terça-feira, 15 de abril de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo 2

Eu detesto primeiro dia de aula. Você se sente como uma alienígena em novo planeta. Como Vanessa cursava Jornalismo, eu estava indo para minha primeira aula da faculdade sozinha. O friozinho na barriga estava me deixando enjoada e maluquinha. Não queria e não iria vomitar no primeiro dia de aula. Você pode ser forte, Demi, eu sei que pode.
Caminhei ligeiramente para encontrar minha sala de aula, mapa e horários na mão. Todo mundo sabia que eu era uma caloura. Encontrei minha sala em menos de 15 minutos, acho que poderia ser pior, pelo menos não me perdi naquele lugar que parecia ser um castelo. Sentei-me em uma cadeira no meio da sala gigantesca. Eu detestava lugares lotados, mas acho que teria que conviver diariamente com isso. As salas de aula eram intensas, as cadeiras eram como em uma sala de cinema. O quadro branco era vezes maior do que nas escolas, e sabia que o professor seria uma miniatura para as pessoas que sentassem lá em cima. Um auditório, onde provavelmente poderiam caber mais de trezenras pessoas, e eu estaria ali, no meio de todas elas. Nem gostaria de imaginar se um professor um dia me fizesse uma pergunta no meio desse povo todo e eu errasse. Sei que faculdade é para pessoas maduras e sérias, ainda mais no curso de Medicina. Mas sempre tem um que não é maduro o bastante e que dará risadinhas e irá debochar, como, por exemplo, um rapaz que eu conheço.
Ainda não sabia o sobrenome dele, mas o chamo de Joe. Todo mundo o chama apenas de Joe. Ele pode se destacar por ser um garoto lindo de morrer, mas por trás daquela linda máscara há um garoto que adora fazer as pessoas se sentirem mal. Não sei por que existem pessoas assim no mundo. Será que eles falam coisas ruins e malvadas para se sentirem melhor? Chamar uma pessoa de feia não vai lhe fazer ser mais bonita. Chamar uma pessoa de perdedora não vai lhe fazer mais popular.
Pessoas más como Joe não se relacionam com as pessoas normais como eu. Pessoas como ele apenas se entendem com pessoas como ele. A sala já estava lotada e a aula já iria começar e eu estava pensando em Joe?
Por que eu estava pensando no Joe?
A primeira matéria do dia era Histologia e o professou já se encontrava na sala. Eu peguei meu caderno e minhas canetas e postei tudo em cima da mesa. Anotei tudo que pensava ser importante das palavras do professor Bradley. Ele parecia ser daqueles caras ranzinzas, era calvo e baixinho. Bradley possuía aqueles rostos de autoridade, que dava a impressão de que se alguém falasse ou atrapalhasse sua aula ele o expulsaria imediatamente. Sua voz era a Única que todas as pessoas ouviam e prestavam atenção. Se uma mosca passasse por ali certamente a turma toda escutaria.
— Medicina não é para os fracos, tenho certeza de que muitos de vocês aqui presentes sabem disso. No primeiro ano as salas ainda são lotadas como esta, mas no final nem a metade estará aqui. Muitos trocam de curso ou desistem. Enfim, como disse antes, Medicina não é para todos. Pensem nisso.
Depois de conversas disso e daquilo, a primeira aula havia acabado.
Agora todos falavam e murmuravam sobre suas vidas para os amigos que já haviam feito. Eu fiquei sozinha (como sempre), guardei meus pertences e, quando meus olhos vagavam pela sala, percebi que um aluno conversava com o senhor Bradley. Aqueles cabelos pretos um pouco arrepiados não me eram estranhos, pensei, e depois de algum tempo observando vi que aquele aluno era Joe. Não podia ouvir muita coisa, mas fiquei curiosa sobre o que eles estariam conversando. Bradley falava com Joe como um pai que estivesse dando uma bronca em filho. Eu me levantei, desci as escadas não querendo parar lá e segui para a porta.
Não olhe, Demi. Não olhe Demi. Mas quando me dei conta, Joe já estava do meu lado com um olhar perdido.
— O que você está olhando? — perguntou ele grossamente para mim e seguiu em frente, se perdendo no meio de outros alunos. As pessoas que testemunharam a cena me olharam de uma maneira estranha, talvez pensando em o que eu deveria ter feito para deixá-lo tão irritado comigo.
Eu apenas baixei minha cabeça, prensei meus livros em meu peito e segui em frente, como uma garota solitária.
Por que ele é tão grosso com as pessoas? Ele possui um rosto tão agradável e gentil, mas quando abre a boca tudo aquilo se perde em questão de segundos. Eu fiquei magoada, mas gostaria de não estar. Ele não tinha nenhum valor para mim, então por que eu tinha ficado magoada? Encontrei-me com Vanessa no refeitório, quando a vi eu suspirei e sorri. Estava cansada de ficar sozinha e ainda ser o alvo maldoso do Joe-sem-sobrenome.
— Como foi sua primeira aula? — perguntou ela, enquanto comia seu pastel de queijo.
— Foi boa. O senhor Bradley é um ótimo professor.
— Dizem que esse professor, o Bradley, é um homem sem piedade. Pode te expulsar da sala por apenas um. sussurro e te reprovar por não gostar da sua cara.
Então eu estava certa, ele é do tipo severo. Pelo menos minha habilidade de prever as pessoas ainda estava funcionando. O almoço daquele dia não estava tão agradável quanto nos dias anteriores, eu quis praticamente vomitar tudo que eu havia recém-comido. Minha cabeça estava perdida e eu encarava o nada.
— Você tá legal? Você não parece muito bem, Demi — perguntou Vanessa quando me viu fazendo careta e escondendo o rosto nas mãos.
— Não dormi muito bem essa noite e essa comida não melhorou a situação — respondi manhosamente e descansando minha cabeça na mesa gelada. Aquilo me fez tão bem que soltei um gemido de aprovação.
As pessoas perto de nós me olharam com curiosidade.
— E a sua primeira aula como foi, Vanessa? — perguntei sabendo que ela estava louca para me contar todos os detalhes desde quando sentei em nossa mesa pequena. Ela parecia estar prestes a explodir de tantas palavras que estavam presas em sua garganta.
— Foi o máximo, Demizinha, obrigado por perguntar. Um garoto tão gatinho ficou me encarando o tempo todo. Se pudesse eu transaria com ele na mesa do professor. O nome dele é Connor, tem aquelas franjas de emo, mas eu curti. O sorriso dele faz minhas pernas tremerem. Ah, enfim, acho que estou apaixonada — respondeu Vanessa com um sorriso maior que a cara e um olhar sonhador. Já havia previsto que ela não falaria da aula e nem do professor, mas sim de alguém em quem poderia estar interessada. Vanessa estava vestida tão delicadamente, mas com uma pitada de sexualidade. Um vestido simples, mas muito curto. Connor deve ter notado isso e logo encarou a presa. Eu era uma nada sentada ali naquela mesa com Vanessa, eu vestia uma simples calça jeans e um suéter azul que combinava com meus olhos.
— Olha ele ali. — sussurrou ela para mim, batendo em meu braço com uma força impressionante.
— Da próxima vez, me chame como uma pessoa normal, sua Hulk — pedi passando a mão em meu braço direito e fazendo cara feia.
— Desculpe, mas olha ele ali — ela apontava para a nossa esquerda discretamente. Connor almoçava com outros três garotos e garotas que, assim como ele, usavam cabelos de emo; ele sorria como se estivesse filmando um comercial para a Colgate. Lucy tinha razão, ele era bonitinho, possuía uma beleza diferente de Joe. Epa, não acreditava que Joe estava em meus pensamentos outra vez. Ai meu querido Deus, me ajude!
— Desculpe quebrar o seu barato, Vanessa, mas acho que ele e os amigos são um pouco emo.
— Quem liga para isso, Demizinha? Ele é lindo e estava me secando na aula de Criatividade. Além disso, emos são legais. Eu curto My Chemical Romance — ela disse “My Chemical Romance” como se entendesse de alguma coisa da banda, o que não me convenceu.
— Eu também não ligo para essas coisas. Foi você mesma quem disse emo de uma maneira esquisita.
— Tudo bem, vamos parar com esse assunto. E me diz, ele é bonitinho, não é? Mas não bota olho, aquele garoto é meu — disse ela observando Connor com olhos penetrantes e ardentes. Ela quase pirou quando ele olhou para ela e deu uma piscadela de tirar o Nego.
Eu queria ficar ali com a Vanessa fofocando ou encarando garotos bonitos, mas minha próxima matéria era Microbiologia e eu deveria ir para a aula imediatamente. Só esperava que não encontrasse Joe em nenhum lugar em meu caminho. Dito e feito, segui até minha sala sem nenhum sinal de Joe-sem-sobrenome. Naquela sala de aula havia poucos estudantes comparado à aula de Histologia. O professor Ben deu um discurso muito parecido do de Bradley, eu Fiquei encarando a parede e pensando em outra coisa no tempo todo que ele repetia aquelas palavras que eu já havia escutado. Estava comum tédio que poderia dormir se fechasse os olhos.
Chato escutar tudo de novo não é?
Alguém que sentava ao meu lado me passou este bilhete. Olhei para ele e vi um garoto loiro de olhos azuis. Eu sorri e assenti com a cabeça, dando-lhe um sim como resposta. Ele pegou de volta o papel que havia me dado e escreveu outra coisa.
Qual seu nome? O meu é Sterling.
Prazer Sterling, eu sou Demi.
Demi significa uma mulher gentil. Já pude perceber pelo seu sorriso adorável que faz jus ao seu nome.
Minhas bochechas ficaram. vermelhas quando li essa ultima parte, tenho que admitir. Não importava se ele havia recém inventado tudo aquilo, mas sorri para ele novamente e ele fez o mesmo. O sinal tocou logo em seguida e ele saiu da sala como um flash. Fiquei triste, pensei que ele esperaria por mim e me seguiria a qualquer lugar que eu estivesse indo.
Mas vai entender os homens de hoje em dia.
Segui em direção ao meu quarto, de novo sozinha. Joguei a mochila na cama e, logo, eu mesma. Por que as pessoas se distanciavam de mim assim tão facilmente? E por que Joe me odiava tão descaradamente se nem. me conhecia? O primeiro dia de aula foi bom e duro ao mesmo tempo. Queria ligar para minha mãe e contar tudo o que tinha acontecido e chorar em seus braços, mas eu não sou mais urna criancinha de cinco anos, tinha que aprender a viver minha vida sozinha, não importa o quanto dura ela seja.
Uma semana se passou e nada de eu encontrar Joe em partes inesperadas da faculdade e nem ter ouvido a voz bruta dele. Ouvia seus amigos próximos dizendo que já estavam ficando preocupados com seu desaparecimento. Até Vanessa não parava de falar naquele assunto.
— Alguma coisa aconteceu para ele não aparecer nas aulas e nem mesmo no seu quarto do alojamento ela disse. Isso fez meu coração pular, não tinha a menor ideia de por quê.
— Ele pode ter voltado para a casa dos pais ou algo assim — eu tentei pensar em alguma solução. Tentei pensar em alguma explicação que fizesse sentido, assim eu não ficaria tão preocupada corno já estava naquele momento. Eu não queria ficar preocupada, mas eu estava.
— Os pais dele morreram quando ele era pequeno. Ele é praticamente um órfão. E além do mais, ele contaria algo simples assim para seus melhores amigos. Ele é um idiota, mas nem tanto.
Eu estremeci. Perder ambos os pais era o que eu mais temia em minha vida inteira. Não poderia imaginar algo acontecendo com uma pessoa como Joe Talvez essa seja a razão de ele ser tão mau com as outras pessoas. Assim ele não se conectava com elas e, se algo acontecesse, ele não seria ligado a elas a ponto de chorar em seu velório.
— Oi garotas, o que tá rolando? — perguntou Sterling sentando na nossa mesa com seu almoço, no refeitório. Sterling se juntou ao nosso “bando de duas” há umas quase duas semanas. Ele era um cara sério, mas que nos fazia rir. Gostávamos da presença dele em nossa mesa. Vanessa o encarava às vezes com olhos apaixonados, mas seu coração ainda estava virado para Connor, com quem nada ainda havia acontecido. Sterling flertava comigo quase que diariamente. Eu correspondia às vezes, mas ainda não sabia se queria um romance no primeiro semestre de faculdade. Vanessa dizia que eu era louca por não dar muita atenção ao Sterling, que várias garotas são apaixonadas por ele e mais um monte de histórias malucas. Mas eu ainda não tinha me decidido.
— Joe ainda está sumido. Muita gente está preocupada agora — eu respondi para Sterling.
— Ele vai aparecer. Posso garantir que isso já aconteceu antes milhares de vezes. Pessoas desistem da faculdade diariamente e não contam a nenhuma alma.
— É, mas ele estava quase no ultimo ano Ster, porque desistiria agora? — eu perguntei.
— E eu que vou saber, Demi? O cara é praticamente odiado aqui na faculdade, não sei por que as pessoas o querem de volta. Deviam estar agradecendo por ele estar desaparecido. — respondeu Ster com um pouco de raiva. Era a primeira vez que o via falar assim.
— Isso foi maldade, Ster. Podemos não gostar dele, mas somos humanos, ficamos preocupados — disse Vanessa botando um fim naquele assunto.
Minhas aulas continuavam interessantes desde a primeira semana, mas já tinha feito uma lista das matérias de que eu estava gostando e das que eu estava detestando.
1. Histologia — Bradley me fascina com suas palavras e aprovo a maneira como trata os alunos. Há uns dois dias duas garotas discutiam quem era o mais gato no meio da aula dele: Shia Laheouf ou Josh Hartnett.
Eu fiquei pensando em qual escolheria nos minutos em que Bradley as expulsava da sala aos gritos. Eu realmente fiquei abismada, eu amo e venero o Shia Labeouf desde sempre e Josh Hartnett tem uma carinha de anjo que faz eu me derreter toda. Com certeza dá uni empate total, na minha opinião... GOSTO ou DETESTO? Gosto!
2. Microbiologia — Ben me faz dormir em apenas seis minutos quando começa a falar. Eu gosto do cara, mas aquele rosto chato e sem graça não me faz querer prestar atenção na aula. Faço o máximo para não dormir e ficar prestando atenção. Até pedi para Sterling me cutucar a cada dois minutos, meu braço direito já ficou dolorido de tantos cutucões. GOSTO ou DETESTO? Detesto!
3. Imunologia — A matéria é tão chata quanto a professora. Ela tem mais de 40 anos e dá em cima dos garotos de 20 no meio da aula. Eu chamo aquilo de falta de profissionalismo e sempre fico com o queixo nos joelhos quando ela Faz alguma coisa para os garotos novos. Vanessa me falou algo a respeito quando mencionei isso a ela, mas agora eu não estou me lembrando. Mas tinha algo a ver com mulheres de uma certa idade que namoravam garotos muito mais novos. Eu tenho apenas uma palavra para aquilo: NOJENTO. Não estou criticando ninguém e com certeza não sou preconceituosa, mas imagine a seguinte situação... Seus pais estão divorciados e sua mãe decide namorar um garoto que pode ser o SEU namorado. Situação embaraçosa, não é? GOSTO ou DETESTO? Detesto!
4. Anatomia Descritiva — Minha matéria favorita, assim como a professora, Olivia. Ela é gentil, me prende a atenção quando fala e é particularmente jovem. Logo na primeira semana ela deu um megatrabalho para a turma fazer e apresentar. Ela adorou o meu trabalho e pediu que falasse com ela no final da aula. Olivia tem um cabelo até a cintura de causar inveja, assim como seu corpinho sarado. Acho que Olivia teria mais vantagem na questão de dar em cima dos alunos. Mas, enfim, logo quando a aula acabou eu fui até ela e ela me passou um formulário sobre um estágio. Ela mencionou que nunca deu um daqueles formulários e uma vaga de estágio assim tão cedo do semestre, e ainda mais para um dos calouros. Mas quando ela reparou em mim logo percebeu que ali tinha um potencial. GOSTO ou DETESTO? Amo!
5. Bioquímica — Sem comentários. Nunca tinha visto o professor porque ele faltou as duas primeiras semanas de aulas. Eu tentei conversar com alguém para dizer que ele fosse substituído, mas aparentemente o cara é “o cara”. Somente está atrasado de acordo com seu programa de viagens. A maioria dos alunos adoraram o Lato de não ter aula logo no começo, mas eu não. Eu quero que ele apareça, eu quero aprender, eu quero ser uma médica afinal de contas. Tudo que tenho que ver durante os próximos anos da minha vida é livros e mais livros na minha cara.
Fim do dia e ainda nenhuma notícia do Joe. Tive a coragem de conversar com os amigos dele, fiquei impressionada quando eles me receberam de braços abertos e foram gentis ao me explicarem que ainda não tinham tido notícias dele. Caminhava para o meu alojamento com os olhos grudados no chão, pensava na última vez que havia visto Joe.
Naquela expressão de tristeza que estampava seu rosto doce. O que será que havia acontecido? Será que ele havia mesmo desistido? Ele parecia tão seguro de si, de que seria médico, quando adormeceu diante de minha porta.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei pasmada quando dei de cara com um garoto sentado na minha cama lendo um dos meus livros que antes estava na prateleira. É sério, Sterling, o que faz aqui? — perguntei novamente, porque sinceramente ele não me ouviu na primeira vez.., ou fingiu que não ouviu?
— Calma gatinha, apenas quero falar com você — ele falou e eu esperava o que quer que fosse que ele estava prestes a dizer, mas ele apenas ficou ali sentado em minha cama me encarando com aqueles olhos azuis anormais de tão claros.
— O que quer me perguntar, Ster? — segui em frente para acabar com o transe dele e fazê-lo falar de uma vez. e sorriu quando me apressei ao perguntar o que ele queria. Eu não retribuí, eu não gostava que as pessoas mexessem eu, minhas coisas, é totalmente particular e eu preciso de espaço. Sterling sabia disso, mas acho que decidiu ignorar.
— Vai ter uma festa daqui a pouco no alojamento masculino, no quarto do Pete. Quer ir comigo?
— Quem é Pete? — perguntei. Eu sinceramente não sabia que ele tinha amigos além de mim e de Vanessa. Ou então sou estúpida demais e nunca percebi. E é claro que Sterling podia ter mais amigos se quisesse, ele era legal, menos quando invadia a privacidade dos outros. E eu nunca havia ouvido Sterling falar deste tal de Pete.
— É um cara que conheço que mora no meu corredor. Ele é legal.
— Tenho que estudar, Ster, tenho prova amanhã.
— Você estuda demais, Demi, tem que tirar um descanso. Qual é, vai ser divertido! — ele tentou me convencer e se levantou da minha cama, deixando meu livro aberto lá em cima.
— Não posso, convida a Vanessa — pedi soando mais ríspida do que poderia imaginar. Ele meio que se distanciou de mim e eu me arrependi de ter sido tão má com ele. Eu fechei os olhos, respirei fundo e tentei me acalmar apenas um pouquinho. — Desculpe Ster, mas hoje não estou muito a fim — tentei fazer a situação embaraçosa se desmanchar no ar.
— Tudo bem, quem sabe na próxima? — ele murmurou dando um minissorriso. Ele era tão lindinho, não gostava de fazê-lo ficar triste, mas naquele momento e provavelmente nunca eu iria a uma festa. Prefiro mil vezes ficar no meu quarto lendo e estudando. Acho que Sterling percebeu isso e saiu com passos silenciosos. Eu me joguei na cama e tapei meu rosto com o antebraço, dei um longo suspiro e tentei relaxar.
—Já disse que não vou com você, Ster — eu disse, quase gritando e perdendo a paciência novamente quando ouvi a porta se abrir e alguém entrar.
— Meu Deus, quem foi que te mordeu hoje? — perguntou Vanessa soando não muito simpática, assim como eu.
— Ah desculpe aí, Vanessa, pensei que fosse o Ster novamente — respondi sentando-me, e olhei para ela. Vanessa parecia muito cansada, ela estava, assim como eu, estudando muito. Ela bocejou e se jogou na sua cama, ao lado da minha.
— O que ele queria? Convidar você para aquela festa idiota? — ela perguntou e eu assenti. — Ele praticamente convidou metade do alojamento feminino.
— Por que ele quer que a gente vá? Eu odeio festas, deixei isso bem claro na semana passada.
— Ele quer você lá para beijar você, né? Tá bem claro que ele te quer, Demi — ela respondeu enquanto tirava a roupa e vestia um pijama rosa claro.
- Mas eu não o quero. Acho que já deixei isso bem claro — eu disse e comecei a me vestir para dormir também. Minha cabeça estava começando a doer, odiava quando aquilo acontecia, não conseguia dormir direito.
— Ele provavelmente está apaixonado por você, Demi se não desistiu ainda — ela murmurou e logo fechou os olhos ao se deitar, e se tapou até a cabeça. Eu estremeci quando a ouvi dizer aquilo... que Sterling talvez estivesse apaixonado por mim. Eu gostava dele, mas não daquele jeito. Ele era um cara legal e eu apreciava demais a presença dele, mas nunca poderia me apaixonar por ele.
Uma hora se passou e eu ainda encarava o teto, e minha cabeça latejava. Olhei para Vanessa e ela dormia feito um bebê. Por que só eu tenho problemas para dormir? Isso nunca foi um problema para mim até os 18 anos, mas agora está piorando muito. Parece que minha cabeça não cala a boca, e então ela começa a latejar e eu não consigo dormir. Levantei-me e abri o livro que Sterling havia pegado de minha prateleira, A mulher do viajante no tempo, e comecei a ler. Caí no sono lá pelas 4 horas da manhã, mas segundos depois abri meus olhos abruptamente e me sentei na cama rápido, como se alguém tivesse gritado meu nome.
Meus olhos assustados pararam em Joe-sem-sobrenome, que estava parado diante da minha porta. Eu não gritei, apenas olhei para ele com pavor. Suas roupas eram simples, um jeans largado, uma camiseta branca lisa e tênis Adidas nos pés. Ele ficou lá parado me encarando.
Minha garganta se fechou e eu não consegui dizer nada. Depois de um tempo tentando eu sussurrei:
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, franzindo a testa e observando o quarto todo à procura de alguma resposta de como ele havia entrado ali sem eu notar.
Joe me olhava amedrontado como se tivesse acabado de ver um fantasma. Meu coração, que antes batia louca- mente, agora começava a pegar no ritmo calmo e normal. Minha expressão assustada virou para uma de pena. Por que Joe estava tão assustado?
— Joe? — disse seu nome e saí da cama para ir até ele.
— Com. quem você está falando Demi? — perguntou Vanessa grogue e ainda de olhos fechados. Quando virei para olhar Joe novamente ele desapareceu. ELE DESAPARECEU! COMO ELE FEZ ISSO? Devia ter aberto e fechado a porta bem silenciosamente para eu não escutar. E ligeiramente também, porque apenas olhei para Vanessa por uma questão de segundos.
Voltei para minha cama e percebi que Vanessa já havia pegado no sono novamente. Mas, ao contrário dela, eu não consegui fazer o mesmo.
Encarei a porta onde Joe estava parado alguns minutos antes até conseguir dormir. O que não aconteceu nas horas seguintes. Minha cabeça estava a mil com aqueles poucos acontecimentos. O meu relógio marcava quase 5 horas da manhã, então eu provavelmente estava perdida em meus sonhos quando Joe resolveu entrar em meu quarto e de Vanessa.
O que me perturbava era como ele havia saído e por que ele estava ali me encarando tão assustado.




 XOXO Neia *-*
Espero que gostem :-)
Comentem e divulguem pff kiss LY

3 comentários:

  1. o Joe já morreu :( Adorei e muito curiosa pelo resto.

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  2. Nova por aqui e já me apaixonei.
    Estou tentando raciocinar o capitulo ainda
    hasuausaus
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    1. Amiga lê, segue e ajuda divulgar?
      http://tudoqueeumaisqueroevoce.blogspot.com.br/

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