segunda-feira, 25 de agosto de 2014

No Limite da Atração – Capitulo 2


Joe
O cheiro de tinta fresca e de gesso me fez pensar no meu pai, e não na escola. Ainda assim, esse cheiro me atingiu em cheio quando entrei no escritório totalmente reformado. Com livros nas mãos, andei devagar até o balcão.
- E aí, Sra. Marcos?
- Joe, porque se atrasou de novo, muchacho ? - perguntou ela enquanto reunia uns papéis.
O relógio na parede marcou nove da manhã.
- Droga, é cedo.
A Sra. Marcos desviou de sua nova mesa de cerejeira para me encontrar no balcão. Ela acabava comigo quando eu chegava atrasado, mas ainda assim eu gostava dela. Com longos cabelos castanhos, ela parecia uma versão hispânica da minha mãe.
- Você perdeu a consulta com a Sra. Collins esta manhã. Não é uma boa forma de começar o segundo período - sussurrou ela enquanto registrava meu atraso. Ela inclinou a cabeça na direção dos três adultos reunidos no canto distante da sala. Presumi que a loira de meia- idade sussurrando para o casal rico era a nova orientadora.
Dei de ombros e deixei o canto direito da minha boca se retorcer para cima.
- Ops!
A Sra. Marcos me estendeu o registro de atraso e me lançou o olhar carrancudo de sempre. Ela era a única pessoa nesta escola que não acreditava que meu futuro e eu estávamos completamente fodidos. A loira de meia- idade falou alto:
- Sr. Jonas estou feliz que tenha se lembrado da nossa consulta, mesmo estando atrasado. Tenho certeza que não se importa de aguardar um pouco enquanto termino algumas coisas. - Ela sorriu para mim como se fossemos velhos amigos e falou com tanta suavidade que, por um instante, quase sorri de volta. Em vez disso, fiz sinal com a cabeça e me sentei na fileira de cadeiras encostadas na parede do escritório. A Sra. Marcos riu.
- O que foi?
- Ela não vai aturar a sua postura. Talvez ela te convença a levar a escola a sério.
Recostei a cabeça na parede de concreto pintado e fechei os olhos, precisando de mais umas horas de sono. Faltando uma pessoa para fechar, o restaurante só me liberou depois da meia- noite, e depois Beth e Isaiah me mantiveram acordado.
- Sra. Marcos? - perguntou uma voz angelical. - Pode me dizer quais são as próximas datas para o exame nacional, por favor?
O telefone tocou.
- Espere um segundo - disse a Sra. Marcos. E o telefone silenciou.
Uma cadeira na mesma fileira da minha se mexeu, e minha boca se encheu de água com o aroma de pão de canela. Dei uma espiada e notei um cabelo vermelho, macio e cacheado. Eu a conhecia. Demi Lovato.
Não havia pão de canela a vista, mas ela certamente cheirava a um.
Fizemos várias aulas juntos. Eu não sabia muito a seu respeito, além de que era discreta, inteligente, ruiva e tinha peitos grandes. Ela usava camisetas largas de manga comprida que caiam nos ombros e tops por baixo que revelavam apenas o suficiente para atiçar as fantasias.
Como sempre, ela olhava diretamente para frente, como se eu não existisse. Droga, provavelmente eu não existia na cabeça dela. Pessoas como Demi Lovato me irritavam demais.
- Você tem um nome esquisito - murmurei. Eu não sabia por que queria provoca- la, mas tive vontade.
- Você não devia estar se drogando no banheiro?
Então ela me conhecia.
- Eles instalaram câmaras de segurança. Agora a gente faz isso no estacionamento.
- Foi mal. - O pé dela se balançava freneticamente para frente e para trás.
Ótimo, eu tinha conseguido penetrar naquela fachada perfeita.
- Demi... Demi... Demi...
O pé dela parou de balançar e os cachos vermelhos sacudiram furiosamente quando ela se virou para me encarar.
- Que original. Eu nunca ouvi isso antes.
Ela agarrou a mochila e saiu da sala. A bunda durinha rebolava enquanto ela marchava pelo corredor. Isso não foi tão divertido quanta pensei que seria. Na verdade, eu meio que me senti um babaca.
- Joe? - a Sra. Collins me chamou para o escritório.
O último orientador tinha muitos problemas de TOC. Tudo no escritório era perfeitamente arrumado. Eu costumava mudar as placas de lugar só para incomoda- lo. Não haveria essa diversão com a Sra. Collins.
Sua mesa era uma bagunça. Eu poderia enterrar um corpo ali e ninguém jamais encontraria.
Sentando diante da Sra. Collins, esperei que ela acabasse com a minha raça.
- Como foi seu Natal? - De novo ela estava com aquele olhar de cachorro pidão.
- Bom. - Isto é, se você considerar que seus pais adotivos gritando um com o outro e jogando os presentes de todo mundo na lareira é um bom Natal. Sempre sonhei em passar meu Natal em um porão imundo vendo meus dois melhores amigos se drogarem.
- Maravilha. Então as coisas estão indo bem na sua nova família adotiva. - Ela disse em tom de afirmação, mas com a intenção de ser uma pergunta.
- É. - Em comparação com as três últimas famílias que eu tive, eles eram a maravilhosa Família Sol- Lá- Si- Dó. Dessa vez, o sistema tinha me colocado com outro adolescente. Ou as pessoas encarregadas tinham poucas opções ou finalmente estavam começando a acreditar que eu não era a ameaça que imaginavam. Pessoas rotuladas como eu não tinham permissão para viver com outros menores de idade. - Olha, eu já tenho uma assistente social e ela já é um saco. Diga aos seus chefes que você não precisa perder seu tempo comigo.
- Não sou assistente social - disse ela. - Sou uma assistente social clínica.
- É a mesma coisa.
- Na verdade, não é. Estudei por muito mais tempo.
- Bom pra você.
- E isso significa que posso lhe oferecer um nível diferente de ajuda.
- Você é paga pelo Estado?- perguntei.
- Sou.
- Então não quero a sua ajuda.
Os lábios dela se retorceram em um meio sorriso, e eu quase senti uma pontinha de respeito por ela.
- Que tal irmos direto ao assunto?- perguntou ela. - De acordo com seu arquivo, você tem um histórico de violência.
Eu a encarei. Ela me encarou. Aquele arquivo era cheio de merda, mas anos atrás eu aprendi que a palavra de um adolescente não vale nada contra a palavra de um adulto.
- Este arquivo, Joe. - Ela bateu três vezes nele com o dedo. – Acho que ele não conta a história toda. Conversei com seus professores na Highland High. A imagem que eles fizeram não representa o jovem que estou vendo na minha frente.
Agarrei com força a espiral do meu caderno de cálculo até furar a palma da mão. Quem diabos essa mulher achava que era para escavar meu passado?
Ela folheou meu arquivo.
- Você foi transferido para vários lares adotivos nos últimos dois anos e meio. Esta e sua quarta escola desde a morte dos seus pais. O que eu acho interessante é que, até um ano e meio atrás, você ainda estava entre os melhores alunos da escola e ainda competia nos exportes. Essas qualidades normalmente não combinam com um caso de indisciplina.
- Talvez você precise cavar um pouco mais fundo. - Eu queria essa mulher fora da minha vida, e a melhor maneira de fazer isso era assusta- la. - Se fizesse isso, descobriria que espanquei meu primeiro pai adotivo. - Na verdade, eu dei um soco na cara dele quando o peguei batendo no filho biológico. Engraçado que ninguém da família ficou do meu lado quando os policiais chegaram. Nem mesmo o garoto que eu defendi
A Sra. Collins parou, como se estivesse esperando que eu desse a minha versão da história, mas ela estava muito enganada. Desde a morte dos meus pais, aprendi que ninguém no sistema dava a mínima. Depois que você entrava, estava ferrado.
- Seu antigo orientador na Highland falou muito bem de você. Disse que você entrou para o time de basquete da escola no primeiro ano, um dos melhores alunos, envolvido em várias atividades estudantis, popular entre os colegas. - Ela me inspecionou. - Acho que eu teria gostado desse aluno.
Eu também - mas a vida era uma droga.
- Meio tarde para entrar para o time de basquete... Já estamos no meio da temporada e tal. Você acha que o treinador aceitaria as minhas tatuagens?
- Não tenho o menor interesse em recriar sua vida antiga, mas acredito que juntos podemos criar algo novo. Um futuro melhor do que o que você terá se continuar no caminho em que está. - Ela parecia tão absurdamente sincera. Eu queria acreditar nela, mas tinha aprendido do jeito difícil, a nunca confiar em ninguém. Mantendo o rosto livre de emoções, deixei o silêncio crescer.
Ela rompeu o contato visual primeiro e sacudiu a cabeça.
- Você passou uns maus bocados, mas é cheio de possibilidades. Suas notas nos testes de aptidão são fenomenais, e seus professores veem seu potencial. Sua média precisa melhorar, assim como sua frequência. Acredito que as duas coisas estejam relacionadas. Bem, eu tenho um plano. Além de me ver uma vez por semana, você vai participar de aulas de reforço até sua média se aproximar das notas dos testes.
Eu me levantei. Já tinha perdido a primeira aula. Essa reuniãozinha divertida me fez perder a segunda. Mas, já que eu tinha tirado a bunda da cama, tinha a intenção de ir a aula em algum momento hoje.
- Não tenho tempo para isso.
Uma leve irritação tomou conta de seu tom de voz, tão sutil que quase não percebi.
- Preciso contactar sua assistente social?
Fui em direção a porta.
- Vai em frente. O que ela vai fazer? Destruir minha família? Me colocar no sistema de lares adotivos? Continue a cavar e vai ver que chegou tarde demais.
- Quando foi a última vez que você viu seus irmãos, Joe?
Minha mão congelou na maçaneta.
- E se eu pudesse lhe oferecer visitas supervisionadas mais frequentes?
Larguei a maçaneta e voltei a sentar.








XOXO Neia *-*
Desculpem a demora gentiii :/
De qualquer das maneiras, aqui tá novo cap....até à próxima gente e espero que estejam a gostar.
Comentem :)
Kisses <3

3 comentários:

  1. Amei *-* estou mega ansiosa pra saber mais sobre a vida do Joe! Cara ficou perfeito o capítulo!
    Continua
    Fabiola Barboza :*

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  2. Estou amando! !
    Quero mais, posta logo!!

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  3. Estou amando essa fic
    Estou super ansiosa para saber mais sobre o joe e para quando ele e a demi se aproximarem também
    O capítulo Tá perfeito!
    Posta logo!!!

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