Joe
Eu disse a verdade à Sra. Collins. Eu não tinha tempo para
monitoria nem aconselhamento. Em junho, eu ia fazer dezoito anos e me formar em
lares adotivos. Isso significava que eu precisaria de uma casa para mim, e
pagar aluguer implicava ter um emprego. Mas a Sra. Collins jogou comigo como um
agiota. Visitas supervisionadas ocasionais aos meus irmãos não eram o suficiente.
Ela balançou isso na minha frente como uma porcaria de agulha para um viciado
em heroína.
Meu turno no Malt and Burger começava às cinco da tarde.
Olhei para o relógio pendurado sobre a mesa da bibliotecária. Que parte de "encontre
o cara que você vai monitorar logo depois da aula na biblioteca pública" o
sabe- tudo não entendeu? A Sra. Collins pode ter dito quem ia ser meu monitor,
mas parei de ouvir depois de alguns minutos. A mulher falava demais.
Eu me concentrei nas portas duplas. Mais cinco minutos e eu
poderia, feliz, considerar essa sessão um fracasso, um fato que eu adoraria jogar
na cara da Sra. Collins.
Uma porta se abriu e o ar gelado entrou, provocando
arrepios nos meus braços. Ah, que diabos. Eu me recostei na cadeira e cruzei os
braços sobre o peito. Demi Lovato entrou apressada na biblioteca.
Os olhos dela vasculharam o ambiente enquanto as mãos com
luvas esfregaram os braços. Como se o frio pudesse penetrar naquele casaco de couro
marrom afrescalhado. Um sorriso leve como um raio de sol repousava no rosto
dela. Parece que a Sra. Collins tinha deixado nós dois no escuro. No instante
em que ela me viu, o sorriso desbotou e os olhos verdes explodiram com nuvens
de tempestade.
Bem- vinda a essa merda de clube.
Por baixo da mesa, eu chutei a cadeira em frente.
- Você esta atrasada.
Ela colocou a mochila sobre a mesa e se jogou na cadeira
para sentar.
- Tive que ir a secretaria para descobrir as datas das
provas. Eu poderia ter conseguido essa informação hoje de manhã, mas um idiota
me atrapalhou.
Ponto para Demi, mas eu sorri para ela como se estivesse no
controle.
- Você podia ter ficado. Eu não te mandei embora.
- E deixar você me perturbar mais? Não, obrigada. - Ela
tirou a jaqueta, mas manteve as luvas de tricô. Ela cheirava a frio e couro. A
blusa de algodão azul caía sobre o top bege, expondo a parte de cima do decote.
Garotas como ela gostavam de provocar os caras. Mal sabia
ela que eu não me importava de olhar.
Ao me pegar encarando, ela arrumou a blusa e o decote desapareceu
de vista. Cara, isso foi engraçado. Ela me olhou, talvez esperando um pedido de
desculpas. Era melhor esperar sentada.
- Em quais matérias você esta fraco? Todas? - Os olhos
verdes dançavam.
Parecia que Demi também gostava de falar merda.
OK, eu sacaneei a garota de manhã sem motivo. Ela merecia
certa vantagem.
- Nenhuma. A Sra. Collins esta só dando uma de mandona
nesse caso.
Demi abriu a mochila e tirou um caderno. Uma sombra cruzou
seu rosto quando as luvas escorregaram, e ela imediatamente puxou as mangas
longas para cima das mãos.
- Com que matéria você quer começar? Temos aula de cálculo
e física juntos, então podemos começar por aí. É preciso ser um idiota completo
para precisar de ajuda com tecnologia empresarial. - Ela fez uma pausa.
- Você não estava na minha turma de espanhol no último
período?
Abaixei a cabeça e meu cabelo caiu nos olhos. Para uma
menina que não percebia que eu existia, ela sabia muito sobre mim.
- É. - E neste período também. Ela entrava assim que a
campainha tocava e pegava o primeiro assento disponível sem olhar muito para os
lados.
- ¿Qué tan bien hablas español?- perguntou ela.
Se falo bem espanhol? Dá pro gasto. Eu me afastei da mesa.
- Preciso ir.
- O que? - A testa dela se encolheu sem acreditar.
- Diferente de você, eu não tenho pais que bancam tudo.
Tenho um mprego, princesa, e se não sair agora vou me atrasar. A gente se vê
por ai.
Pegando meus livros e minha jaqueta, deixei a mesa e imediatamente
sai da biblioteca. O ar frio de janeiro me deu uma tapa na cara. O gelo cobria vários
pontos da calçada.
- Ei!
Olhei por cima do ombro. Demi veio atrás de mim, com a
jaqueta de couro em um braço e a mochila nas costas.
- Coloque a porcaria da jaqueta. Está frio aqui fora. - Não
parei para falar com ela, mas diminuí o passo, curioso para saber por que ela me
seguiu.
Ela me alcançou rapidamente e manteve o passo ao meu lado.
- Aonde você pensa que vai?
- Eu já disse: pro trabalho. Achei que você fosse
inteligente. – Eu nunca tinha conhecido ninguém que fosse tão legal de provocar.
- Certo. Então, quando vamos fazer a nossa sessão?
Larguei meus livros sobre a lata- velha que eu chamava de
carro, fazendo a ferrugem se espalhar pelo chão.
- Não vamos. Vou te fazer uma proposta. Você diz pra Sra.
Collins que estamos nos encontrando quantos dias você quiser depois da aula, recebe
as horas de voluntariado que precisa pro seu clubinho e eu confirmo a sua
versão. Não vou ter que me encontrar com você, e você não vai ter que olhar pra
mim. Eu continuo com a minha vida ferrada e você vai pra casa brincar de se
arrumar com as amigas. Combinado?
Demi recuou e se afastou como se eu tivesse batido nela.
Ela perdeu o equilíbrio quando atingiu um pedaço de gelo. Minha mão direita se esticou
e agarrou o pulso dela antes que o corpo batesse no chão.
Fiquei segurando até ela se firmar se apoiando no porta-
malas do meu carro. Suas bochechas brancas ficaram vermelhas, de vergonha ou de
frio. De qualquer maneira, achei engraçado. Mas, antes que eu tivesse a chance
de zoar, os olhos dela se arregalaram e ela encarou o pulso que eu segurava.
A manga longa azul estava acima do cotovelo, e segui o
olhar dela até a pele exposta. Ela tentou arrancar o braço da minha mão, mas
apertei com mais força e engoli o nojo. Em todas as casas de filme de terror em
que eu já tinha morado, nunca tinha visto uma mutilação como aquela.
Cicatrizes ressaltadas, brancas e vermelho- claras,
ziguezagueavam pelo braço dela.
- Que merda e essa?
Arranquei os olhos das cicatrizes e busquei o rosto dela
para encontrar respostas. Ela respirou rápido algumas vezes antes de puxar de
novo e conseguir escapar do meu aperto.
- Nada.
- Isso não é nada. - E esse nada deve ser doído pra cacete
quando aconteceu.
Demi esticou a manga, passando pelo pulso e chegando à
ponta dos dedos. Ela parecia um cadáver. O sangue sumiu do rosto, e o corpo vibrava
com tremores silenciosos.
- Me deixa em paz.
Ela virou e voltou tropeçando para a biblioteca.
XOXO Neia *-*
Um milhão de desculpas gente! Não pensei ficar tanto tempo sem postar, mas começaram as aulas, escola nova, turma nova, professores novos...enfim tudo muito novo. Como tenho um horário muito cheio fica difícil vir postar, mas vou tentar de agora em diante pelo menos postar um todos os fins de semana.
Aqui está o capitulo e espero que gostem :) espero também que esteja tudo bem com vocês.
Até ao próximo cap. meus amores e comentem ;) xauuuuuuu!!!
Posta logo gata..
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