domingo, 27 de abril de 2014

Divulgação


Tou  a seguir e a AMAR, é perfeito *-*

http://amorquematajemi.blogspot.com.br/


Ainda tou a escrever o novo capítulo...talvez amanha tenha noticias, mas nada confirmado!


XOXO Neia *-*
Ajudem-me a divulgar o meu blog pff....só assim tenho motivação para continuar a fic! Kiss

terça-feira, 22 de abril de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo 3

— Com quem estava falando ontem à noite? Pensei ter ouvido você conversando com alguém — perguntou Vanessa enquanto nos arrumávamos pela manhã para um novo dia de aula. Eu sentia como se houvesse areia nos meus olhos, não havia dormido nem três horas.
- Com ninguém. Devo ter falado enquanto dormia — tive que mentir, não iria simplesmente largar uma bomba para ela logo pela manhã em um dia ensolarado e bonito como hoje. Não conseguiria apenas dizer: “Ah apenas conversava com Joe-sem-sobrenome. É, ele estava aqui ontem a noite me encarando como se tivesse visto um fantasma” — isso ia soar maluquice, porque Joe-sem -sobrenome nem me conhecia, então nunca iria aparecer no meu quarto no meio da noite para simplesmente quase me matar de susto e me encarar.
— Meus irmãos mais novos sempre faziam isso, o que me deixava maluca — ela confessou enquanto jogava sua mochila para cima de seu ombro direito. Eu fiz o mesmo e a segui.
— Boa aula, Demi — Vanessa se despediu quando nos separamos no corredor da universidade. Eu disse o mesmo e falei para nos encontrarmos no refeitório depois da aula, assim como nos encontramos todos os dias.
Quando sentei em meu lugar habitual na sala de aula, bem ao centro, eu reparei que devia ter colocado outra calça jeans, essa estava muito apertada, devia ter engordado ou esta calça era uma das antigas.
Meu desconforto era visível para todos os presentes, mas acho que Sterling chamava mais atenção que o meu desconforto. O rosto dele estava pálido, com olheiras em baixo dos olhos, parecia que não dormia há dias. Ele sentou-se ao meu lado e ficou resmungando algumas coisas que eu não consegui decifrar.
— Como foi a festa? — perguntei tentando parecer curiosa, no que na verdade não estava nem um pouco.
— Ótima — ele respondeu sem sequer olhar-me nos olhos e de uma maneira bruta. Ele apenas estava esparramado em sua cadeira ao meu lado prestes a dormir ou a vomitar.
— Demi posso dar uma palavrinha com você? — me chamou Olivia, minha professora de anatomia descritiva quando chegou na sala para dar aula. Eu me levantei, desci as escadas e fui até ela. Olhares curiosos se viraram para mim, o que me deixou muito vermelha e sem graça.
— Dei sua inscrição para o pessoal encarregado dos estágios e você foi colocada no turno da noite como você preferiu. Já entrarem em contato com você? — eu respondi um não com a cabeça e ela prosseguiu.
— Então, você foi designada para cuidar do necrotério das 18h até as 22h, e organizar a papelada de quem entra e sai — ela me disse, consultando seus papéis. Eu fiquei pasma e não respondi nada. Não tinha certeza se tinha ouvido direito: ela disse necrotério? Tipo, aquele lugar que ficam as pessoas mortas? Eu deveria cuidar daquele lugar ã noite? Eu?
— Q-Quando eu começo? — perguntei quase aos gaguejos.
— Hoje à noite. Seus horários vão contar como horas extras e será muito bom para o seu currículo. E ainda vai ganhar um dinheiro extra — ela disse sorrindo para mim e eu retribui, só que falsamente. Virei às costas e voltei ao meu lugar, perplexa, e encontrei um Sterling dormindo e babando em sua cadeira. Bom, pelo menos ele não estava vomitado.
Não consegui prestar atenção no que Olivia falava sem parar para toda a turma. Apenas encarava meu caderno, as palavras que havia escrito ali. Necrotério 18h às 22h. Sabia que aquela era uma ótima oportunidade para mim e agradeço profundamente a Olivia por me notar. Mas necrotérios são assustadores, eles não são retratados nada bem nos filmes de terror. Fiquei toda arrepiada somente em pensar em estar em um lugar assim à noite. Será que os encarregados desses estágios não podiam, sei lá, ligar para mim e perguntar o que eu queria fazer? Ou seria isso um tipo de pegadinha em calouros? Não, Olivia era séria demais e nunca Faria isso com seus alunos.
— O QUÊ? NECROTÉRIO? É SÉRIO? - gritou Vanessa no refeitório. Eu assenti e ela soltou uma grande gargalhada. — Isso é demais, eu gostaria de trabalhar em um lugar assim. É tão sombrio e macabro.
— Vamos trocar então — sussurrei encarando minha comida intocada. Quando senti tipo um terremoto ao meu lado, notei que Sterling havia se juntado a nós, e seu rosto não havia melhorado nada.
— Meu Deus, o que aconteceu com você? — perguntou Vanessa sem rodeios quando viu o estado de Sterling. Mas ele não respondeu a ela, e se virou para mim com um ar zangado.
— Por que você me deixou na sala de anatomia? Olivia me acordou, nunca fiquei tão envergonhado em toda a minha vida.
— Você estava babando no meu ombro a aula inteira e eu tentei sim te acordar, Ster, mas você só resmungou. Deveria ter pensado duas vezes antes de ter ido naquela sua festinha — eu tentei mesmo acordá-lo, mas ele apenas se virou como se estivesse na própria cama. Ele poderia estar zangado comigo, mas eu também estava zangada com ele.
— Tanto faz. A festa foi boa, pelo menos — ele disse rudemente e começou a saborear seu almoço equilibrado em silêncio.
- Adivinha, Ster? Demi vai trabalhar no necrotério dá para acreditar? — Vanessa jogou na cara dele. Ele se engasgou com a comida e logo pegou sua Coca-Cola para limpar a garganta. Olhou de mim para Vanessa, e como ele percebeu que não estávamos brincando, ele perguntou:
— É sério mesmo? Porque isso é difícil de acreditar sim ele respondeu por final.
— Por que é tão difícil de acreditar, gente? Eu sou uma escolha totalmente apta a trabalhar no necrotério da universidade — eu disse de uma maneira triste, que logo Vanessa captou.
— Não é isso, Demi. Não estamos questionando suas habilidades, é só que... bom... é difícil, sabe, a gente imaginar você lã, toda inocente, loira de olhos azuis como um anjo, trabalhando em um necrotério. Seria como ver o Sterling aqui namorando o Connor. Muito estranho e difícil de visualizar — Vanessa respondeu por ela e por Ster. Vi que Ster não gostou nada de Vanessa ter usado ele e o Connor como exemplo, a expressão dele me fez rir. Mas acho que eles tinham razão, seria esquisito mesmo me ver lá à noite. Não sou uma típica garota que cuidaria de um necrotério. Mas quem seria? Uma garota de cabelos pretos e gótica?
— Apesar de não ter gostado do exemplo, eu concordo com a Vanessa.
Ótimo, ambos os meus amigos, e únicos amigos, me achavam estranha em um necrotério, Eu até ficaria chateada se eu mesma não sentisse a mesma coisa. Hoje seria o meu primeiro dia como estagiária e eu já estava morta de medo e ainda era a hora do almoço. Hoje não era um dia bom, não havia de novo dormido bem, a comida que havia recém- ingerido estava dando voltas no meu estômago... acho que iria passar mal.
— Vou ao toalete — avisei a meus amigos e logo segui para o banheiro. Dei um encontrão com Brian, amigo de Joe, enquanto estava distraída, ele era praticamente uma parede. Seus músculos são quase do meu tamanho.
— Epa.
— Desculpe, Brian, estava distraída — falei um pouco envergonhada.
— Tudo bem... Demi, não é?
— Isso mesmo — eu iria seguir meu caminho para o banheiro porque estava realmente mal, mas queria perguntar algo para Brian. — Ei, Brian, alguma notícia de Joe? — ele franziu a testa com a minha pergunta, devia estar pensando quem eu era ou o que eu poderia sentir pelo Joe para estar tão preocupada e à procura de notícias.
— Nada ainda, Demi, mas se souber de algo eu te assim dito.
Eu sorri e agradeci. Quase corri para o banheiro quando me dei conta de que não aguentaria segurar o vômito. Eu dei sorte, consegui chegar a tempo e acertei a privada. Eu devia estar doente ou algo assim, minha dor de cabeça havia voltado tão abruptamente que senti uma vontade imensa de botar tudo para fora como se tivesse acabado de sair de uma montanha russa com o estômago cheio.
Na próxima aula não foi somente Sterling que parecia mal, agora éramos dois. Eu não consegui prestar muita atenção nem pude aproveitar alguma coisa. Quando o sinal tocou, eu fui correndo até meu quarto, botei o travesseiro cm cima do rosto para tapar todas as pessoas rindo e conversando lá fora e caí no sono.
— Demi, acorde... DEMI! ouvi alguém gritando meu nome e me sacudindo delicadamente. — Você vai chegar atrasada no seu primeiro dia de trabalho, acorde! — Vanessa mandou quando abri meus olhos pequeninos.
— O quê? — perguntei sem entender nada.
—Já são quase 18 horas. Você vai chegar atrasada — ela repetiu e eu me sentei na cama como um flash. Tentei abrir meus olhos ao máximo e comecei a pensar. Levantei-me da cama e fui até o banheiro, enxaguei meu rosto, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e troquei de blusa. Quando saí, Vanessa me observava, preocupada. — O que aconteceu? Quando cheguei aqui esperava encontrar esse lugar vazio, mas em vez disso você estava esparramada na cama como se fosse uma defunta — ela falou seriamente, e tudo cm que consegui pensar naquele momento é como eu tinha sorte de ter encontrado uma amiga como a Vanessa aqui. Mais sorte ainda de ela ser minha colega de quarto.
— Acho que eu estou doente, mas não é nada de mais, Vanessa. Vejo você mais tarde — tentei parecer bem disposta e sorri. Peguei meu casaco e o iPod e saí com o mapa da universidade nas mãos. Era no prédio 6, tinha que correr até lá.
Cheguei ao necrotério ofegante por causa de minha correria, pelo menos havia conseguido chegar uns três minutos antes das 18h. Eu suspirei quando me dei conta de que não estava atrasada no primeiro dia de estágio.  Muito obrigada por me acordar, Vanessa, te devo uma. Aquele lugar cheirava estranho, muito estranho. Será que iria me acostumar com esse cheiro?
— Ah você deve ser a nova estagiaria — disse um homem de aparentemente uns 40 e poucos anos empurrando uma maca de rodinhas com um corpo morto tapado com um lençol branco. Eu estremeci, mas ele nem notou. — Vá até a recepção e peça a Gabriel o seu crachá e o seu avental — ele disse continuando seu trajeto e entrando em unia porta transparente.
Fui procurar Gabriel como aquele senhor (quase tinha certeza que ele era meu chefe) pediu. Gabriel estava quase dormindo quando cheguei até ele.
— Graças a Deus, achei que você não viria — quase gritou ele, aliviado, quando abriu seus olhos e me viu. Mas antes eu tinha dito um  “oi” de leve para não assustá-lo. — Aqui está o seu crachá, o jaleco... e essa vai ser a sua mesa daqui para frente. Esse lugar não é tão horrível depois que você acostuma. E, por favor, não pire com os barulhos quando estiver sozinha por aqui, as pessoas sempre acham que existem fantasmas quando estão em um necrotério começou a me explicar Gabriel, e logo percebi que eu ficaria no lugar dele. Ele estava tão feliz e aliviado, não via a hora de sair dali e nunca mais voltar. — A papelada é fácil de fazer, o senhor T vai explicar tudo para você mais tarde. E que mais posso dizer... — ele parou e olhou para todos os cantos para ver se estava se esquecendo de alguma coisa com o dedo no queixo. — Ah, não traga amigos para cá. Alguns estagiários fizeram isso antes de mim e o senhor T pirou e quase os enxotou daqui na base da violência. O senhor T é o seu chefe, a propósito, ele fica aqui à noite também, mas ele fica lá dentro com os defuntos — ele apontou para a direita. Então a parte com os corpos ficava para aquele lado. — E não esquenta, o senhor é gente fina e muito agradável, só não desrespeite as pessoas mortas que, daí sim, ele fica uma fera. Ele até conversa com eles de vez em quando... — Ai, meu Deus, esse garoto não parava de falar um minuto. — E, ah, quando o senhor T te chamar, você vai correndo. Um defunto acabou de chegar, então ele provavelmente vai precisar de você daqui a pouco. E agora eu estou indo. Boa sorte — ele finalmente parou de falar quando me entregou uma caderneta com lacunas para eu preencher com os dados das pessoas falecidas. Fiquei observando Gabriel ir embora... ele estava tão feliz! Será que aquele lugar era tão horrível assim?
Larguei na mesa de Gabriel — ops, agora era minha mesa - o que tinha nas mãos, vesti o jaleco branco e prendi meu crachá com meu nome.
Quando me virei para pegar a caderneta que havia largado na mesa para ir procurar o senhor T, dei de cara com alguém.
— Ai, meu Deus, Joe, você quase me mata de susto — parei um instante com as mãos no peito, fechei os olhos e respirei fundo. — O que você está fazendo aqui, e por que ninguém sabe onde você está? Está todo mundo morrendo de preocupação.
— Demi, eu...
— E eu sei que não gostamos um do outro, mas mesmo assim eu fico preocupada com as pessoas. Mesmo com aquelas que eu não me dou muito bem e que me odeiam continuei meu discurso sem nem mesmo escutar o que ele estava tentando dizer.
— VOCÊ MORREU AÍ, CALOURA? VENHA FAZER SEU TRABALHO! — gritou o senhor T da sala onde guardavam os falecidos. Eu peguei minha prancheta e uma caneta e corri até lá com Joe atrás de mim.
Será que o senhor T iria ficar bravo? Porque Gabriel acabara de me avisar para NÃO trazer amigos. Mas, tecnicamente, Joe não era meu amigo, e era meu primeiro dia, o senhor T podia não ficar bravo nem nada. — Ah, você está aí — ele disse enquanto eu entrava quase aos tropeços. Naquela sala o cheiro era dez vezes pior do que na recepção, comecei a respirar pela boca e caminhei até onde o senhor T estava.
Ele estava com um pobre garoto aberto na mesa. Não fiquei enjoada nem nada porque eu já havia visto gente morta,em um tour que eu fizera antes de entrar na faculdade. — Anote tudo o que eu disser, certo? — meu chefe perguntou e eu assenti. — Ótimo — ele colocou seus óculos e com as luvas ensanguentadas começou a ler uma ficha. Engraçado... ele nem havia se importado com a presença de Joe, que estava a meu lado sem dar um pio. — O nome desse garoto é Joe Adam Jonas, idade, 23 anos, olhos cor de mel, cabelos pretos... — senti meu coração pular mais rápido a cada palavra que ele pronunciava. Quantos Joe poderia face da terra podiam ter as mesmas características físicas? Meus olhos caíram no rosto do rapaz morto e olhei para Joe ao meu lado e eu quase comecei a rir.
— Isso é algum tipo de piada? — eu perguntei quase a beira das gargalhadas.
— Não tem nada engraçado na morte de alguém, mocinha — ele disse sério. Eu fiquei vermelha e minha vontade de rir desapareceu.
— Mas é impossível, ele não pode estar morto. Ele está bem aqui no meu... — e quando eu me virei Joe não estava mais ao meu lado.
Minha cabeça começou a girar e eu não me senti muito bem.
— Ele não tem um irmão gêmeo, por acaso, tem? — perguntei, mas já sabia a resposta. O que será que estava acontecendo comigo? O que estava acontecendo?
— Você está bem... ah... Demi? — ele perguntou largando os papéis e caminhou até mim, me chamou pelo nome quando leu meu crachá.
— É só que... eu... não pode ser... eu o conhecia. Pode me dar licença? — perguntei quase a beira do desmaio. Quando ele disse que sim, eu lhe entreguei a prancheta e corri porta afora à procura do banheiro.
Corri pelos corredores cinzentos e assombrosos não acreditando no que eu havia visto naquela mesa. Não podia ser, eu o vi ontem a noite no meu quarto e sem falar que ele tinha acabado de aparecer ao meu lado. Ou eu estava imaginando tudo aquilo? Finalmente eu encontrei o banheiro feminino, e era tão pequeno que achei que poderia sufocar. Caminhei até a pia e lavei meu rosto com água gelada.
— Você está bem? — uma voz masculina perguntou, eu soltei um grito e comecei a tremer.
— Esse é o banheiro feminino, você não deveria estar aqui... Joe — sussurrei à beira das lágrimas.
— Desculp... — ele começou a falar, quando me virei para encará-lo.
— O que você está fazendo aqui? Você está morto, Joe, não pode estar aqui. Ai, meu Deus, estou completamente maluca, estou falando com um cara morto — disse levando as mãos pro ar e molhando todo o espelho que havia atrás de mim.
— Olha garota, você acha que eu não sei que estou morto? Eu estou atravessando paredes durante horas e aparentemente ninguém consegue me ver além de você. Você deve ser mesmo muito esquisita — disse ele duramente, mas eu acho que mereci.
— Vi que você não mudou em nada desde que morreu.
— E por que mudaria?
— Fique longe de mim — eu pedi com muita raiva em minha voz, apontando para seu rosto morto. Nunca tinha ficado tão brava com alguém assim antes. E é irônico que somente um fantasma era capaz de me tirar do sério. Não acreditei que tinha acabado de pensar na palavra “fantasma”. Será que eu estou ficando maluca?
Olhei-me no espelho novamente e tentei parecer apresentável para o senhor T quando voltasse. Fechei os olhos e pensei que ele já devia ter tido uma primeira impressão de mim e que não devia ser nada boa. Que primeiro dia, hein? Tinha esperança de, quando abrisse meus olhos, nada daquilo houvesse realmente acontecido. Que eu somente estava no meu quarto tendo um sonho maluco com uma aparição de Joe... mas quando os reabri, Joe ainda estava ali atrás de mim, encarando-me pelo espelho com um rosto quase que triste e pedindo perdão por tudo de mal que ele algum dia havia feito.
— Por que você ainda está aqui? — murmurei e levei água até meu rosto novamente. — E por que só eu posso vê-lo? — sussurrei tão baixinho que somente eu pude ouvir, mas era esse o meu propósito.
— Pra onde eu posso ir? Ninguém me vê — respondeu ele tristemente e bufando.
— É, mas eu tenho que trabalhar, e ter você lá no meu lado me observando a cada segundo não vai me fazer bem... eu tentei não ficar irritada, afinal ele estava mesmo triste e estava morto. — Depois do trabalho você pode aparecer lá no meu quarto — eu terminei e ele me olhou com um brilho de esperança fora do normal. Ele de algum modo sorriu e fez que sim com a cabeça. Aquele sorriso quase me fez derreter, e depois disso ele desapareceu diante de meus olhos. Pisquei diversas vezes e meus olhos se encheram de lágrimas. Não acreditava que tinha acabado de convidar um Fantasma para meu quarto.
Eu não podia estar gostando de um cara morto, isso não era saudável e com toda a certeza do inundo não era nada normal.  Ai, meu Deus, talvez eu seja mesmo uma esquisitona, das grandes. Caminhei de volta até a sala dos defuntos e onde o senhor T me esperava preocupado.
— Você está bem mesmo? Porque você não estava nada bem quando saiu daqui correndo — ele me perguntou novamente e eu lhe dei a mesma resposta.
— Estou bem, senhor T. Sério mesmo.
— Ótimo. Agora vamos ao trabalho, não é mesmo, mocinha?
O senhor T pesava os órgãos de Joe na balança ao lado de onde o corpo morto dele descansava. Enquanto ele fazia isso, eu anotava na minha prancheta todos os dados. Toda vez em que olhava para o corpo sem vida de Joe eu sentia um aperto no coração.
— Qual é a causa da morte? — eu perguntei curiosa e também com medo da resposta. Eu conhecia o Joe, eu poderia não gostar dele (eu gostava???), mas eu não suportava a ideia de uma pessoa fazendo mal a uma pessoa que eu conhecia. Ainda mais uma pessoa como o Joe... tão lindo. Mas também ele poderia merecer, quero dizer, ele não era e ainda é grosso e rude com as pessoas? E isso pode tirar algumas pessoas do sério.
— Ele foi estrangulado — o senhor T respondeu mostrando as marcas de mãos no pescoço de Joe. Nesse momento eu senti pena dele... coitado do Joe. O que fizeram com você? — Aconteceu ontem por volta das 4 horas da manhã. Ele foi encontrado hoje por volta das 14 horas dentro de uma sala de limpeza da universidade — meus olhos foram para meu chefe ligeiramente, como se ele acabasse de dizer que tinha transado com a minha mãe. Sobressaltei- me porque foi praticamente neste horário que Joe havia aparecido no meu quarto, ontem á noite. Será que foi por isso que ele me encarava tão assustado?
Porque sabia que estava morto e que eu, Demi Lovato, podia vê-lo?
Eu e o senhor T fizemos os mesmos procedimentos nos rãs corpos seguintes. Fiquei aliviada em saber que não conhecia nenhum deles.
Conhecer um dos mortos pessoalmente já era o bastante.
— Qual seu nome? — perguntei ao meu chefe no silêncio que estava começando a me incomodar.
— Ah, eu não disse ainda? — ele perguntou sorrindo, e disse que não com a cabeça. —Bom, meu nome é Troy, Troy Halling, mas pode me chamar de senhor T. Aparentemente os garotos de sua idade gostam de chamar assim. Dizem que Troy é muito infantil, então virou moda — respondeu ele dando um simples sorriso. O senhor T era de fato agradável, como o Gabriel tinha comentado antes de cair fora do necrotério. Ele tinha cabelos castanhos escuros, mas com muitos fios brancos. Vestia aquelas roupas de médico azuis que combinava com seus olhos claros.
— Fico feliz que você está segurando a barra murmurou enquanto carregava um coração com ambas as mãos, de uma mulher idosa. — Muitos começam aqui e não duram nem um dia. Mas estou sentido que você pode cuidar da situação.
— Por quê? Eu praticamente pirei há algumas horas atrás.
— Você passou mal porque conhecia o falecido, é diferente. Muitos começam aqui e vomitam a cada vez que disseco um de nossos amigos aqui. E outros desistem facilmente — agora ele carregava o pâncreas.
— Não vou desistir — disse firmemente e ele sorriu feliz como um pai orgulhoso.
Quando terminamos o trabalho eu segui para a recepção e encontrei uma senhora com urna cara desagradável andando para lá e para cá. Ela estava nervosa e com os olhos muito vermelhos.
— Posso ajudá-la? — perguntei com uma voz agradável. Acho... q- que sim. Meu s-s-s-sobrinho Joe...está aqui. Eu q-q-q-quero, sabe...me despedir — disse ela aos gaguejos. Meus olhos começaram a brilhar mais que deveriam por conhecê-la em uma circunstância como aquela.
— Claro, senhora...?
— Pode me chamar de Elly.
— Tudo bem, Elly. Pode caminhar comigo — a guiei para a sala onde estava o corpo de Joe. O Sr. T estava lá ao lado do corpo descansando sob um lençol branco que lhe cobria até a cabeça. Quando chegamos em frente à maca, Elly, apesar de não me conhecer, se grudou em meu braço esquerdo, tremendo. Troy olhava para nós duas com um olhar de tristeza.
— Você está pronta? Troy perguntou. Elly demorou a responder por causa das lágrimas que escorriam em seu rosto triste e apavorado.
— S-s-s-s-sim — ela finalmente disse aos gaguejos e apertou mais meu braço. Eu quase gemi de dor, mas foi Elly quem gemeu, quando viu o rosto sem vida do sobrinho. Ela largou meu braço e ficou bem pertinho do rosto de joe. Sua mão tremia quando a fez o movimento para passá-la no rosto pálido e sem vida do sobrinho. Elly desatou a chorar e murmurar:
— Tão novo... tão bonito
Quando me dei conta, as lágrimas escorriam em meu rosto e iam parar em meu queixo. Olhei para Troy e vi Joe ao lado dele observando a tia. Seu rosto era de dar pena, eu o abraçaria até o fim de meus dias, se ele estivesse vivo.
— Por favor, diga a ela que eu a amo — ele pediu sem tirar os olhos da tia. Eu limpei as lágrimas que ainda estavam em meu rosto e a garganta.
— Ele te amava muito sra Elly — eu disse quase sussurrando.
Qualquer som neste lugar soaria alto demais.
— Você o conhecia? — ela perguntou olhando-me nos olhos.
— Ele era... —parei de repente e olhei para Joe. Ele exibia um sorriso triste em minha direção — ...meu amigo. Ele me contou que a amava muito. — Elly enlaçou meu pescoço com seus braços e me abraçou apertado. O sorriso de Joe agora ia de orelha a orelha. Não sei por que ele estava tão feliz, se fosse eu no lugar dele, choraria sem parar como uma condenada.
Depois de muitas lágrimas Elly foi embora, mas deixou para trás convites e mais convites para eu visitá-la quando possível. Se eu era amiga de Joe, eu era, portanto, amiga dela. Eu não me importei com seu pedido, aliás, fiquei contente de ela pensar em mim como uma das amigas de Joe. Assim talvez Joe aparecesse quando eu estivesse por lá e eu poderia mais uma vez dar recados dele para ela.
A cavalaria chegou momentos depois de Elly ter ido embora, e quando eu digo cavalaria eu digo a polícia.
Eles procuravam provas do crime, alguma coisa de útil que levasse ao assassino. O sr. T não conseguiu dar muitas informações além de que ele fora estrangulado e havia pele sob suas unhas. Nada no corpo de Joe revelava algo mais, porém talvez apenas a “pele” pudesse ser o suficiente.
O DNA dessa pele poderia ser processado e talvez, se tivéssemos sorte, iria bater com alguém que já tivesse ficha, ou até mesmo com algum suspeito que já tivessem.
O sr.T não conseguiu ficar de boca calada e me envolveu na investigação. Ele contou que eu era amiga de Joe, e logicamente os policiais vieram me fazer algumas perguntas. Como se eu pudesse saber de alguma coisa; Joe me odiava, afinal de contas, até parece que ele me contaria algo da sua vida. Mas como eu tinha, sim, presenciado uma cena esquisita na última vez que eu o vira, achei melhor dar isso para polícia.
Poderia ser alguma pista.
— Eu vi Joe discutindo com um dos meus professores. O professor Bradley se não me engano, Sr. Policial.
E foi isso o que eu contei, o policial experiente com muíto gel no cabelo chamado Lewis disse que isso já era algo para seguir em frente.
Poderia ser verdade, mas eu duvidava que Bradley tivesse algo a ver com isso, ele poderia ser rígido e um pé no saco, mas a última coisa que ele parecia era um assassino de alunos.



XOXO Neia *-*
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Estão a gostar?? Espero que sim :)) Que acham que vai acontecer??
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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Boa Pascoa + Divulgação

Hey babes :-)
Tudo bom com vocês? 
Passei por cá para desejar uma BOA PASCOA e que tenham um otimo dia!!

Sobre novo capitulo, tou a acabar, mas não prometo para amanhã!


Divulgação:

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Excelente gente sigam que eu também tou e estou a adorar :))


XOXO Neia *-*
Ajudem a divulgar o blog... quem puder pff, ficava agradecida!!

terça-feira, 15 de abril de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo 2

Eu detesto primeiro dia de aula. Você se sente como uma alienígena em novo planeta. Como Vanessa cursava Jornalismo, eu estava indo para minha primeira aula da faculdade sozinha. O friozinho na barriga estava me deixando enjoada e maluquinha. Não queria e não iria vomitar no primeiro dia de aula. Você pode ser forte, Demi, eu sei que pode.
Caminhei ligeiramente para encontrar minha sala de aula, mapa e horários na mão. Todo mundo sabia que eu era uma caloura. Encontrei minha sala em menos de 15 minutos, acho que poderia ser pior, pelo menos não me perdi naquele lugar que parecia ser um castelo. Sentei-me em uma cadeira no meio da sala gigantesca. Eu detestava lugares lotados, mas acho que teria que conviver diariamente com isso. As salas de aula eram intensas, as cadeiras eram como em uma sala de cinema. O quadro branco era vezes maior do que nas escolas, e sabia que o professor seria uma miniatura para as pessoas que sentassem lá em cima. Um auditório, onde provavelmente poderiam caber mais de trezenras pessoas, e eu estaria ali, no meio de todas elas. Nem gostaria de imaginar se um professor um dia me fizesse uma pergunta no meio desse povo todo e eu errasse. Sei que faculdade é para pessoas maduras e sérias, ainda mais no curso de Medicina. Mas sempre tem um que não é maduro o bastante e que dará risadinhas e irá debochar, como, por exemplo, um rapaz que eu conheço.
Ainda não sabia o sobrenome dele, mas o chamo de Joe. Todo mundo o chama apenas de Joe. Ele pode se destacar por ser um garoto lindo de morrer, mas por trás daquela linda máscara há um garoto que adora fazer as pessoas se sentirem mal. Não sei por que existem pessoas assim no mundo. Será que eles falam coisas ruins e malvadas para se sentirem melhor? Chamar uma pessoa de feia não vai lhe fazer ser mais bonita. Chamar uma pessoa de perdedora não vai lhe fazer mais popular.
Pessoas más como Joe não se relacionam com as pessoas normais como eu. Pessoas como ele apenas se entendem com pessoas como ele. A sala já estava lotada e a aula já iria começar e eu estava pensando em Joe?
Por que eu estava pensando no Joe?
A primeira matéria do dia era Histologia e o professou já se encontrava na sala. Eu peguei meu caderno e minhas canetas e postei tudo em cima da mesa. Anotei tudo que pensava ser importante das palavras do professor Bradley. Ele parecia ser daqueles caras ranzinzas, era calvo e baixinho. Bradley possuía aqueles rostos de autoridade, que dava a impressão de que se alguém falasse ou atrapalhasse sua aula ele o expulsaria imediatamente. Sua voz era a Única que todas as pessoas ouviam e prestavam atenção. Se uma mosca passasse por ali certamente a turma toda escutaria.
— Medicina não é para os fracos, tenho certeza de que muitos de vocês aqui presentes sabem disso. No primeiro ano as salas ainda são lotadas como esta, mas no final nem a metade estará aqui. Muitos trocam de curso ou desistem. Enfim, como disse antes, Medicina não é para todos. Pensem nisso.
Depois de conversas disso e daquilo, a primeira aula havia acabado.
Agora todos falavam e murmuravam sobre suas vidas para os amigos que já haviam feito. Eu fiquei sozinha (como sempre), guardei meus pertences e, quando meus olhos vagavam pela sala, percebi que um aluno conversava com o senhor Bradley. Aqueles cabelos pretos um pouco arrepiados não me eram estranhos, pensei, e depois de algum tempo observando vi que aquele aluno era Joe. Não podia ouvir muita coisa, mas fiquei curiosa sobre o que eles estariam conversando. Bradley falava com Joe como um pai que estivesse dando uma bronca em filho. Eu me levantei, desci as escadas não querendo parar lá e segui para a porta.
Não olhe, Demi. Não olhe Demi. Mas quando me dei conta, Joe já estava do meu lado com um olhar perdido.
— O que você está olhando? — perguntou ele grossamente para mim e seguiu em frente, se perdendo no meio de outros alunos. As pessoas que testemunharam a cena me olharam de uma maneira estranha, talvez pensando em o que eu deveria ter feito para deixá-lo tão irritado comigo.
Eu apenas baixei minha cabeça, prensei meus livros em meu peito e segui em frente, como uma garota solitária.
Por que ele é tão grosso com as pessoas? Ele possui um rosto tão agradável e gentil, mas quando abre a boca tudo aquilo se perde em questão de segundos. Eu fiquei magoada, mas gostaria de não estar. Ele não tinha nenhum valor para mim, então por que eu tinha ficado magoada? Encontrei-me com Vanessa no refeitório, quando a vi eu suspirei e sorri. Estava cansada de ficar sozinha e ainda ser o alvo maldoso do Joe-sem-sobrenome.
— Como foi sua primeira aula? — perguntou ela, enquanto comia seu pastel de queijo.
— Foi boa. O senhor Bradley é um ótimo professor.
— Dizem que esse professor, o Bradley, é um homem sem piedade. Pode te expulsar da sala por apenas um. sussurro e te reprovar por não gostar da sua cara.
Então eu estava certa, ele é do tipo severo. Pelo menos minha habilidade de prever as pessoas ainda estava funcionando. O almoço daquele dia não estava tão agradável quanto nos dias anteriores, eu quis praticamente vomitar tudo que eu havia recém-comido. Minha cabeça estava perdida e eu encarava o nada.
— Você tá legal? Você não parece muito bem, Demi — perguntou Vanessa quando me viu fazendo careta e escondendo o rosto nas mãos.
— Não dormi muito bem essa noite e essa comida não melhorou a situação — respondi manhosamente e descansando minha cabeça na mesa gelada. Aquilo me fez tão bem que soltei um gemido de aprovação.
As pessoas perto de nós me olharam com curiosidade.
— E a sua primeira aula como foi, Vanessa? — perguntei sabendo que ela estava louca para me contar todos os detalhes desde quando sentei em nossa mesa pequena. Ela parecia estar prestes a explodir de tantas palavras que estavam presas em sua garganta.
— Foi o máximo, Demizinha, obrigado por perguntar. Um garoto tão gatinho ficou me encarando o tempo todo. Se pudesse eu transaria com ele na mesa do professor. O nome dele é Connor, tem aquelas franjas de emo, mas eu curti. O sorriso dele faz minhas pernas tremerem. Ah, enfim, acho que estou apaixonada — respondeu Vanessa com um sorriso maior que a cara e um olhar sonhador. Já havia previsto que ela não falaria da aula e nem do professor, mas sim de alguém em quem poderia estar interessada. Vanessa estava vestida tão delicadamente, mas com uma pitada de sexualidade. Um vestido simples, mas muito curto. Connor deve ter notado isso e logo encarou a presa. Eu era uma nada sentada ali naquela mesa com Vanessa, eu vestia uma simples calça jeans e um suéter azul que combinava com meus olhos.
— Olha ele ali. — sussurrou ela para mim, batendo em meu braço com uma força impressionante.
— Da próxima vez, me chame como uma pessoa normal, sua Hulk — pedi passando a mão em meu braço direito e fazendo cara feia.
— Desculpe, mas olha ele ali — ela apontava para a nossa esquerda discretamente. Connor almoçava com outros três garotos e garotas que, assim como ele, usavam cabelos de emo; ele sorria como se estivesse filmando um comercial para a Colgate. Lucy tinha razão, ele era bonitinho, possuía uma beleza diferente de Joe. Epa, não acreditava que Joe estava em meus pensamentos outra vez. Ai meu querido Deus, me ajude!
— Desculpe quebrar o seu barato, Vanessa, mas acho que ele e os amigos são um pouco emo.
— Quem liga para isso, Demizinha? Ele é lindo e estava me secando na aula de Criatividade. Além disso, emos são legais. Eu curto My Chemical Romance — ela disse “My Chemical Romance” como se entendesse de alguma coisa da banda, o que não me convenceu.
— Eu também não ligo para essas coisas. Foi você mesma quem disse emo de uma maneira esquisita.
— Tudo bem, vamos parar com esse assunto. E me diz, ele é bonitinho, não é? Mas não bota olho, aquele garoto é meu — disse ela observando Connor com olhos penetrantes e ardentes. Ela quase pirou quando ele olhou para ela e deu uma piscadela de tirar o Nego.
Eu queria ficar ali com a Vanessa fofocando ou encarando garotos bonitos, mas minha próxima matéria era Microbiologia e eu deveria ir para a aula imediatamente. Só esperava que não encontrasse Joe em nenhum lugar em meu caminho. Dito e feito, segui até minha sala sem nenhum sinal de Joe-sem-sobrenome. Naquela sala de aula havia poucos estudantes comparado à aula de Histologia. O professor Ben deu um discurso muito parecido do de Bradley, eu Fiquei encarando a parede e pensando em outra coisa no tempo todo que ele repetia aquelas palavras que eu já havia escutado. Estava comum tédio que poderia dormir se fechasse os olhos.
Chato escutar tudo de novo não é?
Alguém que sentava ao meu lado me passou este bilhete. Olhei para ele e vi um garoto loiro de olhos azuis. Eu sorri e assenti com a cabeça, dando-lhe um sim como resposta. Ele pegou de volta o papel que havia me dado e escreveu outra coisa.
Qual seu nome? O meu é Sterling.
Prazer Sterling, eu sou Demi.
Demi significa uma mulher gentil. Já pude perceber pelo seu sorriso adorável que faz jus ao seu nome.
Minhas bochechas ficaram. vermelhas quando li essa ultima parte, tenho que admitir. Não importava se ele havia recém inventado tudo aquilo, mas sorri para ele novamente e ele fez o mesmo. O sinal tocou logo em seguida e ele saiu da sala como um flash. Fiquei triste, pensei que ele esperaria por mim e me seguiria a qualquer lugar que eu estivesse indo.
Mas vai entender os homens de hoje em dia.
Segui em direção ao meu quarto, de novo sozinha. Joguei a mochila na cama e, logo, eu mesma. Por que as pessoas se distanciavam de mim assim tão facilmente? E por que Joe me odiava tão descaradamente se nem. me conhecia? O primeiro dia de aula foi bom e duro ao mesmo tempo. Queria ligar para minha mãe e contar tudo o que tinha acontecido e chorar em seus braços, mas eu não sou mais urna criancinha de cinco anos, tinha que aprender a viver minha vida sozinha, não importa o quanto dura ela seja.
Uma semana se passou e nada de eu encontrar Joe em partes inesperadas da faculdade e nem ter ouvido a voz bruta dele. Ouvia seus amigos próximos dizendo que já estavam ficando preocupados com seu desaparecimento. Até Vanessa não parava de falar naquele assunto.
— Alguma coisa aconteceu para ele não aparecer nas aulas e nem mesmo no seu quarto do alojamento ela disse. Isso fez meu coração pular, não tinha a menor ideia de por quê.
— Ele pode ter voltado para a casa dos pais ou algo assim — eu tentei pensar em alguma solução. Tentei pensar em alguma explicação que fizesse sentido, assim eu não ficaria tão preocupada corno já estava naquele momento. Eu não queria ficar preocupada, mas eu estava.
— Os pais dele morreram quando ele era pequeno. Ele é praticamente um órfão. E além do mais, ele contaria algo simples assim para seus melhores amigos. Ele é um idiota, mas nem tanto.
Eu estremeci. Perder ambos os pais era o que eu mais temia em minha vida inteira. Não poderia imaginar algo acontecendo com uma pessoa como Joe Talvez essa seja a razão de ele ser tão mau com as outras pessoas. Assim ele não se conectava com elas e, se algo acontecesse, ele não seria ligado a elas a ponto de chorar em seu velório.
— Oi garotas, o que tá rolando? — perguntou Sterling sentando na nossa mesa com seu almoço, no refeitório. Sterling se juntou ao nosso “bando de duas” há umas quase duas semanas. Ele era um cara sério, mas que nos fazia rir. Gostávamos da presença dele em nossa mesa. Vanessa o encarava às vezes com olhos apaixonados, mas seu coração ainda estava virado para Connor, com quem nada ainda havia acontecido. Sterling flertava comigo quase que diariamente. Eu correspondia às vezes, mas ainda não sabia se queria um romance no primeiro semestre de faculdade. Vanessa dizia que eu era louca por não dar muita atenção ao Sterling, que várias garotas são apaixonadas por ele e mais um monte de histórias malucas. Mas eu ainda não tinha me decidido.
— Joe ainda está sumido. Muita gente está preocupada agora — eu respondi para Sterling.
— Ele vai aparecer. Posso garantir que isso já aconteceu antes milhares de vezes. Pessoas desistem da faculdade diariamente e não contam a nenhuma alma.
— É, mas ele estava quase no ultimo ano Ster, porque desistiria agora? — eu perguntei.
— E eu que vou saber, Demi? O cara é praticamente odiado aqui na faculdade, não sei por que as pessoas o querem de volta. Deviam estar agradecendo por ele estar desaparecido. — respondeu Ster com um pouco de raiva. Era a primeira vez que o via falar assim.
— Isso foi maldade, Ster. Podemos não gostar dele, mas somos humanos, ficamos preocupados — disse Vanessa botando um fim naquele assunto.
Minhas aulas continuavam interessantes desde a primeira semana, mas já tinha feito uma lista das matérias de que eu estava gostando e das que eu estava detestando.
1. Histologia — Bradley me fascina com suas palavras e aprovo a maneira como trata os alunos. Há uns dois dias duas garotas discutiam quem era o mais gato no meio da aula dele: Shia Laheouf ou Josh Hartnett.
Eu fiquei pensando em qual escolheria nos minutos em que Bradley as expulsava da sala aos gritos. Eu realmente fiquei abismada, eu amo e venero o Shia Labeouf desde sempre e Josh Hartnett tem uma carinha de anjo que faz eu me derreter toda. Com certeza dá uni empate total, na minha opinião... GOSTO ou DETESTO? Gosto!
2. Microbiologia — Ben me faz dormir em apenas seis minutos quando começa a falar. Eu gosto do cara, mas aquele rosto chato e sem graça não me faz querer prestar atenção na aula. Faço o máximo para não dormir e ficar prestando atenção. Até pedi para Sterling me cutucar a cada dois minutos, meu braço direito já ficou dolorido de tantos cutucões. GOSTO ou DETESTO? Detesto!
3. Imunologia — A matéria é tão chata quanto a professora. Ela tem mais de 40 anos e dá em cima dos garotos de 20 no meio da aula. Eu chamo aquilo de falta de profissionalismo e sempre fico com o queixo nos joelhos quando ela Faz alguma coisa para os garotos novos. Vanessa me falou algo a respeito quando mencionei isso a ela, mas agora eu não estou me lembrando. Mas tinha algo a ver com mulheres de uma certa idade que namoravam garotos muito mais novos. Eu tenho apenas uma palavra para aquilo: NOJENTO. Não estou criticando ninguém e com certeza não sou preconceituosa, mas imagine a seguinte situação... Seus pais estão divorciados e sua mãe decide namorar um garoto que pode ser o SEU namorado. Situação embaraçosa, não é? GOSTO ou DETESTO? Detesto!
4. Anatomia Descritiva — Minha matéria favorita, assim como a professora, Olivia. Ela é gentil, me prende a atenção quando fala e é particularmente jovem. Logo na primeira semana ela deu um megatrabalho para a turma fazer e apresentar. Ela adorou o meu trabalho e pediu que falasse com ela no final da aula. Olivia tem um cabelo até a cintura de causar inveja, assim como seu corpinho sarado. Acho que Olivia teria mais vantagem na questão de dar em cima dos alunos. Mas, enfim, logo quando a aula acabou eu fui até ela e ela me passou um formulário sobre um estágio. Ela mencionou que nunca deu um daqueles formulários e uma vaga de estágio assim tão cedo do semestre, e ainda mais para um dos calouros. Mas quando ela reparou em mim logo percebeu que ali tinha um potencial. GOSTO ou DETESTO? Amo!
5. Bioquímica — Sem comentários. Nunca tinha visto o professor porque ele faltou as duas primeiras semanas de aulas. Eu tentei conversar com alguém para dizer que ele fosse substituído, mas aparentemente o cara é “o cara”. Somente está atrasado de acordo com seu programa de viagens. A maioria dos alunos adoraram o Lato de não ter aula logo no começo, mas eu não. Eu quero que ele apareça, eu quero aprender, eu quero ser uma médica afinal de contas. Tudo que tenho que ver durante os próximos anos da minha vida é livros e mais livros na minha cara.
Fim do dia e ainda nenhuma notícia do Joe. Tive a coragem de conversar com os amigos dele, fiquei impressionada quando eles me receberam de braços abertos e foram gentis ao me explicarem que ainda não tinham tido notícias dele. Caminhava para o meu alojamento com os olhos grudados no chão, pensava na última vez que havia visto Joe.
Naquela expressão de tristeza que estampava seu rosto doce. O que será que havia acontecido? Será que ele havia mesmo desistido? Ele parecia tão seguro de si, de que seria médico, quando adormeceu diante de minha porta.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei pasmada quando dei de cara com um garoto sentado na minha cama lendo um dos meus livros que antes estava na prateleira. É sério, Sterling, o que faz aqui? — perguntei novamente, porque sinceramente ele não me ouviu na primeira vez.., ou fingiu que não ouviu?
— Calma gatinha, apenas quero falar com você — ele falou e eu esperava o que quer que fosse que ele estava prestes a dizer, mas ele apenas ficou ali sentado em minha cama me encarando com aqueles olhos azuis anormais de tão claros.
— O que quer me perguntar, Ster? — segui em frente para acabar com o transe dele e fazê-lo falar de uma vez. e sorriu quando me apressei ao perguntar o que ele queria. Eu não retribuí, eu não gostava que as pessoas mexessem eu, minhas coisas, é totalmente particular e eu preciso de espaço. Sterling sabia disso, mas acho que decidiu ignorar.
— Vai ter uma festa daqui a pouco no alojamento masculino, no quarto do Pete. Quer ir comigo?
— Quem é Pete? — perguntei. Eu sinceramente não sabia que ele tinha amigos além de mim e de Vanessa. Ou então sou estúpida demais e nunca percebi. E é claro que Sterling podia ter mais amigos se quisesse, ele era legal, menos quando invadia a privacidade dos outros. E eu nunca havia ouvido Sterling falar deste tal de Pete.
— É um cara que conheço que mora no meu corredor. Ele é legal.
— Tenho que estudar, Ster, tenho prova amanhã.
— Você estuda demais, Demi, tem que tirar um descanso. Qual é, vai ser divertido! — ele tentou me convencer e se levantou da minha cama, deixando meu livro aberto lá em cima.
— Não posso, convida a Vanessa — pedi soando mais ríspida do que poderia imaginar. Ele meio que se distanciou de mim e eu me arrependi de ter sido tão má com ele. Eu fechei os olhos, respirei fundo e tentei me acalmar apenas um pouquinho. — Desculpe Ster, mas hoje não estou muito a fim — tentei fazer a situação embaraçosa se desmanchar no ar.
— Tudo bem, quem sabe na próxima? — ele murmurou dando um minissorriso. Ele era tão lindinho, não gostava de fazê-lo ficar triste, mas naquele momento e provavelmente nunca eu iria a uma festa. Prefiro mil vezes ficar no meu quarto lendo e estudando. Acho que Sterling percebeu isso e saiu com passos silenciosos. Eu me joguei na cama e tapei meu rosto com o antebraço, dei um longo suspiro e tentei relaxar.
—Já disse que não vou com você, Ster — eu disse, quase gritando e perdendo a paciência novamente quando ouvi a porta se abrir e alguém entrar.
— Meu Deus, quem foi que te mordeu hoje? — perguntou Vanessa soando não muito simpática, assim como eu.
— Ah desculpe aí, Vanessa, pensei que fosse o Ster novamente — respondi sentando-me, e olhei para ela. Vanessa parecia muito cansada, ela estava, assim como eu, estudando muito. Ela bocejou e se jogou na sua cama, ao lado da minha.
— O que ele queria? Convidar você para aquela festa idiota? — ela perguntou e eu assenti. — Ele praticamente convidou metade do alojamento feminino.
— Por que ele quer que a gente vá? Eu odeio festas, deixei isso bem claro na semana passada.
— Ele quer você lá para beijar você, né? Tá bem claro que ele te quer, Demi — ela respondeu enquanto tirava a roupa e vestia um pijama rosa claro.
- Mas eu não o quero. Acho que já deixei isso bem claro — eu disse e comecei a me vestir para dormir também. Minha cabeça estava começando a doer, odiava quando aquilo acontecia, não conseguia dormir direito.
— Ele provavelmente está apaixonado por você, Demi se não desistiu ainda — ela murmurou e logo fechou os olhos ao se deitar, e se tapou até a cabeça. Eu estremeci quando a ouvi dizer aquilo... que Sterling talvez estivesse apaixonado por mim. Eu gostava dele, mas não daquele jeito. Ele era um cara legal e eu apreciava demais a presença dele, mas nunca poderia me apaixonar por ele.
Uma hora se passou e eu ainda encarava o teto, e minha cabeça latejava. Olhei para Vanessa e ela dormia feito um bebê. Por que só eu tenho problemas para dormir? Isso nunca foi um problema para mim até os 18 anos, mas agora está piorando muito. Parece que minha cabeça não cala a boca, e então ela começa a latejar e eu não consigo dormir. Levantei-me e abri o livro que Sterling havia pegado de minha prateleira, A mulher do viajante no tempo, e comecei a ler. Caí no sono lá pelas 4 horas da manhã, mas segundos depois abri meus olhos abruptamente e me sentei na cama rápido, como se alguém tivesse gritado meu nome.
Meus olhos assustados pararam em Joe-sem-sobrenome, que estava parado diante da minha porta. Eu não gritei, apenas olhei para ele com pavor. Suas roupas eram simples, um jeans largado, uma camiseta branca lisa e tênis Adidas nos pés. Ele ficou lá parado me encarando.
Minha garganta se fechou e eu não consegui dizer nada. Depois de um tempo tentando eu sussurrei:
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, franzindo a testa e observando o quarto todo à procura de alguma resposta de como ele havia entrado ali sem eu notar.
Joe me olhava amedrontado como se tivesse acabado de ver um fantasma. Meu coração, que antes batia louca- mente, agora começava a pegar no ritmo calmo e normal. Minha expressão assustada virou para uma de pena. Por que Joe estava tão assustado?
— Joe? — disse seu nome e saí da cama para ir até ele.
— Com. quem você está falando Demi? — perguntou Vanessa grogue e ainda de olhos fechados. Quando virei para olhar Joe novamente ele desapareceu. ELE DESAPARECEU! COMO ELE FEZ ISSO? Devia ter aberto e fechado a porta bem silenciosamente para eu não escutar. E ligeiramente também, porque apenas olhei para Vanessa por uma questão de segundos.
Voltei para minha cama e percebi que Vanessa já havia pegado no sono novamente. Mas, ao contrário dela, eu não consegui fazer o mesmo.
Encarei a porta onde Joe estava parado alguns minutos antes até conseguir dormir. O que não aconteceu nas horas seguintes. Minha cabeça estava a mil com aqueles poucos acontecimentos. O meu relógio marcava quase 5 horas da manhã, então eu provavelmente estava perdida em meus sonhos quando Joe resolveu entrar em meu quarto e de Vanessa.
O que me perturbava era como ele havia saído e por que ele estava ali me encarando tão assustado.




 XOXO Neia *-*
Espero que gostem :-)
Comentem e divulguem pff kiss LY

terça-feira, 8 de abril de 2014

O Sussurrar de Uma Garota Apaixonada – Capitulo 1


Eu era uma caloura.
Uma caloura caminhando pelos corredores desconhecidos de um lugar desconhecido. Caminhava devagarzinho com uma caixa imensa em meus braços, quase cedendo em alguns momentos. Ninguém parecia estar disposto a me ajudar, todos arrumavam e organizavam seus quartos novos. Seu novo lar. Um quarto que vamos compartilhar com uma pessoa estranha por longos quatro anos, ou mais. Eu estava prestes a conhecer a garota que saberia de todos os meus segredos mais íntimos e privados, ninguém nesta terra me conhecia tão bem assim. Isso me assustava, e, além disso, uma nova experiência estava bem na frente em minha cara.
Uma nova porta que me levaria a lugares que eu nunca tinha ido antes.
Em dois dias começavam minhas aulas na Universidade de Stanford, na cidade de Jericho, Califórnia. Tenho 19 anos e começaria minha longa jornada cursando medicina, uma escolha que fez minha família dar pulos de alegria. “Teremos uma médica na família!” — disse minha mãe quando chegou a carta de aprovação da universidade. Naquele dia eu fiquei feliz, provavelmente o dia mais feliz que uma pessoa possa ter. Eu sou filha única, meu pai e minha mãe são advogados e adoram gastar sua fortuna comigo. Gastar, por exemplo, em uma festa de comemoração. Centenas de pessoas apareceram, eu me senti menor do que já era.
Meus pais não puderam ajudar na minha mudança. Eles trabalhavam em um grande caso, como sempre. Não puderam acompanhar a filha que estava partindo de sua linda casa de conforto.
Então tudo que ouvia era os veteranos gritando pelos corredores a chegada dos calouros. Eu sorria quando alguém sorria para mim e ficava séria com os olhares maldosos em minha direção. Fiz o possível para parecer agradável, conseguir amigos no primeiro dia de arrumação, mas meus planos não estavam dando muito certo.
— Hey, cuidado, caloura. — gritou um garoto apressado, esbarrou em mim e derrubou minha caixa que antes se encontrava tão equilibrada em minhas mãos. Quando levantei meus olhos para ele, somente consegui ver seu corpo sem camisa seguindo em frente. Nem teve a decência de me ajudar. Que grande cavalheiro!
— Deixe que eu a ajudo com isso aí. — falou uma voz fina e agradável aos ouvidos. Levantei a cabeça para olhar a garota que me ajudava a colocar meus pertences de volta ia minha caixa. Ela possuía olhos escuros cativantes e sinceros, cabelos vermelhos muito cheios encaracolados, um óculos gigante se encontrava em seu rosto oval e delicado.
— Obrigada. — eu agradeci com um sorriso.
— Não há de que. Além do mais, sou a sua colega de quarto. Vi sua foto do lado da minha na papelada dos alojamentos. Sou Vanessa Hudgens. — ela estendeu a mão para mim e eu apertei.

— Demi Lovato.
— Muito prazer Demi — ela disse com um sorriso amável.
Levantamos-nos e eu equilibrei a grande caixa em meus braços novamente. Pensei se faltava muito para meu quarto, ou melhor, nosso quarto. Quando segui em frente Vanessa me impediu. — Nosso quarto é aqui, você deu sorte de aquele garoto se esbarrar com você logo aqui em frente.
Por isso vi que era você. — explicou ela apontando para o lado esquerdo com a porta já aberta revelando as duas camas.
Entrei no quarto com passos minúsculos e silenciosos. Descansei minha caixa na cama da esquerda e olhei em volta. Vanessa escolheu o lado direito do quarto, que já estava todo arrumado. Sua cama estava feita com lençóis rosa florido e havia ursinhos de pelúcia sobre ela. Sua escrivaninha estava lotada de coisas logo em frente à cama, como cadernos, livros, canetas, o laptop aberto e outras bugigangas. Havia um pôster acima de sua cama do filme  O diário da nossa paixão. Sua parte estava impecável, e a minha parte estava nua e pedindo por atenção.
— Você não fala muito, fala? — perguntou Vanessa depois de ficar me observando memorizar todas as suas coisas organizadas.
— Sou mais para reservada.
— Mas vai ter que começar a abrir a boca logo, logo. Tem certos professores que adoram fazer perguntas no meio da aula muito aleatoriamente. Isso faz as pessoas tímidas ficarem. “p” da vida, — ela disse se atirando em sua cama, fazendo alguns de seus ursos de pelúcia voarem para o chão.
Não sou tímida, sou apenas reservada. É diferente. Esse é um dos motivos por que não tive muitos amigos na escola. Sou morena de olhos castanhos, baixinha, rechonchuda e reservada. Muitos rapazes adoram começar a puxar papo comigo e eu não digo uma palavra. Isso os faz ficar um pouco irritados. E foi por isso que acabei conhecida como “Garota sem palavras” ou, na boca dos maldosos, “Malcomida”, e até mesmo por lésbica. Assim como todas as pessoas que são zoadas na escola, eu segui em frente.
Estudei bastante e fui aceita em uma boa faculdade, o que deixou meus pais orgulhosos.
— Você conhece o garoto que esbarrou em mim? — perguntei a Vanessa, que encarava o teto branco. Enquanto isso eu colocava meus pertences sobre a minha própria escrivaninha, que também ficava logo em frente à minha cama.
— Joe alguma coisa. Ouvi falar dele pela minha irmã. Ela está no último ano de Publicidade e Propaganda. Você vai conhecê-la mais cedo ou mais tarde — eu sabia. Vanessa adorava ficar falando. Ao contrário de mim. E não sei por que lhe perguntei do rapaz que esbarrou em mim, acho que apenas saiu de minha boca sem mais nem menos. — E Joe é muito grosso. Muitas pessoas o detestam por ser tão egoísta e um  bad boy.
— É, notei isso quando não parou pra me ajudar — disse com um sorriso de leve.
— Ele está no quarto ano de medicina, tens uns 23 anos e muitas garotas são gamadas nele. Não me leve a mal, o cara é lindo e tal, mas ele não trata ninguém bem.
Eu não disse mais nada, apenas deixei Vanessa falando o que lhe vinha a cabeça, algo que ela adorava fazer. Enquanto isso eu arrumava a minha parte do quarto. Meus pais trariam mais caixas quando pudessem, então eu praticamente arrumei apenas minha escrivaninha e alinhei meus livros em uma prateleira.
— Qual o seu curso? — perguntei quando a voz de Vanessa se apagou do ambiente. Eu não falava muito, mas gostava de ouvir os outros. Ainda mais a voz de Vanessa, que parecia ser de um anjo infantil.
— Jornalismo. E você?
— Medicina.
— Não brinca? Eu nunca iria imaginar você cursando medicina.
Nem em um milhão de anos.— Vanessa disse enquanto mexia em seu celular rosa da Hello Kitty, sua voz soando espantada. O que me deixou um pouco chateada. Já ouvi muito sobre medicina ser para as pessoas fortes e inteligentes, e eu sou isso e muito mais. Mas as pessoas em minha volta não pensam a mesma coisa, o que me deixa muito magoada.
— Por quê? — perguntei com um sorriso sem graça.
—Olha para você. — ela pediu e se sentou na cama e me encarou.
— Você tem um jeito deque será uma professora de jardim de infância, ou até mesmo uma modelo. Você parece ser tão inocente. Aposto que muitos caras ficarão gamados em você por aqui.
Eu apenas a encarei de volta com olhos arregalados. Vanessa não apenas fala muito, mas fala tudo o que passa em sua cabeça, inclusive a verdade nua e crua. Algo a que eu não estava acostumada. Por um momento pensei que poderíamos não nos dar bem e notei também que ela, como todas as garotas tirando eu, é vidrada em garotos. A única coisa que eu quero na faculdade é estudar e me tornar uma médica. Não quero nenhum garoto desviando a minha atenção sobre o que realmente é importante. Depois que for médica profissional que quero um namorado.
— Desculpe se te assustei. Eu sou assim mesmo, sabe. Não consigo mudar. Você é tão perfeitinha e doce, acho que podemos nos dar bem.
— É. — eu disse envergonhada por ter pensado um pouco mal de sua pessoa.
Vanessa com certeza não seria a primeira e nem a última a me chamar de “professora de jardim de infância”; medicina é para os fortes e destemidos e eu pareço ser frágil como uma boneca de porcelana. Eu quero que isso mude, quero que as pessoas comecem a me levar a sério.
Eu sou forte e destemida, sou apenas calada e na minha.
— Está aqui faz quanto tempo? —perguntei quando ela Ficou calada novamente.
— Desde hoje cedo. Estava ansiosa para estar aqui, minha casa é um inferno danado. Sem contar comigo, tenho cinco irmãos. CINCO. Dá pra acreditar ?!
— Acho que é melhor do que ser sozinha que nem eu. Acho que esse é um dos motivos de eu ser tão calada e Fechada — confessei. E pela primeira vez eu contei algo a uma pessoa que estava disposta a ouvir.
Meus pais quase nunca estavam em casa, não tinha irmãos e minhas amigas mais próximas se mudaram para muito longe. Que sorte a minha, não é? Então a única opção que eu tenho é conversar com elas on-line quando podem. O que acontece raramente.
— Acho que tem os pontos altos e baixos. Adoro ficar com eles, brincar e tudo mais. Nunca fico sozinha e me sinto bem. Mas as vezes fico tão irritada que quero jogá-las pela janela — ela riu e eu a acompanhei.
— Olá —ouvi uma voz feminina junto com batidas leves na porta.
Dei um sorriso enorme quando vi que era minha mãe com mais coisas minhas. Ela é diferente de meu pai, sempre arranja tempo para mim, não importa o que esteja fazendo.
— Mamãe, essa é Vanessa Hudgens. Vanessa, essa é a minha mãe, Diana Lovato — apresentei as duas enquanto estava nos braços de minha mãe.
Ela sorriu para Vanessa e apertou sua mão. E também sorriu para mim, notando que eu já havia feito uma amiga.
— Muito prazer, Vanessa. Espero que você e minha filha se deem tão bem quanto eu e minha colega de quarto quando tinha a idade de vocês — minha mãe sorriu enquanto dirigiu a palavra para Vanessa. Minha mãe é morena, o cabelo quase loiro e olhos claros. Sou mais parecida com meu pai, moreno de olhos castanhos. Algumas pessoas até nos chamam de irmãs, porque minha mãe me teve quando era muito nova.
Mas com ajuda ela conseguiu entrar na faculdade para cursar direito, aqui mesmo em Stanford. Ela deixou minhas caixas excessivas no chão, me abraçou muito apertado e logo foi embora.
— Demizinha, sua mãe é demais — disse Vanessa se atirando em sua cama novamente. — Ela é muito nova para ser sua mãe. Vocês parecem. até irmãs — ela continuou falando bem de minha mãe por um longo tempo. Estava começando mesmo a gostar dela, até já havia adotado um apelido para mim.
— É, muitas pessoas pensam assim. Ela é minha melhor
— Tipo aquele seriado,  Gilmore Girls — ela deduziu. — Mãe filha que são melhores amigas. E..
Eu a interrompi:
— É, eu conheço a série. Gosto de pensar que somos agora eu finalmente estava colocando lençóis em minha cama nua.
— Você tem sorte. A única coisa que minha mãe diz para mim é: Você é uma imprestável.
— Isso é horrível — eu disse parando de fazer minha cama e fiz uma cara assustada. Por que uma mãe seria assim tão horrível para uma filha? Vanessa é extremamente adorável.
— Ah, talvez você possa me emprestar sua mãe — disse sorrindo.
Apesar de as aulas somente começarem em dois dias, tudo na universidade estava funcionando, morávamos ali, afinal de contas. Fui jantar e Vanessa me acompanhou, ela sabia de tudo, naturalmente. Ela não parou de falar nem um minuto quando sentamos no refeitório. Eu me servi com uma maçã, suco em lata e macarrão com queijo. Não estava tão ruim quanto pensei que fosse.
O refeitório era como qualquer outro, como qualquer um que você assiste em filmes e séries de IV Várias mesas azuis retangulares de no máximo dez pessoas eram postas aqui e ali até o salão ficar lotado. Era tipo buffet, você escolhia o que queria e ia se sentar. Naquele dia o refeitório não estava necessariamente lotado, mas até que havia bastante gente.
— Aquele garoto, o de moletom vermelho, é meio feinho, mas é muito simpático e faz tudo o que você pedir — ela dizia enquanto eu comia e olhava para o menino de quem ela estava falando.
— Aquela guria somente entrou aqui porque os pais são ricos de morrer — Vanessa disse olhando para uma menina super bem-vestida com chapinha nos longos cabelos loiros e perfeitos.
— Minha irmã não está aqui ainda, mas quero muito que você a conheça. Enquanto isso, aquele é o namorado dela, o nome dele é Jason — ela deu um grande assovio que chamou a atenção de quase todos naquele ambiente e acenou para Jason, que olhou para ela com um sorriso. Eu podia ver que ele estava um pouco envergonhado com aquela atitude de Vanessa, mas o modo como ele sorriu para ela não notar foi uma grande atitude. Ele parecia ter uns 24 anos e era muito charmoso, cabelos castanhos-claros e bem encorpado. Não consegui decifrar a cor de seus olhos por ele estar a umas quatro fileiras da gente.
— E lá está o Joe sentado com várias garotas, é claro — Vanessa disse olhando por cima de meus ombros, e eu me virei para observar. Não havia visto o seu rosto quando ele esbarrou em mim, afinal de contas.
Joe era bonito sim, com toda a certeza. E acho que bonito era pouco para ele. Ele tinha um ar à la Tom Cruíse, mas Joe possuía olhos de mel muito, muito claros. Eu podia dizer que ele era alto, somente vi seu ombro quando ele esbarrou em mim.. E era musculoso, como aqueles caras que ficam em academias quase o dia todo para impressionar as gatinhas.
Enquanto o observava com as garotas e amigos, nossos olhos se conectaram por alguns segundos.. Eu me virei ligeiramente, mas podia sentir seus olhos cravados em minhas costas.
— Ah lindo mesmo — disse uma Vanessa sonhadora dando inúmeros suspiros.
— Vanessa, come e para de ficar aí suspirando — pedi como se fôssemos amigas desde sempre, mas ela me obedeceu.
Era tarde da noite e eu encarava o teto. Vanessa dormia tranquilamente na cama ao meu lado. Ela não roncava, apenas respirava em um modo esquisito e singular. Eu quis dormir, até tentei deitar de barriga para baixo e fechar os olhos, mas tudo passava a mil por hora em minha cabeça.
Estava longe de casa, longe de meus pais pela primeira vez, e pronta pata encarar uma jornada sozinha. A minha jornada era apavorante. Podia ser tarde da noite, mas em universidades isso não significava nada. Havia uma festa em algum lugar do prédio, dava para ouvir a música do meu quarto e eu ouvia vozes no corredor quase a cada nano segundo. Eu estava acostumada com silêncio profundo na hora de meu sono.
Ouvi um baque em minha porta e me sobressaltei. Olhei para Vanessa, que dormia pacificamente. Decidi ver o que havia sido aquilo, calcei meus chinelos e fui até a porta. Quando a abri, um garoto que estava sentado diante da porta caiu sobre minhas pernas, indo ao chão. Mas ele não estava apenas sentado, ele estava dormindo, Ajoelhei-me ao seu lado e lhe dei um leve tapa na cara para acordá-lo.
— Acorde, Joe — eu disse.  Por que eu fui logo pensar em abrir aporta?, pensei. Tentei chamá-lo novamente e ele começou a gemer.
Agarrou-se em minha perna, e quando tentei tirá-lo fui eu que caí para trás, batendo a cabeça na porta aberta. Arfei de dor e foi aí que ele acordou.
— O que aconteceu? — ele perguntou enquanto se sentava, totalmente acordado. — Por que estou aqui com você? — perguntou novamente, só que agora parecia constrangido.
— Você se atirou na minha porta, seu idiota. Quando vim ver o que era, você caiu em cima de mim e ainda por cima me atacou me fazendo bater a cabeça — respondi à sua pergunta ainda com a mão na cabeça, sabia que ali ficaria um galo logo, logo. E chamei Joe de idiota porque ele simplesmente me viu gemer de dor e não disse nada, nem um pedido de desculpas.
— E o que eu estava fazendo aqui, garota? — perguntou ele ainda sentado em meu chão, praticamente dentro de meu quarto, no vão da porta aberta.
— Como é que vou saber, foi você quem me acordou.
— Eu com certeza não iria parar aqui de propósito com você — ele disse agora se levantando, e eu fiz o mesmo.
— Como assim não iria parar aqui de propósito comigo? — perguntei aos sussurros, boquiaberta.
— Está na cara que você é uma santa, que está aqui para ser uma professorinha no futuro — ele começou a olhar meu corpo rechonchudo e frágil com a bermuda curta e uma blusa com o símbolo de superman , e percebi que ele estava fantasiando sobre mim.
— Para sua informação garoto, eu estou aqui para ser médica — afirmei cruzando os braços, e ele fez uma cara de surpresa e começou rir.
— Isso quer dizer que irá cursar Medicina. Uau, eu queria muito estar aqui para ver isso acontecer, mas eu mesmo vou ser médico em poucos anos. Com certeza passarei aqui para ver como você estará indo — disse ele debochando, assim como todo mundo fazia. Por que ninguém me leva a sério? — quase gritei com muita irritação, mas antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa eu apontei para fora e disse:
— Saia, agora — ele bufou, revirei os olhos e saiu de meu quarto.
Fechei a porta e ele bateu fortemente, fazendo Vanessa saltar da cama.
— O que está acontecendo? — perguntou ela, ainda de olhos fechados.
— Nada, volte a dormir. Foi apenas um idiota na porta — respondi e fui diretamente para minha cama. Tapei-me até a cabeça e tentei lavar todos os meus pensamentos e os sentimentos daquele momento. Não demorou muito até eu cair num sono profundo.


XOXO Neia :-)
Então que acharam?? Espero os vossos comentários e POR FAVOR ajudem a divulgar o blog...kiss