—Você foi absolutamente
incrível — Joe disse, enquanto estávamos sentados na cama em meu quarto. Mas
antes, é claro, eu já havia verificado se Vanessa e Aaron não estavam aqui ou ali
fazendo Deus sabe o que. — Desde o momento em que eu fiz aquelas coisas
explodirem no quarto de Aaron você lidou muito bem a situação — confessou ele sorridente.
— Ah, qual é, Joe? Eu fui
demais desde o momento em que eu pisei no quarto de Brian. Foi você que amarelou
quando ele veio pra cima de mim com cara de mal — eu disse entre gargalhadas.
— Tudo bem, você venceu. Mas
eu não acredito que você levou o crédito pelas coisas que eu fiz no apartamento
de Brian.
— Pois é, me desculpe sobre
isso — disse sentindo-me envergonhada.
— Por quê? Não se desculpe,
eu achei aquilo o máximo. Na verdade, sou eu que tenho que me desculpar porque
perdi o controle daquela maneira. Eu não suporto a ideia de alguém lhe fazendo
mal, isso... acaba comigo — ele confessou no final, aos sussurros.
— Quer saber a verdade? — eu
perguntei e ele assentiu, indo sentar-se mais próximo de mim. — Eu sei que vai
soar totalmente retardado o que vou dizer, mas ahh, eu nem importo mais.
Quando... você faz aquelas coisas para me proteger... eu me sinto amada... por
você — sussurrei. Não me importava mais se ele não sentia o mesmo em relação mim,
eu apenas queria que ele soubesse.
Joe não disse nada, apenas
se ajeitou na cama e ficou de frente para mim. Ele encarou a maneira que o meu
cabelo caía sobre meu rosto, olhou profundamente nos meus olho e por fim para a
minha boca.
Desviou o olhar de tudo o
que era meu e limpou a garganta.
— Eu beijaria você, se
pudesse — isso soou como um facada em meu coração. Ele finalmente estava
admitindo que sentia algo por mim?! E aquilo não importava, de qualquer maneira,
porque, no final das contas, não podíamos ficar juntos.
Eu me ajoelhei diante dele e
cheguei pertinho de sua boca. Ele recuou.
— Você tocou no Aaron quando
estava com muita raiva então talvez isso possa acontecer de novo — e eu tentei
beijá-lo mais uma vez.
— NÃO, DEMI! - gritou Joe, e
saiu de minha cama e de perto de mim. Eu só o tinha visto assim uma vez. E foi
quando ele estava bravo com Aaron. Enquanto ele falava, ou melhor, gritava
comigo, eu levantei- me de minha cama e fui caminhando até ele, e ele sempre ia
recuando. — VOCÊ ACHA QUE EU GOSTO DE ME AFASTAR DE VOCÊ? EU QUERO TOCAR EM
VOCÊ, EU QUERO TE BEIJAR. MAS NÓS NÃO PODEMOS, DEMI, POR FAVOR, ENTENDA ISSO.
EU TE AMO, MAS SINCERAMENTE EU NÃO POSSO FICAR COM VOCÊ TODOS OS DIAS SE VOCÊ
FICAR ME ATACANDO DE MINUTO A MINUTO! - Uma pessoa normal teria parado para
recuperar o fôlego, mas Joe disse tudo isso sem precisar pegar mais um pouco e
ar. Ele está morto Demi, ele não respira.
— O que você disse? — parei
de segui-lo e perguntei com olhos arregalados. Ele me encarou e parou para
pensar em o que eu queria saber, ou melhor, em eu querer que ele repetisse. Por
um momento, eu pensei que havia imaginado aquelas três palavras e sete letras,
mas de repente:
— Eu te amo — saiu de sua
boca, de uma maneira tão doce que eu podia até chorar.
— Você está falando sério? —
perguntei aos sussurros. Dessa vez foi ele que veio até mim e disse:
— Eu te amo tanto que
morreria novamente por você — eu queria dizer aquelas palavras para ele também,
mas ele me interrompeu antes que eu pudesse me mexer. — Eu te prometi que
sempre ficaria ao seu lado, mas você tem que me prometer que não vai tentar me
tocar novamente. — Eu tentei falar, mas hesitei. Ele continuou: — Por favor, Demi.
Eu não suporto quando você se aproxima e eu tenho que recuar. Eu NÃO quero
recuar, eu quero que você saiba disso. Eu quero você. — As palavras sinceras e
nada rudes que saíam de sua boca faziam meus joelhos tremerem e meu coração
pular de alegria. Para mim, ouvir aquelas palavras eram melhor que poder tocá-lo.
Então foi por isso que eu sussurrei:
— Eu prometo — ele sorriu, e
eu não pude deixar de fazer a mesma coisa.
— E você está atrasada — ele
anunciou. Eu estava tão perdida naquele rosto divinamente perfeito que nem
juntei as pecinhas de minha vida.
— O quê?
— Você está atrasada, Demi.
Para seu estágio no necrotério.
— Oh — por mais que eu sabia
o que aquelas palavras poderiam significar, eu ainda estava esperando palavras
profundas de amor. Mas que bobagem, a minha.
— Eu te espero aqui — Joe
disse e eu não entendi, ele reparou na minha testa franzida, então esclareceu
mais as coisas. — Há um serial killer por aí, e você espera que eu deixe você
caminhar por este campus sozinha?
— Mas ele só mata garotos! —
eu disse sorrindo, enquanto abria meu guarda-roupa e procurava algo para
vestir.
— Isso não vai me impedir —
então ele me deu uma piscadela e eu sorri ainda mais. Que garota não ficaria
feliz em ter aquele garoto que ela ama a seguir em todos os lugares somente
para deixá-la mais segura?
Quanto mais tempo com Joe eu
tivesse, mais feliz eu estaria.
Eu me troquei rapidamente
porque obviamente eu estava atrasada, nem havia me lembrado que tinha estágio hoje
à noite. O que era difícil, porque eu tinha TODOS os dias a noite estágio no
necrotério da Universidade, exceto sábados e domingos. Mas a gente pode se esquecer
das coisas ligeiramente quando a pessoa que você está apaixonada diz que te
ama... Eu disse pessoa? Eu quis dizei Fantasma, você está me entendendo, não é?
É algo muito rápido e simples de se entender. Garota está apaixonada por um
fantasma, o fantasma está apaixonado pela garota. O resultado disso tudo? Eu
não sei, ainda estou tentando descobrir como tudo vai se resolver. Ou eu sou
burra o suficiente em pensar que um dia tudo vai se resolver. Mas eu sou uma
das pessoas que gostam de pensar que tudo acontece por uma razão, Joe apareceu
a mim, portanto, EU SEI que algo bom tem que sair disso.
Joe me acompanhou até o
necrotério, até ficou me esperando no lado de fora da porta transparente da
sala de autópsias. Ele olhava para dentro de hora em hora para se certificar de
que eu ainda estava viva e bem. O que para mim pareceu a coisa mais doce que um
rapaz jamais havia feito por mim, se bem que, por outro lado, dentro daquela
sala havia apenas Troy, eu e os defuntos. Então eu sabia que nada ali dentro
poderia acontecer, eu conhecia demais o Sr. T para descartá-lo como o serial
killer que os policiais estavam procurando. A sala de autopsia apenas possuía uma
entrada e uma saída, e isso Joe estava cuidando para mim e para o Sr. T, embora
ele não soubesse.
— Sr.T? — disse seu nome
quando ele descobria a causa da morte de um homem de aproximadamente 30 anos.
— Hum? — ele resmungou sem
olhar para mim, e decidi seguir em frente.
— O tal Gabriel que foi
assassinado pelo serial killer do campus... era o Gabriel que trabalhava aqui antes
de mim? — perguntei e Troy parecia que não havia me escutado, ou que não queria
me responder.
Pensei que seria a segunda
alternativa, ele não era surdo, afinal de contas.
— Infelizmente sim, querida
— murmurou ele docemente e com um olhar triste. — Não sei quem poderia estar
matando esses garotos saudáveis e inteligentes. Um desperdício para a medicina
moderna — ele continuou com aquele tom de dar dó. Troy, no decorrer dos dias e
meses, tinha se tornado quase uma espécie de segundo pai para mim, ou, se não fosse
isso, um bom amigo no ambiente de trabalho. Eu apreciava a companhia dele tanto
quanto a de Vanessa. Ele era viúvo e seu filho já era um homem feito, que vivia
com esposa e filhos, então Troy passava a maior parte do tempo cuidando do necrotério
e falando com os mortos, literalmente.
— Ele estava tão feliz
quando saiu daqui... Lembro-me de ter pensado que este lugar não era tão
agradável, vendo a reação dele...
Mais uma vez Troy ficou em
silêncio, e minutos depois retomou a conversa:
— Gabriel estava feliz
quando saiu porque iria passar um tempo com seus pais. Ele não os via há uns
bons três anos... eles moravam longe daqui, sabe, e os pais não podiam vir nem
ele podia ir.
E novamente pensei no rosto
feliz de Gabriel ao atravessar as portas para ir embora. No momento em que ele
estava livre para rever seus pais.
Relembrar aquela cena me
doeu o coração, e, assim como Troy, eu comecei a pensar em poderia matar esses
garotos tão inteligentes e felizes.
Foi nesse momento que senti
uma raiva tremenda do tal seriaI killer, eu mesma queria procurá-lo e levá-lo
para a delegacia. Minha ansiedade de saber a verdade era tanta que sentia que
poderia fazer de tudo para desvendar esse mistério. Enquanto eu observava o
Sr.T mexendo nos órgãos do homem na mesa de autópsias, disse a mim mesma e
faria de tudo para descobrir o assassino daqueles garotos, o assassino do meu Joe.
Como ele ousou tirar essa pessoa de mim? E eu disse “ele” porque as chances de
uma mulher ser uma serial killer são mínimas, ou pelo menos é o e dizem as
pesquisas. Além disso, você tem que encarar os fatos.
Eu sou uma defensora das
mulheres, mas será que alguma mulher seria capaz de assassinar três garotos
superfortes que malhavam quase todos os dias e enforca-los com as próprias mãos?
Não são todas as mulheres que conseguiriam tal feito.
Joe me acompanhou do
necrotério até meu quarto, depois de meu turno. Ele ficou atento a todas as
pessoas que passavam por nós e todos os barulhos que nos cercavam. Por mais medo
que eu sentisse de encontrar o assassino, única coisa em que eu pensava
enquanto caminhava ao lado de Joe era encontrá-lo em flagrante e descobrir quem
ele era.
A noite passava rapidamente
e eu estava morta de cansaço. Amanhã seria a minha entrevista com Lewis na delegacia,
e eu pretendia responder as perguntas com toda sinceridade, mas também
pretendia levar alguma informação de volta para meu quarto. Nem que isso
significasse que ter que roubar o dossiê do assassinato de Joe e dos outros
garotos.
— Boa noite — disse Joe,
quando eu já me encontrava quentinha na cama e prestes a desmaiar de tanto
sono.
— Boa noite — resmunguei.
— Boa noite, Demi — disse Vanessa.
A minha intenção era dar aquele boa-noite para Joe, já que eu havia dado
boa-noite para Vanessa momentos antes. O que pareceu algo estúpido de dizer
para um fantasma, mas eu estava tão perdida de sono que nem me dei conta disso.
XOXO Neia *-*
Mais um cap. lindos...
Como irá ser a entrevista na delegacia??
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Kiss <3