é ruim? Você deve ficar feliz por eu ser diferente das outras pessoas.
— Humm — disse ela desconfiada. — Apenas me prometa que não vai ficar no modo zumbi ligado nunca mais — continuou ela quase com um beiço. Fiquei triste por deixá-la de fora de toda a minha “depressão—Joe”. Vanessa era uma ótima amiga e eu fui uma idiota por não notar isso antes.
— Sim, eu prometo — e sorri. Ela me deu um grande e apertado abraço.
O que continuava na minha cabeça era do quê Joe havia se lembrado. Será que ele se lembrou de algo de seu assassinato? Eu tinha que ajudá-lo com isso, parecia até um dever meu para com ele. Mas por quê?







 XOXO Neia :D
Hey babes!! Tou tão feliz que voces estejam comentando <3
Bem ai esta outro cap. Espero que gostem, continuem a comentar. Love You Guys <3
P.S: Comentários em anonimo já estão disponíveis, obrigada por terem dito que não estavam a dar. Kiss my people

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo 7

Antes do cap:
Pediram, por isso aqui vai:
Divulgação: 
http://jamaisteesquecereijemienelena.blogspot.com.br/ 



Agora o capítulo:

— Qual é, Joe? Eu preciso falar com você, onde você está? — perguntei encarando o teto sobre a minha cama, como se ele pudesse me ouvir lá em cima. Fechei meus olhos depois de segundos sem resposta e respirei fundo. Quando os reabri, Joe estava deitado em minha cama com a mesma roupa de sempre e com um sorriso assustador... mas sexy, tenho que admitir.
— Você consegue me ouvir quando o chamo? — perguntei aos sussurros ignorando o largo sorriso em seu rosto.
— Bem que eu gostaria, mas na verdade não. Foi apenas coincidência — Joe respondeu tirando o sorriso do rosto. Senti como se ele estivesse feliz em outro lugar e, quando apareceu para mim, aquela felicidade houvesse se extinguido. Não gostei daquela sensação.
— Onde você estava todo esse tempo? — sussurrei novamente, e por algum motivo queria manter a minha voz baixa.
— Por aí.
Ficamos nos encarando, sérios. Então, eu me encostei na escrivaninha e ele continuou deitado em minha cama. As respostas dele eram diretas e sem emoção, o que me fez sentir tristeza e solidão. Parece que esses dias sem a minha presença o desintoxicaram de sua atração por mim. Eu sentia o mesmo por ele, mas a maneira como ele me encarava naquele momento me deu medo. Medo por ele não me querer mais, medo de ele não aparecer mais para mim.
— Outro garoto foi morto, do mesmo modo que você — consegui dizer com esforço depois de muito tempo. Meu tom não era de felicidade e nem de tristeza. Ele estava se comportando como se não estivesse nem aí para mim, então decidi fazer o mesmo.
— Fiquei sabendo. Rondei por esta faculdade por muito tempo, você não faz ideia do que as pessoas fazer e o que dizem. Estou me divertindo bastante — ele confessou voltando a abrir o sorriso. Então era isso que e estava fazendo este tempo todo, espionando as pessoa. Que sutileza.
— Não sabe quem é o assassino? — perguntei, esperançosa. Talvez, se descobrisse o assassino, Joe pudesse encontrar paz e seguir em frente.
— Infelizmente não. Posso estar apenas em um lugar de cada vez e com toda a certeza ficar espionando garotos que eu não estou fazendo — respondeu ele com um sorris ainda maior. Eu logo vi o que aquele sorriso significava era malandragem, eu podia ver claramente. Então tudo que ele fazia naqueles dias era espionar mulheres, esse, sim, era o Joe que me magoava quando estava vivo. Eu não quis revelar meus sentimentos, mas só de pensar em ele espionando outras garotas me deu nojo e uma grande tristeza. Por que eu poderia imaginar que ele teria olhos.
— Quero que você vá embora — sussurrei lentamente com lágrimas nos olhos. Eu piscava seriamente e olhava para cima mais que deveria. Eu com certeza não deixaria aquelas lágrimas caírem enquanto ele estivesse me encarando. Não queria que ele soubesse que tinha me machucado, mas eu não consegui realizar tal façanha. Ele notou e o sorriso safado do rosto se extinguiu, e então Joe se levantou de minha cama.
— Demi, não é o que você está pensando. Eu não... — ele foi caminhando em minha direção, mas fui dando passos para trás até minhas costas encontrarem a porta.
— Eu quero que você vá... por favor — murmurei com tristeza e deixei sem querer uma lágrima cair em meu rosto. Eu a enxuguei rapidamente com as costas de minha mão. A expressão de Joe era de puro arrependimento, o que me fez querer chorar ainda mais quando percebi que ele poderia chorar também. Mas eu queria que ele sentisse a minha dor, a minha decepção. Ele caminhou até mim, parou a centímetros de me tocar. Eu quis dar mais passos para trás, mas minhas costas já estavam na porta. Fechei meus olhos para não encarar aqueles olhos cor de mel penetrantes e para não deixar mais lágrimas fugirem de seu esconderijo. Virei meu rosto para a direita e ouvi algo em meu ouvido esquerdo em alto e bom som.
— Desculpe-me — com um tom de dor. Não sei o que esse pedido de desculpas significava. Por ele não poder ficar comigo? Por olhar mulheres nuas aqui e ali durante todos esses dias? Por não saber quem é o assassino? Por me fazer chorar? Eu apenas decidi esquecer aquele momento entre nós quando abri meus olhos e não o encontrei ali, à minha frente. Por mais que ele me machucasse, por mais que ele me fizesse chorar, meus sentimentos em relação a ele nunca iam embora. Não sei se isso era bom ou ruim.




XOXO Neia ;)
Como vão meus amores kkkk
Sei que tá curto, mas para não vos deixar na mão estou postando este....o próximo é um pouquinho maior :)
Já sabem: divulguem, comentem, sigam o que quiserem...Kiss Love You Guys <3