Meu coração
pulou. Eu agradeci a Coca Cola com um sorriso forçado. Não queria pensar no que
havia visto e nem no que aquilo significava. Joe devia ter cometido um erro,
talvez ele se lembrasse do relógio de Olivia em outro lugar, não no momento de
seu assassinato.
Tinha que
haver alguma explicação. Eu apenas não queria acreditar naquilo, então eu
fiquei lá sorrindo para ela e bebendo minha Coca até que acabasse.
— Há quanto
tempo você é professora? — perguntei.
— Eu tenho
29, leciono desde os 21.
— Você
gosta dessa profissão? — O que você está
fazendo, Demi?
— Gosto.
Quando vejo uma nota alta em uma prova ou trabalho eu me sinto realizada. O
aluno sabe aquilo por minha causa, e isso é uma ótima sensação — falou ela
enquanto caminhava pelo quarto. Por fim ela descansou e se sentou em sua cama,
ficou de frente para mim. Como uma pessoa tão doce como ela poderia ser algo
tão horrível? Eu não conseguia acreditar.
— Você é
uma ótima professora, minha favorita.
— Obrigada,
Demi, e você é uma ótima aluna — ela sorrindo.
— Então,
depois de todo esse caminho que você correu, não entendo como uma pessoa gentil
como você poderia ser uma assassina. Ou melhor, uma serial killer — dei um gole
em minha Coca e sussurrei: — Inacreditável.
Eu esperava
que ela começasse a rir ou me olhasse como eu estivesse maluca. Ou até mesmo eu
esperaria por ela em cima de mim para me matar. Mas tudo que ela fez foi dizer:
— Eu sabia
que você iria descobrir — disse, fechando os olhos e bufando. Ela não era nem
um pouco ameaçadora, na verdade nem o tom de sua voz mudou. Estava gentil
adorável como sempre. — Quando você me viu naquele dia, eu soube que era uma
questão de tempo.
— Ótima
fantasia, afinal — disse eu, em relação à roupa preta. — Nem imaginava que
fosse uma mulher — eu não sei por que eu estava tão calma, conversar assim
normalmente com uma assassina não era normal.
Mas eu
tinha a sensação de que ela não me machucaria. De que ela NUNCA me machucaria.
Acho que ela descobriu o que eu estava pensando.
— Eu não
vou machucá-la — é, por algum motivo ela só atava rapazes.
— Por quê?
Por que você os matou? — não me segurei e tive que perguntar, aliás, eu queria
e necessitava de algumas resposta.
— Eles
mereceram. Garotos que abusam de mulheres não devem viver— respondeu ela
cruamente. Eu me arrepiei toda e não foi simplesmente pela maneira que ela
disse o que disse, mas pela resposta também. Joe havia abusado de alguma pobre
garota? Ele não poderia... ele nunca faria mal a ninguém. Olivia se levantou e
cruzou os braços. —
Exceto
talvez aquele garoto, o Joe. Ele foi apenas um erro, não deveria ter acontecido
— ela confessou quase envergonhada, o que me deu nojo.
A partir
daquele momento eu comecei a sentir nojo daquela pessoa que eu pensei que
amasse.
— Esclareça
isso, por favor — pedi com os dentes cerrados.
— Eu pensei
que Brian estava sozinho no quarto. Eu não sabia que Joe estava lá. Quando me
dei conta, era Joe quem estava adormecido em meus braços, e não Brian.
— Então por
que você o matou se viu que tinha cometido um erro?
— Porque eu
tinha certeza absoluta de que ele viu que era eu antes de fechar os olhos. Não
podia correr o risco de ele contar para a polícia quando acordasse. Tive que
mata-lo e eu sinto muito por isso.
Eu fiquei a
olhando para Olivia e sentindo pena por existir alguém tão miserável no mundo.
Como eu pude confiar nessa pessoa? Como eu deixei ela me confortar em momentos
de tristeza mais de uma vez, se ela mesma era a culpada? Como eu não vi isso
antes? Como ninguém viu isso antes?
— E o que
Brian fez de tão terrível por merecer esse destino? — perguntei com desdém e
isso a deixou zangada.
— Aquele
parasita estuprou a minha irmã casula. Apenas 16 anos e ele a violou —
respondeu Olivia quase aos gritos.
— E quanto
ao Gabriel?
— Ele
estava se gabando com os amigos quando chegou de férias.
Disse que
deu um trato total em uma garota que ele odiava.
— Como você
sabe se era verdade? Poderia ser uma brincadeira.
— Era
verdade porque eu pesquisei na internet as notícias onde seus pais moravam.
Nancy Cassidy, 14 anos, estuprada e quase surrada até a morte. Gabriel foi
embora depois do ato e Nancy não pôde contar à polícia porque estava em coma —
Deus! E eu pensando que Gabriel era uma pessoa decente e adorável. Eu estava
julgando mal o caráter das pessoas ultimamente. — Todos os garotos mereceram
morrer.
Meu coração
começou a bater tão rapidamente que eu pensei que ele fosse fugir. Tudo o que
eu conhecia de Olivia desapareceu, até mesmo o sentimento de que ela não
poderia me machucar. Ela era tão fria, comecei a odiá-la.
— Você não
tinha o direito de fazer a justiça com as próprias mãos. Isso é errado. Pensei
que uma pessoa inteligente como você saberia disso.
Que cena hilariante.
Uma aluna passando um sermão em uma professora. Virei as costas e fui até a
porta, virei a maçaneta e estava trancada.
—
Procurando isso? — ouvi sua voz atrás de mim e um tilintar de chaves.
Virei para
encará-la e ela balançava o molho de chaves de um lado para o outro com um
sorriso no rosto. Joe a havia visto em ação e morreu por isso. Eu iria morrer
como ele, morrer por saber a verdade.
Não, eu não
iria morrer. Eu não iria deixar isso acontecer, eu tinha que chamar a polícia e
revelar a verdade para Lewis.
— Deixe-me
sair. Eu prometo que não irei dizer nada a ninguém sobre isso — tentei usar a
minha habilidade de mentir. Mas não funcionou, pela primeira vez não funcionou.
Olivia apenas riu.
— Não seja
tão ingênua, Demi. Eu te conheço.
— Você não
sabe nada sobre mim — disse com uma cara de nojo.
Ela
caminhou ligeiramente até mim e me deu um soco tão forte que eu quase caí no
chão. Meu lábio superior começou a sangrar.
— Eu sei
muito mais que você imagina. Como, por exemplo… que você não tem superpoderes
como a maioria das pessoas daqui gosta de pensar. Não, a pessoa por trás disso
é Joe, não é? Seu precioso Joe, o namorado que você nunca teve.
— Como
vo...
— Eu
instalei um microfone no seu quarto. Sei tudo o que você e seus amigos disseram
desde quando você me viu com Aaron.
— Ele
mudou, ele...
— Me poupe.
Eles nunca mudam, Demi. Aaron abusou muitas garotas antes de você aparecer. E é
por isso que eu tenho que matá-lo na próxima vez que ele aparecer por aqui.
— Você vai
estar presa até lá — disse com firmeza.
— Aí é que
você está errada. Eu gosto de você, Demi... — começou ela passando a mão em meu
rosto e depois o segurando com ambas as mãos. Ela me encarou a centímetros de
mim, eu pensei que ela fosse me beijar quando ela foi se aproximando mais e
mais, mas ela foi até meu ouvido e sussurrou — ... mas você tem que morrer — e
me deu um beijo no rosto.
É óbvio que
depois do que ela me disse eu não fiquei parada. Depois do beijo que ela me
deu, Olivia virou as costas e eu a empurrei. Ela caiu no chão e a chave foi
parar em baixo na cama inutilizada. Eu dei um chute muito forte em seu estômago
para impedi-la de se levantar e fui rapidamente para o chão para tentar pegar a
chave. Estendi minha mão para debaixo da cama, mas estava muito longe. Quando
tentei ir mais para o fundo senti uma dor alucinante nas costelas, Olivia havia
me chutado. Eu gritei de dor e ela me fez levantar.
Eu tentei
socá-la, mas ela se defendeu. Tentei novamente, ela me bloqueou e me socou pela
segunda vez. Para uma professorinha ela sabia muito bem lutar. Eu não era páreo
para Olivia e ela sabia disso. Eu já estava me sentindo derrotada, mas quando
ela tirou uma faca muito maior que as normais de cozinhas de dentro de uma de
suas gavetas eu entrei em pânico. Queria gritar e pedir socorro, mas não iria
funcionar de qualquer maneira. A porta estava trancada e, antes mesmo que eu conseguisse
dar um grito qualquer, ela poderia cortar minha garganta com aquela lâmina.
Ela me
chutou e eu caí no chão, tremendo e me sentindo encurralada. Não tinha para
onde ir e não tinha ninguém para me ajudar.
Ou melhor,
nenhum ser humano, mas um fantasma... isso eu tinha e quando ele atravessou a
porta do quarto de Olivia e me viu naquele estado... digamos que seus poderes
ficaram instáveis. Se você fosse um fantasma e sua assassina estivesse prestes
a matar a pessoa que você ama, o que você faria?
Eu nunca vi
Joe daquela maneira. Seus olhos cravaram nos de Olivia quando eu olhei para a
porta e ela se virou. Em um momento Joe estava parado em frente à porta, no
outro ele estava a centímetros do rosto de Olivia com um olhar amedrontador. A
imagem dele estava diferente, ele ficava transparente e depois ficava em seu
estado normal.
Tudo, e eu
digo absolutamente tudo, começou a levitar no quarto de Olivia, menos eu. Foi
como se um tornado estivesse se centrando ali, centenas de folhas voaram pelo
quarto, todos os móveis levantaram do chão. O vento estava tão forte que eu não
conseguia ficar de olhos abertos por muito tempo.
Vi Olivia a
centímetros do chão, procurando pasma para o que pudesse estar causando tudo
aquilo. Enquanto isso, Joe ainda olhava para dentro de seus olhos, mesmo ela
estando muito acima do chão.
Quando eu
pensei que tudo iria parar, Olivia foi arremessada para a parede mais próxima.
Ouvi um som forte e ela caiu no chão totalmente inconsciente. E foi quando tudo
voltou ao normal. Os móveis caíram no chão com um estrondo, o vento parou e as
coisas voando desceram.
Apesar de
Olivia estar inconsciente Joe ainda a olhava com uma fúria inacabável.
Levantei-me e fui ao seu encontro.
— Eu vi o
rosto dela. Eu vi o rosto dela quando estava te esperando no seu quarto —
murmurou ele sem tirar os olhos de Olivia. — Quando Vanessa acordou e disse em
voz alta o que possivelmente você estaria fazendo com Olivia eu vi o momento
final da minha vida. E era ela. Desculpe-me por não ter chegado antes —
sussurrou ele com tristeza.
— Ei, estou
bem — afirmei segurando seu rosto com minhas mãos.
Ele me
olhou surpreso por tocá-lo em um momento que ele tanto precisava. Ele chorou
pela primeira vez.
— Ela
machucou você — ele sussurrou enquanto passava a mão em meu rosto. Eu murmurei
que estava bem novamente e ele me apertou contra seu corpo. — Temos que ligar
para a polícia — ele lembrou-me.
Saí de seus
braços e fui à procura do celular dela. Encontrei-o dentro de sua bolsa Gucci.
Liguei para Lewis e contei o que aconteceu.
Disse que
Olivia era a assassina e que ela havia tentado me matar. Ele soou tão surpreso
quanto eu. Contei onde eu estava e disse para se apressar. Como não sou
estúpida, contei a ele já no telefone quem eles deveriam procurar. Olivia podia
estar inconsciente, mas quem poderia garantir que ela não acordasse e
terminasse o serviço de me matar?
Enquanto
pegava a chave debaixo da cama, Joe estava agachado no chão e não tirava os
olhos da mulher que lhe tirara a vida. Destranquei a porta e a deixei
entreaberta. Esperamos pacientemente por Lewis, eu e Joe trocando olhares. Fui
até ele em um momento e pedi que se levantasse Certifiquei-me de que podia
tocá-lo antes de beijá-lo, e eu podia. Passei levemente minha mão em seu rosto
e encarei aqueles olhos claros brilhantes. Quando fui beijá-lo ele me empurrou
fortemente e eu caí no chão.
Olivia
havia acordado e se atirava em minha direção. Fui para trás enquanto ela
avançava. Ela conseguiu me cortar com a faca no braço direito, e eu gritei de
dor. Quando ela levantou a mão para tentar me cortar novamente ouvi dois tiros.
Sentei-me no chão, apertei meu braço que doía sem parar e olhei para o corpo de
Olivia que jazia no chão sangrando, morta.
— Você está
bem, querida? — perguntou Lewis enquanto me ajudava a levantar.
— Melhor
impossível.
Quando
olhei para a porta, outros tantos policiais entraram no quarto e um paramédico
foi até mim. Teria que ir para o hospital para receber pontos, o corte foi
profundo. Joe agora me olhava aliviado e sorriu quando nossos olhos se
encontraram. Eu queria sorrir, mas notei que o hematoma em seu pescoço havia
sumido. Com todas as informações que havia lido nos livros de minha avó eu
sabia o que aquilo significava: que ele estava pronto para ir embora, ir para a
luz, um lugar onde pessoas o esperavam... um lugar sem mim.
XOXO Neia *-*
Ta ai um novo capitulo :)
Quem diria que o serial killer era a Olivia hem?! E o Joe, será que vai sumir de vez??
Bem gente com isto vos tenho a dizer tmb que só faltam 2 capítulos pra terminar a fic :/ tá mesmo no fim.
Queria vos pedir opiniões pra proxima fic....deixem nos comentários sff!!
Comentem pra o próximo.
Kisses love u guys <3
Eles nao se podem separar senao eu fico zangada ctg...
ResponderEliminarMas AMEI o capitulo... continua, estou ansiosa pelo proximo capitulo bjs
Gente eu jamais ia imaginar que ela era a assassina! Eu estou besta! E o Joe não vai mais aparecer pra ela? Não pode, ele não pode sumir cara!! Aí não acredito!
ResponderEliminarContinua por favor!
Sem ideias!!!
Fabíola Barboza :*